Os Seis Finalistas é uma ficção científica young adult escrita por Alexandra Monir e publicada no Brasil em 2018 pela editora Jangada.

SOBRE O LIVRO

Após inúmeros sinais ignorados, as mudanças climáticas enfim mudaram o planeta Terra completamente. Inundações, pestes, furacões e todo o tipo de desastre acontecia com enorme frequência, e grande parte das cidades costeiras acabaram embaixo d’água.  Diante do provável fim do mundo, as principais agências espaciais mundiais se uniram em um projeto audacioso e ambicioso: a colonização da lua Europa, em Júpiter, que apesar de ter a superfície congelada, esconde por baixo grande quantidade de água e crosta possivelmente habitável.

Para dar cabo ao programa, 26 jovens, dentre os milhares analisados, seria selecionados para a missão. Destes 26, apenas os seis mais bem dotados e brilhantes seriam de fato selecionados. Leo e Naomi estão dentre os primeiros 26 a serem selecionados, mas cada um apresenta uma visão diferente desse programa. De um lado, Leo vê na missão a chance de recomeçar a vida após perder todos os parentes para as inundações. Já para Naomi, os governos escondem a verdade sobre Europa e estão enviando humanos para uma missão suicida.

“Os outros podem ser os heróis, os pioneiros do espaço. Eu tenho algo mais importante: um lar.”

Ao chegarem do CTEI, o espaço de treinamento e seleção, Leo e Naomi se juntam aos demais selecionados, alguns amigáveis, outros nem tanto. Enquanto os testes, provas e treinamentos são realizados, Naomi forma algumas alianças confiáveis e buscará – de modo discreto – encontrar toda a verdade em que acredita existir. Porém, quanto mais competitivo se torna o programa, mais perigoso fica para eles se manterem a salvo, enquanto que eventos estranhos trarão à tona informações e segredos tão perigosos quanto os que Naomi imagina.

 


MINHA OPINIÃO

Quando se pensa em livros e/ou filmes sobre colonização espacial, quase sempre nos vem à mente ou Marte ou mesmo planetas em um sistema estelar diferente do nosso. Mas nos últimos anos, na vida real, um astro do próprio sistema solar vem ganhando cada vez mais olhares e cobiça: a lua jupteriana, Europa. Após ser confirmado que por baixo de sua crosta há um imenso oceano de água líquida, a crença de vida extraterrestre aumentou. Talvez seja ali que encontremos nossos vizinhos… ou mesmo que colonizemos num futuro não tão longínquo.

Usar Europa como mote para o livro já proporciona muitos pontos positivos à autora. Primeiro porque foge do clichê “colonizador de Marte”. Também torna irrelevante simular uma tecnologia irreal de viagem espacial. Sendo assim, com a lua próxima de nós, a trama ganha estabilidade e se torna mais crível. Além do mais, Europa ainda é um astro pouco conhecido, logo, as chances de haver ali mistérios e perigos para nós humanos são ainda maiores.

“Há algo um pouco assustador em ver o lugar onde seis de nós serão forçados a viver e morrer – pairando lá em cima como apenas uma manchinha no céu.”

A narrativa é feita em primeira pessoa através de dois personagens: Leo e Naomi. Ambos são adolescentes, vivem realidades diferentes, mas foram selecionados para o mesmo projeto. Interessante a escolha destes dois personagens em questão, pois parecem funcionar como uma balança. Enquanto um é mais emotivo, outro é mais racional; enquanto um acredita, outro desconfia. Um quer fugir da Terra, outro quer ficar. É um jogo que funciona bem ao longo da trama e dá leveza à história.

Leo é um excelente nadador, talvez o melhor em preparo físico de toda a Itália, ou do que restou dela. Mas sua vida é cravada por dor e sofrimento. Perdeu toda a família nos alagamentos, quando Tsunamis vieram sem aviso prévio. Sozinho e triste, ele pensa até mesmo em acabar com sua vida e se juntar aos seus entes queridos. Mas quando é selecionado para o programa, uma chama se ascende em seu peito. Seria a chance de recomeçar, esquecer a tragédia e recomeçar em outro lugar, ser um herói para a humanidade. O jovem não sabe muito sobre o programa, mas acredita fielmente que ele fará bem à nossa espécie.

