Foi publicado em 2018 pela editora Companhia das Letras com temáticas sobre racismo e feminismo de autoria da filósofa Djamila Ribeiro.

Sobre o Livro

Quem Tem Medo do Feminismo Negro? é um compilado de artigos da filósofa política Djamila Ribeiro, tratando sobre diversos temas em volta do feminismo e dos negros de modo geral.

Os textos presentes relatam assuntos do cotidiano que podem, de forma única, ser úteis para a compreensão da complexidade da violência contra a mulher e contra os negros no Brasil e no mundo. Críticas a diversas figuras famosas que tiveram polêmicas em sua volta são descritas com sinceridade num senso crítico da autora.

Podia-se até queimar o couro cabeludo nos piores casos. A vontade de ser aceita nesse mundo de padrões eurocêntricos é tanta que você literalmente se machuca para não ser a neguinha do cabelo duro que ninguém quer.

Ter medo do feminismo negro é para os que temem a igualdade social e Djamila trará a todo o leitor um pouco de suas experiências como uma mulher negra vítima de uma sociedade patriarcal e machista.


Minha Opinião

Após a leitura do livro pude perceber a ausência de muitos detalhes na vida da sociedade, de um modo geral, a compreensão do racismo e do machismo. Até então de forma superficial entendemos o racismo como um preconceito contra os negros e do machismo o preconceito e inferiorização contra a mulher. Porém esses conceitos estão muito mais além do que imaginamos.

Djamila foi excelente em trazer um livro como este para mostrar a realidade que muitos dos brancos, assim como eu, e homens (como eu também) estão distantes de conhecerem, a vida de uma pessoa negra e principalmente quando se trata de esta ser mulher. Se a mulher já enfrenta uma sociedade de homens abusadores, opressores, diminuidores e dominadores dos meios de mando, imagina quando esta mulher é negra? A vítima do preconceito é recebida em dobro: ela enfrenta o machismo e deverá enfrentar o racismo, também.

O racismo está muito mais além do que só um preconceito: envolve também as relações de poder. É por isso que ela vai mostrando que conceitos como racismo reverso é um conceito distorcido e propriamente racista ao ser usado, pois desconsidera muitos pontos importantes na compreensão do racismo. Da mesma forma ela mostra elementos enraizados no gênero feminino, como os padrões de estética a serem seguidos, como obstáculos que rompem com a sanidade da mulher, fazendo com que ela se submeta a diversos riscos com o único fim de tentar entrar no padrão social estético.

[…] Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder.

No início do livro ela conta de forma breve uma suposta autobiografia do que ela já passou na infância. O uso do ferro para tentar alisar o cabelo, as desigualdades na área de trabalho e muitos outros aspectos que ela irá mostrar de forma dolorosa para qualquer leitor sensível. E quando li esta parte fiquei tão pasmo e indignado comigo mesmo por não ter tido noção, até agora, do que uma imposição social de padrões estéticos podem fazer com uma pessoa.

[…] Pode-se dizer que o objetivo do feminismo é uma sociedade sem hierarquia de gênero, o gênero não sendo utilizado para conceder privilégios ou legitimar opressão.

O livro é perfeito para entender, na perspectiva de uma mulher negra, os problemas sociais que o Brasil possui e os elementos que ainda faz o Brasil um país racista e patriarcal. Cabe a nós como povo brasileiro entender o que ainda fazemos de errado e o que devemos fazer de certo para corrigirmos um erro que nossos antepassados construíram. Racismo sem dúvida é crime e devemos combatê-lo na mesma medida em que devemos compreendê-lo.

Apesar dos fundamentais conceitos que ela traz não deixa escapar por entre seus textos uma opinião política ou outra que seja polêmica para os dias de hoje. Fica evidente também suas opiniões políticas ao falar de certos assuntos, porém, de forma breve, como foi no caso do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Cabe ao leitor compreender que opiniões políticas não interferem nas preciosas palavras de Djamila Ribeiro, ao nos mostrar a nossa realidade e nos levar a compreender o por quê ainda somos um povo racista e patriarcal.

Sem dúvida esse livro é fundamental e deve ser entendido como leitura obrigatória para todos. Se quisermos acabar com o racismo e com o machismo precisamos dar voz para aqueles que sofrem dessas exclusões. E um exemplo para se dar o poder de fala é pela própria Djamila Ribeiro ao ler este livro.

​QUEM TEM MEDO DO FEMINISMO NEGRO?

Autor: Djamila Ribeiro

Editora: Companhia das Letras

Ano de publicação: 2018

Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital , entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante. Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.”

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