Pollyanna é uma adaptação de um dos livros mais clássicos da literatura infanto juvenil, de mesmo título, da escritora Eleanor H. Porter, dirigida por David Swift e distribuída pela Walt Disney. O livro teve sua publicação em 1913 e, devido a sua temática atemporal, continua sendo um sucesso mesmo 105 anos depois. Algumas adaptações foram feitas, mas além dessa de 1960 que vos falo, existem outras duas que merecem ser mencionadas, que é a da BBC, de 1973, que conta com duas partes de quase 3 horas cada uma, e que por trechos do que eu já assisti, parece ser a mais fiel ao livro, tanto em diálogos e personagens, quanto demais cenas e locações; e também a adaptação musical chamada Polly, de 1989, que conta com um elenco afro-americano.

Pollyanna é uma menina de 11 anos que fica órfã e ao invés de ir para um orfanato, acaba indo morar com sua rica e Tia Polly, uma mulher completamente amarga e ranzinza, que só aceita ficar com a guarda da menina porque entende aquilo como um dever, embora o cumprisse com tamanho desgosto. A unica bagagem que a menina leva para seu novo lar é uma penca de vestidos feios e velhos de segunda mão, que a tia, instantaneamente, já mostra repugnância. Além dos vestidos, ela também carrega algo muito valioso consigo, mas não o traz em sua malinha, e sim em seu coração, que nada mais é do que o Jogo do Contente, um ensinamento valioso que aprendera com o pai.

Esse Jogo do Contente consiste em achar uma coisa boa em meio a uma situação ruim e difícil. O pai da menina inventou esse jogo após ela ter pedido uma boneca e ter recebido da caridade uma caixa com muletas dentro. Extremamente decepcionada, o pai, iniciando o jogo, lhe disse: “Pense pelo lado positivo, Pollyanna, pelo menos você não precisa usar muletas”. Com essa atitude, o pai a fez prometer que sempre jogaria esse jogo e ensinaria-o a quem quisesse aprender. Logo, para ela, esse jogo se tornara um hábito que contagiava as outras pessoas, pouquinho a pouquinho, até que elas passavam a ver o mundo e a lidar com as situações como Pollyanna: de forma alegre e otimista.

Avaliando esse filme como uma adaptação, ela pode ser bastante insatisfatória para aqueles que, assim como eu, têm Pollyanna como um de seus livros prediletos. E isso se dá por algumas razões, como por exemplo, ter acrescentado personagens à história, além de ter modificado a personalidade dos já existentes, principalmente a de Pollyanna; a ter ocultado alguns acontecimentos e ter modificado drasticamente o curso de alguns fatos e a execução de outros. Resumindo, quando você assiste ao filme, fica esperando pelas cenas do livro e normalmente se decepciona ao não vê-las, ou vê-las de modo bastante diferente.

A ideia central do livro, no filme, é passada de forma bastante superficial e até mesmo irreal e fantasiosa, quase como se fosse impossível ser real esse contagio de felicidade. E a alteração de fatos e diálogos, infelizmente, só precarizou ainda mais. O filme possui quase duas horas e meia e no livro não tem muitos eventos, então, eu acredito que daria muito bem para usar esse tempo para ter feito uma adaptação mais fiel, ou pelo menos mais profunda na mensagem forte que a história proporciona.

Os piores defeitos em meio à adaptação fora a mudança da personalidade de Pollyanna e o modo como não fora enaltecido o Jogo do Contente, que se encontra presente em TODAS as páginas do livro e atitudes da garota, mas no filme pouco o vimos presente em suas atitudes. No livro, Pollyanna é uma garota extremamente feliz, otimista, obediente e em todas as suas conversas com os demais, deixa evidente o tal do Jogo do Contente. No filme, se vê uma Pollyanna mandona e histérica que acaba falando umas frases de efeito de vez em quando para externalizar o otimismo resultante do jogo.

Agora, avaliando o filme como algo independente, sem atentar aos “detalhes” da adaptação, não posso dizer, de jeito nenhum, que é um filme ruim, muito pelo contrário! A premissa da história, por mais que tenha sido um pouco alterada, ainda assim, é muito boa, relevante e emocionante! Por mais que tudo tenha sido trabalhado de forma rápida, caricata e até mesmo superficial – eu diria -, dá para quem não leu o livro captar a mensagem, porém não com tanta intensidade. Eu até me atrevo a dizer que o filme é bastante esquecível, mas o livro, inesquecível! No filme, achamos Pollyanna uma graça de menina, mas só, já ao ler o livro, sentimos vontade de ser como ela!

As qualidades técnicas que abraçam essa história só tem a ser parabenizada! Logo no início do filme já percebemos o estilo impresso da Disney de antigamente e, a partir daí, já sabemos que vamos assistir algo completamente bonito, colorido, e bem produzido em todas as suas diversas formas! São quase duas horas e meia que vão passar sem que você perceba, e parte desse entretenimento majestoso se deve a Hayley Mills, atriz que interpretou Pollyanna que, na época, tinha apenas 14 aninhos. O trabalho de Hayley foi tão impecável, tão satisfatório, que em 1961 recebeu o Oscar de melhor atriz juvenil por esse papel. Aliás, ela foi a última a receber o Oscar infantil, depois disso essa categoria foi encerrada (infelizmente!). Os demais atores e atrizes cumprem seu papel, uns de forma ótima, outros nem tanto, mas nenhum merece tanto destaque quanto Hayley.

Embora Pollyanna seja considerado um clássico infanto juvenil, não se engane achando que é apenas para o público infantil, pois além de ser um ensinamento valiosíssimo aos pequeninos, é uma lição ainda maior aos adultos, principalmente àqueles que esqueceram que a vida não é, não pode e não deve ser tão difícil, independente do que esteja acontecendo. Mas se posso dar um conselho, deem prioridade ao livro!

POLLYANNA

Diretor: David Swift

Elenco: Hayley Mills, Jane Wyman, Richard Egan, Nancy Olson, Kevin Corcoran e mais.

Ano de lançamento: 1960

Pollyana é uma pequena órfã que ilumina a vida de todos que a conhecem. Sua tia Polly, preocupada com aparências, política e posses, tem problemas em aceitar a alegria da sobrinha. Somente quando a cidade quase perde a sua habitante mais querida, é que tia Polly entende a importância do amor e da esperança.

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