O Tarô da Morte (2024) | Crítica

O Tarô da Morte, ou Tarot, é um lançamento de 2024 do gênero de terror/comédia. Inspirado minimamente na obra de 1992, “Horroscope” de Nicholas Adams, conta no elenco com Harriet Slater, Adain Bradley, Avantika Vandanapu, Wolfgang Novogratz, Humberly González, Larsen Thompson, Olwen Fouéré e Jacob Batalon. Está disponível no Brasil pela Amazon Prime Video.

No filme um grupo de amigos encontra um antigo jogo de tarô na casa onde estão hospedados. Mesmo com o alerta de Haley (Harriet Slater) de que realizar uma leitura com baralho de terceiros pode dar azar, eles insistem na brincadeira e recebem as cartas correspondentes a seu horóscopo e personalidade.

De volta à cidade, as assustadoras criaturas do tarô começam a caça-los um a um.

Se “O Tarô da Morte” era uma produção com potencial inovador ou estava fadado a ser medíocre desde o início é questionável.

O conceito, mesmo partido de uma fórmula batida (objetos amaldiçoados), é interessante: uma maldição teoricamente impossível de escapar que usa da personalidade de cada personagem tanto como ameaça quanto defesa. Infelizmente, o filme sofre do mal comum de subestimar a inteligência do público.

Uma maioria consideraria óbvio que a carta determina a forma como os personagens morrerão. Entretanto, quando se encontram em uma situação de perigo, ouvimos as palavras ditas em sua leitura– o filme não dá espaço para sutileza ou permite a quem assiste fazer a conexão entre as coisas, repetindo as previsões como se fosse um conceito muito complexo e original para ser entendido sem ajuda.

Por essa razão, houve poucos momentos em que conseguiu surpreender com seus acontecimentos, tornando, também os erros dos personagens ainda mais frustrantes de acompanhar.

Muito desse filme parece simplificado, a um ponto que deixa de ser parte do “conceito” e se torna um tanto preguiçoso. A explicação da maldição é sem graça, uma tentativa sem esforço de aprofundar uma história extra e criar uma nova resolução para o problema dos protagonistas. Seria infinitamente mais interessante e enervante para o espectador ser mantido com a dúvida se o vilão é invencível e sobre como escapar de suas armadilhas.

Com isso temos um confronto final com poucos riscos e uma revelação ridícula que provavelmente é a razão de ter como gênero comédia além de terror.

Mesmo com uma longa lista de críticas, a produção ainda tem seus méritos, a começar pelas criaturas. Saídas da mente de Trever Henderson, as cartas ganham vida de forma satisfatoriamente sinistra e coerente com seus significados. O design respeita a classificação indicativa do filme sem deixar de ser assustador.

Talvez o mais intrigante ponto positivo seja o potencial de entretenimento. Há algo de muito divertido e eficaz nessa fórmula batida: ficamos ansiosos para levar sustos e saber como as criaturas irão capturar suas vítimas e chega a ser engraçado reclamar do quão sem sentido são as decisões dos personagens.

Com todos os clichês imagináveis do gênero e um conjunto de personagens caricatos e convenientemente burros, O Tarô da Morte é um filme que só pode ser aproveitado pelos espectadores com expectativas baixas.

Pode ser uma boa escolha para os que têm receio de alguns elementos do gênero: apesar da tensão e o visual macabro das criaturas, os sustos são óbvios e não muito eficazes, e as mortes não são mostradas de forma tão detalhada e sangrenta.