Da autora Manuela D’Ávila, Por Que Lutamos? foi publicado após as eleições, em 2019, pela Planeta.
Sobre o Livro
Manuela já foi candidata a presidência e depois a vice-presidência chegando a segundo turno nas eleições junto com sua chapa. Desde então ela passou a ser muito mais conhecida por admiradores e opositores a ela. Junto a isso, uma grande onda de pessoas passaram a fazer ameaças contra ela e sua família.
“Quanto mais próximas andarmos, mais alto ecoará o barulho de nossos passos.”
Dos vários anos de experiência na política como parlamentar, Manuela observou diversos problemas sociais, principalmente aqueles envoltos na mulher. Por isso, Por Que Lutamos? é um livro sobre amor e liberdade, feminismo e emponderamento feminino.
Neste livro você encontrará uma conversa franca com Manuela, onde ela vai compartilhar desde problemas que inúmeras mulheres passam até questões pessoais que a tornara mais forte para seguir com sua vida, seus princípios e posicionamentos. Não é por pouco que ela já conseguiu chegar tão longe na política mesmo sendo ainda bem jovem.
Minha Opinião
Quando comecei a ler o livro, mesmo não sendo uma mulher, pude compreender que o diálogo que Manuela constrói é de mulher para mulher, e talvez mais especificamente, de pessoas que são constantemente abusadas e assediadas na rua. Porém, quando você está disposto a ouvir as pessoas falarem, este livro acaba sendo um convite para conhecer melhor as experiências de mulheres brasileiras como Manuela.
Há sim inúmeros problemas que tornam a vida das mulheres algo extremamente delicado em nossa sociedade. Há muita violência específica contra a mulher, desde ambiente doméstico até nas ruas, bares e diversos locais. O medo é vívido e cada mulher que sentiu este medo ao menos uma vez entende a sua semelhante devido ao contexto social extremamente violento. Não é atoa que as mulheres no Brasil acabam tendo um passado em comum: o medo de serem assediadas, violentadas, violadas, sofrerem coerção psicológica, o medo da gravidez indesejada e até a própria violência nas suas casas.
“Se não mudarmos a cabeça de mais nenhuma pessoa o mundo seguirá como é hoje.”
Não podemos negar que as mulheres no Brasil enfrentam grandes obstáculos. Manuela se permite contar um pouco de seus obstáculos quando se sentia constantemente com medo e receio de algo ocorrer a ela. E este livro consegue trazer esta conversa franca.
Ela não fica só nisso, claramente. A autora chega a abordar questões sociais como feminismo, LGBT+ e racismo, dando mais destaque ao feminismo, ponto chave do livro. Ela até se dedica a falar de forma muito simplista sobre as vertentes feministas, deixando o leitor a par do conhecimento básico acerca deste campo de estudo e fazendo um convite para se aprofundar mais.
“É preciso falar sobre o que vivemos para que não nos sintamos sozinhas.”
Outro ponto interessante que o livro tras está ligado às quebras entre os capítulos que é dedicado aos leitores para escreverem um pouco sobre suas descobertas, sentimentos e experiências. Claro, esta parte está muito direcionada para as mulheres.
Não sou uma pessoa que concorde com seus posicionamentos ideológicos e políticos por inúmeros motivos. Porém, o importante nesta obra não é a política em si, a posição dela ser marxista ou até dela ser de um partido X que só um nicho de pessoas apoiam. O importante aqui é podermos escutar suas experiências e reflexões que talvez nos possam colocar para pensar e contestar o mundo que vivemos hoje. Afinal, se há violência é por que, todavia, há imperfeições em nós mesmos.
POR QUE LUTAMOS?
Autor: Manuela D’Ávila
Editora: Planeta
Ano de publicação: 2019
Um livro sobre feminismo. Através do olhar amoroso, da acolhida generosa, do entendimento de que este é um assunto de todas, todos, todxs nós. Não pretende ser uma bíblia do feminismo, mas sim, uma conversa, um abraço, um ponto de apoio, um boas-vindas pra quem acaba de chegar, um “que bom que você está aqui” pra quem já anda cansada de lutar. Escrito em tom de conversa, traz referências, sugere reflexões, desfaz o medo. Sin perder la ternura.
