Por Trás de Seus Olhos é uma mini-série de suspense original Netflix, lançada em fevereiro de 2021, criada por Steve Lightfoot e dirigida por Erik Richter Strand. Ela adapta o livro de Sarah Pinborough, de mesmo nome.

Louise (Simona Brown) trabalha como secretária e vive sozinha com seu filho. Cansada da rotina de trabalho e casa, ela decide sair uma noite para se divertir e em um bar acaba conhecendo um homem que a atrai não apenas fisicamente. Após um beijo, ele se vai dizendo que não pode fazer aquilo. Ao chegar no trabalho no dia seguinte, Louise descobre que seu novo patrão, David (Tom Bateman), é o homem da noite passada, e o mesmo é casado.

Mesmo sabendo não ser correto, e tentando evitar inicialmente, os dois se aproximam e acabam se tornando amantes. Acidentalmente Louise esbarra na rua com Adele (Eve Hewson), esposa de seu amante, a qual a convida para um café, e a partir disso desenvolvem uma amizade sem que David saiba. Aos poucos, Louise começa a perceber que há algo de muito errado nesse casamento.


Essa primeira parte é sem spoiler. Assim que eles começarem, você será avisado, então caso não tenha lido ou assistido, pode continuar com a leitura tranquilamente.


Irei começar esse post sendo bem sincera para não haver surpresas depois: Eu não gosto muito do livro, e o motivo para tal é o mesmo que faz muitas pessoas amarem, o plot twist.

Em minha opinião, o caminho que Sarah Pinborough escolheu percorrer não foi uma boa decisão, sendo que a grande reviravolta não faz sentido nenhum dentro da construção do livro. Assim, eu esperava que a forma que escolhessem para construir a série criasse um contexto melhor para o grande segredo da história e, apesar de ser bem fiel, a adaptação me entregou isso e assim, para mim, a série é melhor que sua obra original.

Faz algum tempo em que realizei a leitura então as coisas não estavam tão frescas na minha memória, mas conversando com algumas pessoas e revisitando algumas partes do livro a série se mostrou bem fiel, como já citado, e fizeram boas escolhas para adaptar detalhes que funcionam de forma diferente escritas e visuais, como conversas de Louise com uma amiga (que não Adele), a qual existe na obra original, porém algumas das coisas expressadas por Louise eram apenas pensamentos no livro.

Se para você a fidelidade na aparência dos personagens é importante, então isso será um grande problema, porque em questões físicas os autores são completamente diferentes, sendo que Louise é descrita como loira, e David como “quase loiro” e de olhos azuis. Entretanto, eu não faria nenhuma mudança nesse aspecto, uma vez que o elenco é excelente, apresentando uma atuação espetacular, digna de elogios.

É nítida a diferença da personagem Adele, mais jovem, no período em que ela estava internada em um hospital psiquiátrico, ainda noiva de David, sendo uma garota amável para a Adele atual, dez anos passados (pelo menos na série), agora mais fria e calculista, mas ainda demonstrando ser uma esposa que só deseja que o marido ame-a.

No entanto, para mim, o destaque fica com Simona Brown (Louise), sendo que é impossível não perceber a mudança da personagem antes e depois do plot twist. Essa atuação é tão boa, que tal transformação chegou a me assustar. Eu diria que é outra pessoa interpretando se o fato de eu ver a atriz não provasse que é a mesma (hahaha).

No caso de Louise não é possível entrar em detalhes sobre a mudança da personalidade da personagem no livro, porque a mesma é apresentada de forma diferente, sendo como fala de um personagem explicando ao invés de cenas. Já Adele eu não consigo me lembrar, mas de toda forma, acho que a dela não é tão escancarada como a de Louise, mesmo na série.

Caso você não tenha assistido ainda, recomendo que preste muita atenção em todos os detalhes que passam pela sua tela, porque achei a forma visual que a série encontrou para dar pistas do que está acontecendo criativa e inteligente, sendo um dos pontos que mais gostei. Contudo é necessário estar muito atento, pois se tratam de pequenos detalhes.

Para finalizar a parte sem spoiler, houve circunstâncias do livro que me desagradaram que se encontram na série como a motivação do personagem “vilão” e destaque para um ponto que não acabou em lugar algum. Infelizmente eu não posso aprofundar sobre para não revelar nada, mas se você seguir comigo irei falar mais detalhadamente na próxima parte, com spoilers.


A partir de agora o post conterá spoilers, retomando partes já citadas e dissecando os detalhes das mesmas. Opte por seguir com a leitura por conta própria.


Como disse nos primeiros parágrafos desse post, não acho que o plot twist tenha contexto dentro do livro e isso se da pelo fato de que ele é jogado. Explicando melhor, durante todo o livro temos um suspense/thriller familiar onde parece haver algo de errado na relação do casal, que poderia ser qualquer coisa, mas a autora decidiu colocar um resolução sobrenatural sem nenhum trabalho prévio disso. Pra mim foi extremamente frustrante ler uma história que não tinha nada “diferente” e chegar naquilo… quando o que eu esperava ser entregue era uma resolução palpável ou, no mínimo, um desenvolvimento onde o terreno para aquele desfecho tivesse sido mais preparado.

