A Química Que Há Entre Nós é um young adult da autora Krystal Sutherland, lançamento 2017 da Globo Alt.

Sobre o Livro

Henry Page se apaixonou à primeira vista quando a estranha Grace Town entrou na sala em seu primeiro dia de aula. Ela não era alguém típica de despertar amores repentinos. Grace mancava, usava uma bengala, vestia roupas de menino, estava descabelada e parecia suja. Mesmo assim, para Henry, isso foi exatamente o que pegou a sua atenção.

O jovem tem 17 anos e estava de olho na vaga de editor do jornal, e após um tempo de espera conseguiu. Porém, além dele, a menina nova também deveria ajudar. Mas quanto mais Henry tentava se aproximar de Grace, mais ela se fecha e o que revela é um mix de estranheza e surpresa.

“Grace Town é uma charada embrulhada em um mistério dentro de um enigma.”

Algo aconteceu com Grace Town para que ela passasse a ser assim, e isso intrigava a Henry. Tanto quando essa atração que não o mantinha longe da garota. Quando estavam juntos, havia química e um conforto inesperado. Mas eles eram adolescentes, Grace tinha um segredo, Henry estava apaixonado. O que de bom pode sair disso?


Minha Opinião

Quando esse livro apareceu eu pensei que a sinopse, a capa e a o título não pareciam ter muito em comum, mas eis que, lendo a história, bem como deveria ser, tudo fez sentido. Esse é meu primeiro contato com a autora e foi uma adorável surpresa o que encontrei aqui. A história é divertida, diferente em alguns aspectos e clichê em outros, mas também brinca com coisas sérias que passam a trama toda dando tapas na cara do leitor.

Henry é de longe um dos personagens mais engraçados que eu já encontrei. Ele é o legitimo outcast. Ele está por fora de tudo, mas é inteligente. Não sofre o tradicional bullying mas também não é popular. Ele tem amigos estranhos, usa roupas estranhas e está bem feliz sendo quem ele é. Não há nada que grite que ele é excepcional e mesmo assim, em seu âmago, ele é.

“Histórias com finais felizes são só histórias que não acabaram ainda.”

A relação que ele tem com os pais também é muito legal. Sua irmã mais velha era meio encrenqueira e ele nunca quis o título pra si, então andou sempre na linha. Mas a família é auto astral e não fica presa dentro das convenções normais, dando liberdade ao filho para que ele se descubra enquanto pessoa.

Outra coisa interessante é que entre os young adults a voz protagonista solo masculina e heterossexual não é a mais usada, e me vi pensando que realmente li pouquíssimos livros assim. As meninas ou os capítulos intercalados acabam por ser o mais corriqueiro, e talvez ter a voz de Henry aqui foi uma das coisas especiais da história. Além do fato de que sua descrição física, bem como seus atos batem quase que exatamente com um amigo que tenho, o que fez com que eu o visualizasse como o protagonista durante todo o livro. Foi divertido, pois me peguei pensando: sim, esse é o típico tipo de coisas que fulano faria!

Ele é um bom garoto, nerd, tem os amigos dele, não está a procura de um grande amor, não tem crushs nas líderes de torcida, não se importa em não namorar. Ele só quer que os planos dele deem certo e que ele vá pra faculdade. Mas as coisas mudam um pouco de figura quando Grace invade sua vida.

“As pessoas são perfeitas quando tudo o que sobra delas é memória.”

A história a principio vai parecer bem clichê, mas o que digo a vocês é: vão em frente. O que essa personagem esconde e está passando é bem mais profundo do que aparenta em um primeiro olhar. E, não, esse não é um livro focado em depressão ou suicídio, mas ele vai sim tocar nesses pontos e trabalhar essas situações e sintomas de forma mais leve. O que não é nada leve é a forma como Grace nos estapeia com suas afirmações, ou Henry com suas constatações.

É até difícil explicar. Sabe aquela coisa óbvia que todo mundo deveria saber sobre a vida e seus sentimentos, mas que por algum motivo quando inserido na situação sempre resolve ignorar? O livro trata de nos apresentar isso de forma muito direta e sincera, com os personagens confrontando essas situações e entendendo o peso delas, mesmo quando optam por ignorar e quebrar a cara.

“Se eu não sei quem sou, como é que outra pessoa deveria saber?”

A aura do livro é toda muito divertida, como referencias à cultura pop, música, filmes e literatura. Porém, intrínseco nessa trama há um problema maior, algo pra fazer o leitor parar e refletir sobre o que está lendo, nunca sem sair completamente do clima já estabelecido. E, por mais que pareça estranho, e que não possa combinar uma coisa com a outra ou soe destoante, a forma como Krystal conduz a narrativa faz como que tudo fique exatamente em seu lugar e na dose certa.

Grace é uma personagem difícil e é preciso aprender a lidar com ela. Às vezes será torcendo pra ela se abrir e por vezes será torcendo pra que ela desapareça. Qualquer uma das opções está válida, o propósito do livro parece ser exatamente esse: fazer o leitor entender que é possível se amar alguém que odiamos às vezes e odiar alguém que amamos intensamente.

A Química Que Há Entre Nós foi uma surpresa, uma rajada de novidade dentro de um estilo de livro que veio se saturando ao longo dos anos com a constante aproximação das histórias umas com as outras. Henry e Town são um casal-não-casal incrível e certamente você leitor vai se enxergar em algum deles em algum momento, ou desejar tê-los como amigos.

“Você não pode medir a qualidade de um amor pela quantidade de tempo que dura. Tudo morre, amor inclusive. Às vezes morre com uma pessoa, às vezes morre sozinho.”

A QUÍMICA QUE HÁ ENTRE NÓS

Autor: Krystal Sutherland

Editora: Globo Alt

Ano de publicação: 2017

Grace Town é esquisita. E não é apenas por suas roupas masculinas, seu desleixo e a bengala que usa para andar. Ela também age de modo estranho: não quer se enturmar com ninguém e faz perguntas nada comuns.
Mas, por algum motivo inexplicável, Henry Page gosta muito dela. E cada vez mais ele quer estar por perto e viver esse sentimento que não sabe definir. Só que quanto mais próximos eles ficam, mais os segredos de Grace parecem obscuros.
Mesmo que pareça um romance fadado ao fracasso, Henry insiste em mergulhar nesse universo misterioso, do qual nunca poderia sair o mesmo. Com o tempo, fica claro para ele que o amor é uma grande confusão, mas uma confusão que ele quer desesperadamente viver.

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