Por outro lado, Naomi é uma excepcional cientista americana, com descendência iraniana. Já ganhara inúmeros prêmios escolares e até havia criado um potente telescópio que, se não fosse as catástrofes ambientais, teria ajudado a aprimorar as pesquisas científicas e espaciais. Mas ao contrário de Leo, ela tem família, e ser tirada deles é sua pior dor. Ela não quer participar do programa, quer ficar ao lado do irmão, que há muito doente, pode morrer em qualquer momento. Além disso, a garota não acredita na missão e desconfia dos reais propósitos do governo. Para ela, ir para Europa é uma missão suicida.

“Por que tanto segredo? Por que estamos confinados em apenas quatro espaço neste campus enorme? O que eles estão escondendo?”

Por ser o primeiro livro da trilogia, o foco em Europa é mínimo e a trama é mais concentrada nos testes e treinamentos que os 26 selecionados são submetidos no centro da NASA. Enquanto eles são avaliados, algumas alianças vão se formar e também alguns inimigos vão surgir. O romance adolescente até dá as caras, mas não chega a ser incômodo (ponto para a autora). Além disso, alguns segredos e problemas vão surgindo ao longo do treinamento, criando um suspense cada vez maior em torno da missão à lua.

Porém, percebi que a autora acabou entregando muito as pistas logo de cara, e o suspense que poderia ser maior e de fato bem amarrado acaba se tornando óbvio em grande parte da narrativa. Antes mesmo de os personagens compreenderem o que se passava, eu já tinha sacado os lados que cada uma das ações estava tomando. Isso tornou a narrativa menos interessante do que parecia ser, o que é uma pena. Em alguns momentos, inclusive, onde algumas coisas deveriam ser melhor explicadas, simplesmente é passado batido e uma sensação de peças faltando fica no ar. Talvez esse detalhe seja intencional, mas somado com as pontas que foram entregues, parece mesmo descuido narrativo.

“Na verdade, às vezes acho que é exatamente isso que a ciência é: a magia que procuramos em histórias, sem nos darmos conta de que ela existe em todas as invenções e criações que nos rodeiam.”

Apesar dos altos e baixos, eu fiquei bem curioso para saber o que vai acontecer nas edições seguintes. Perto do final a tensão aumenta, principalmente entre o personagem Leo e um outro finalista que, ao que parece, está disposto a fazer qualquer coisa pra se manter na disputa. Fora isso, há uma reviravolta, ainda que também óbvia, que aumenta ainda mais a curiosidade para saber como tudo vai seguir. Tudo indica que o a trama caminhará para algo parecido com um space opera.

O livro já teve os direitos vendidos para o Sony Pictures e ao que parece já está em fase de produção. Pode ser que demore ainda um bom tempo para a adaptação chegar, mas é bem provável que quando acontecer, eu estarei lá para assistir. No mais, fica a dica para quem gosta de uma ficção científica / suspense leve, com jovens competindo e com conspirações envolvendo governos. Parafraseando Arquivo X, “a verdade está lá fora”, e tanto Leo quando Naomi não fazem ideia do perigo que essa verdade trará à raça humana.

OS SEIS FINALISTAS

Autor: Alexandra Monir

Editora: Jangada

Ano de publicação: 2018

Mudanças climáticas tornam nosso planeta inabitável, as grandes cidades do mundo estão debaixo d’água. Num último esforço para encontrar um novo lar para a humanidade, a Missão Especial mais audaciosa da história é lançada: a colonização de Europa, uma das luas de Júpiter. Agora, no Centro de Treinamento Espacial Internacional (CTEI), 24 adolescentes brilhantes foram recrutados e se preparam para disputar seis vagas na equipe que deixará para sempre a Terra carregando o futuro da raça humana. Leo, um nadador italiano profissional, não vê a hora de encarar esse desafio, depois de perder a família inteira numa inundação. Já Naomi, uma americana de ascendência iraniana – e gênio da ciência -, tem muitas suspeitas com relação ao CTEI, após uma missão semelhante falhar em circunstâncias misteriosas. Na medida em que o treinamento testa os limites de cada um e a tensão aumenta entre os astronautas, a amizade dos dois se torna essencial para enfrentarem o que está em jogo: a humanidade, a Terra e suas vidas.

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