Ordem dos Clarividentes é o segundo livro da série Bone Season, da autora Samantha Shannon. A publicação é da Fantástica Rocco em 2017.

*Essa resenha contém spoilers do livro anterior

Sobre o Livro

Paige Mahoney conseguiu escapar da Sheol I ao lado de alguns poucos fugitivos e de seus amigos dos sete selos que apareceram para ajudar. O problema é que não é necessário só isso para estar a salvo, e agora ela é a pessoa mais caçada em Scion. Pra piorar, uma nova medida é anunciada: a implantação do “senscudo”, detectores em hospitais, escolas e todos os locais que ofertam serviços para que nenhum clarividente passe despercebido.

Mas, entre os problemas de Paige, outro que se sobre sai é o fato de que ela precisa decidir o que fazer a respeito dos Sete Selos e de Jaxon Hall. Como sua braço direito e andarília onírica, ele a quer de volta, mas a jovem não está assim tão disposta a retornar à sua posição. A situação é que se ela não estiver com Jaxon, estará contra ele e Paige realmente não precisa de mais problemas.

“Palavras dão asas até mesmo àqueles que foram pisoteados, arrastados além de toda esperança de conserto.”

Enquanto tenta manter todos a salvo, não ser capturada e decidir qual o melhor passo a ser dado, ela também se preocupa com o paradeiro do Mestre e uma possível invasão rephaite, já que ninguém parece acreditar que eles sejam uma ameaça real. Só há algo que pode por Mahoney em posição de ser ouvida, que é uma Assembleia Desnatural, mas quão longe ela vai ter que ir para que uma seja convocada?


Minha Opinião

Temporada dos Ossos foi uma confusão mental. A ambientação do livro era caótica, havia muita coisa a ser absorvida e tenho certeza que deixei passar várias coisas em função disso. Mas, diferente dele, A Ordem dos Clarividentes está mais conciso e alinhado, sem ter também alguns defeitinhos. O principal ponto é que a autora deixou de lado toda a classificação que insistia em retomar toda vez que inseria um novo personagem, pra dar mais atenção à história em si, não sendo mais necessário compreender exatamente a habilidade de cada pessoas pra entender o seu papel na trama.

Sem todo aquele mar de informação a narrativa deveria ficar mais leve, porém a primeira metade do livro é, na verdade, bem massante. É um período de preparação para a real ação e deixou a leitura lenta e até um pouco desinteressante, pois há uma lentidão nos atos e uma indecisão por parte de Paige. O que salva é o fato de termos algumas explicações específicas que ajudam a ambientar ainda mais, sem ser somente via terminologias soltas.

“A clarividência nem sempre existiu, então.”

Não estando mais tão perdidos é mais fácil aproveitar a história, e é por isso que queremos ver as coisas acontecendo logo. Dentre essas coisas, quero ressaltar que achei a sinopse com um certo spoiler e fiquei o tempo todo esperando que aquilo acontecesse. Conforme o livro andava, me dei por conta que seria parte do final e não do começo do livro, o que o tornou com menos “graça” do que deveria. Então, caso você ainda não tenha lido, pule a sinopse.

Paige parece mais alinhada também. No primeiro livro o “Mestre” a estragou um pouco e ela foi bem linear e previsível em seus ator bancando a “rebelde”. Aliás, é possível ver o quanto ela ficou marcada, pelo fato de seguir chamando ele de mestre mesmo depois de estar livre. Essa nomenclatura e a relação deles me incomodou muito em Temporada dos Ossos e ver isso trazido aqui fez com que eu revirasse os olhos profundamente. Porque, diabos, você segue chamando o Arcturus assim? Chame pelo nome, ele não é mais seu dono. Acho que isso, junto com Jaxon Hal, mostra a sua única grande incoerência nessa história. Afinal, do mime-lorde ela está de saco cheio, mas o outro segue sendo mestre. Vai entender (sim, é uma questão de boba apaixonada, mas não quero entrar muito nesse tópico, pois romances assim me deixam irritadíssima).

“Arcturus Mesarthim pertencia aos salões de Magdalen, a cortinas vermelhas, conversas e músicas de um século atrás à luz de lareira. Era quase impossível imaginá-lo andando pelas ruas de Londres.”

E aqui finalmente entendemos melhor como funciona essa organização do submundo que é dividida por áreas e líderes mime-lordes. Aliás, o grande foco desse segundo volume fica em compreender essa estrutura e como ela deveria ser usada na luta que está por vir. Enquanto houve grande foco nos Rephaim em Temporada dos Ossos, aqui nos voltamos para os Clarividentes que resistem, protegem e comandam aqueles que tem o dom.

Eu gostei bastante da construção de mundo do primeiro livro porque ela era bem diferente, apesar de confusa. E aqui foi muito mais fácil caminhar pela história, como se eu já conhecesse esse universo que me deu tantos nós no primeiro volume. Acho que há um amadurecimento na escrita da autora também e no direcionamento do que é mais importante focar. Essa trama também não está assim tão previsível, apesar de ainda pecar um pouquinho, mas já podemos tomar algumas leves surpresas no decorrer da história.

Fiquei mais empolgada para o terceiro livro do que estava para esse segundo. The Song Rising já saiu lá fora e deve chegar ao Brasil em 2018. O ponto de vista segue em Paige e ficamos mais próximas da protagonista aqui. Ela ainda é um pouco impulsiva, mas parece mais comedida também em saber com quem precisa jogar para alinhar sua estratégia. Como mencionei, a primeira metade do livro é bem lenta, mas o fim é eletrizante e queremos correr pelas páginas para encontrarmos o desfecho final.

Essa é supostamente uma série longa, mas que por enquanto tem valido a pena. Se você curtiu Temporada dos Ossos, vale super a pena dar continuidade e um passo a frente nessa história. O que espero do próximo livro é realmente preparação para o início de uma guerra, se não ela si. Já que o que vimos em A Ordem dos Clarividentes foi uma preparação do terreno para que as peças importantes tomassem seu lugar.

A ORDEM DOS CLARIVIDENTES

Autor: Samantha Shannon

Editora: Rocco

Ano de publicação: 2017

No segundo volume da série Bone Season, uma fantasia distópica com toques paranormais, Paige Mahoney escapou da colônia penal Sheol I e é a pessoa mais procurada de Londres. Ela é uma andarilha onírica, um dos tipos mais raros de videntes, que são uma realidade na Inglaterra em 2059, mas nem por isso deixam de ser marginalizados e perseguidos pela sociedade. Com a comunidade clarividente dividida por segredos obscuros e ameaçada pelos Rephaim, Paige deve seguir em frente, até que o destino de Scion, e o seu próprio, seja decidido.

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