“Ah, mas e o sonho?”. Sim, a questão dos terrores noturnos e da primeira porta é apresentada durante o desenvolvimento da história, entretanto poderia se tratar apenas de uma técnica de controle para os pesadelos mesmo. Poderia soar estranho, mas ainda não precisaria necessariamente se encaixar em um contexto sobrenatural. A questão da segunda porta e a projeção astral só é apresentando mais perto do desenrolar do desfecho.

Na série, achei o terreno bem preparado, dando pequenas demonstrações do sobrenatural, assim quando você chega ao final já está pronto e dessa forma o plot twist acaba sendo bastante diferente e surpreendente (porque é uma ideia bastante fora do comum). Inclusive, falar que o livro se trata de um suspense sobrenatural é um spoiler, já a série não.

Para finalizar minhas motivações de não gostar do plot twist no livro, irei apontar aqui um detalhe que também está presente na série (afinal, ela é fiel) e é um dos pontos que mais o prejudicaram para mim. A motivação de Rob é forçada, incoerente e sem nexo. Não se ama uma pessoa ou fica completamente obcecada por ela por conta de DOIS dias. E ainda tem o fato que durante todo o livro e série ele ama profundamente a Adele e não para de repetir isso em seu diário e por causa de uma pessoa que nem conhece direito, a mata a sangue frio e em momento algum demonstra remorso.

Também não acredito na possibilidade do diário ser falso, afinal, ele não conhecia o David antes, apenas pelo que Adele falava dele, qual seria a razão de tal fingimento? Também não me cabe a ideia de fissurar-se em alguém apenas pelo que a noiva daquela pessoa fala dela. Eu pensei muito, mas muito mesmo sobre essa questão e abri inúmeras possibilidades e nenhuma delas me convence. Mas estou sempre disposta a ouvir o seu lado, se quiser me falar!

Algo que poderia ser melhorado, pelo menos no quesito paixão de Rob por David, seria, obviamente, eles se conhecerem melhor. Isso poderia ser feito com visitas semanais à noiva no hospital ou até mesmo passarem mais tempo juntos na casa, como um mês, sendo um pouco mais coerente para mim.

Outro aspecto que também achei um ponto negativo em ambas é o incêndio em que matou os pais de Adele. Ele tem razões claras para existir, e também entendo o destaque que ele ganha, acredito que para acharmos que há algo suspeito nele e perdemos o foco de Rob e Adele. O que acho que não se encaixou muito bem foi as notícias que Louise encontra sobre David ser suspeito. Sim, era para que atentássemos a ele, entretanto ele já parecia poder ser o culpado por inúmeros motivos, não havendo a necessidade de inserir uma notícia que dá em lugar nenhum. Novamente uma questão da trama que pode ser frustrante!

O recurso visual que citei na parte sem spoiler se refere as cores das projeções astral. Em primeiro lugar, antes de sabermos da existência dessa “habilidade”, em alguns momentos a série mostra alguns pedaços das cenas em alguns ângulos incomuns, como o pescoço do David, e a imagem fica levemente distorcida. Apesar da ausência da cor, isso já indica que tem algo estranho e depois descobre-se ser o olhar da Adele.

Outro ponto positivo disso, agora envolvendo as cores, é o fato desse recurso ser uma forma bem sutil do telespectador pegar o que está acontecendo, mas bem em cima da hora. Todas as vezes em que aparece a projeção da Adele, a cor é azul, e inicialmente não estamos focados nas cores porque não parece algo relevante… até a cena em que Adele e Rob (Robert Aramayo) fazem isso juntos e a cor de ambos aparecem. Aí, se você for perspicaz, vai notar nas próximas cenas que a cor projeção da consciência da Adele é, na verdade, a de Rob. É claro que o desfecho não fica claro a partir disso, mas agora há um caminho a seguir.

Então, em minha opinião a série não foi perfeita, porque pegou alguns problemas que eu tinha com o livro, mas também melhorou outros aspectos do mesmo. Apesar dos pontos apontados que me desagradaram, eu gostei da adaptação por conta de seu desenvolvimento e ela me entregou o que eu mais esperava: um contexto para o ponto alto da trama.

POR TRÁS DE SEUS OLHOS

Diretor: Erik Richter Strand

Elenco: Eve Hewson, Tom Bateman, Simona Brown, Robert Aramayo

Ano de lançamento: 2021

A mãe solo Louise (Simona Brown) tem um caso com o chefe, o psiquiatra David (Tom Bateman), mas sua vida muda de rumo depois que ela faz amizade com a esposa dele, Adele (Eve Hewson), e se envolve em uma rede de segredos, mentiras e dissimulações.

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