Recursão, de Blake Crouch, o mesmo autor de “Matéria Escura”, é o livro da décima terceira caixa do clube intrínsecos, clube de assinatura da editora intrínseca, já lançado nas livrarias em 2020.

SOBRE O LIVRO

Helena é uma cientista que estuda a memória e tem como objetivo a cura do Alzheimer, doença da qual sua mãe sofre, através de retenção de memórias. Sua pesquisa não segue bem por falta de recursos, até que Slade, um dos homens mais ricos do mundo, demonstra interesse pelo projeto e oferece financiamento e tudo o que ela precisar para que seu objetivo seja alcançado.

Síndrome da Falsa Memória — SFM — é uma doença onde pessoas se lembram de vidas inteiras das quais nunca viveram. O que causa a mesma ainda é uma mistério. Em uma noite, Barry, um policial que sofre pela morte da filha adolescente a qual já aconteceu alguns anos, é chamado para intervir em uma tentativa de suicídio de uma mulher assolada pela SFM. Após essa noite, curioso sobre essa doença, ele começa uma busca para saber mais sobre ela.

Nos últimos tempos, ele vem se perguntando se a vida não se resume a uma loga despedida daqueles que amamos.

Quando Barry e Helena se encontram, mesmo sendo de linhas de tempo diferentes — onze anos entre elas — eles percebem que mexer com memória pode ser muito perigoso, principalmente porque a humanidade não está pronta para as consequências.


MINHA OPINIÃO

O livro começou com um ritmo muito intenso. O autor criou um mistério em torno da SFM e do projeto de Helena que me deixou totalmente presa a história. Eu até me dei o luxo de pensar que tinha sacado a relação entre as duas, mas ao mesmo tempo duvidava porque parecia obvio demais. E adivinha? Eu estava errada! O que Blake Crouch criou vai muito além de qualquer coisa que eu poderia ter imaginado.

O autor tem uma escrita muito fluida e bem descomplicada. Para mim foi bem fácil a compreensão da parte teórica/cientifica da memória que é apresentada no livro por conta de já ter um breve conhecimento sobre, mas qualquer pessoa poderia entender porque as explicação e conceitos são colocados de formas bem simplificadas e de fácil compreensão, o que eu considero algo bem importante no gênero.

O livro é bem “louco” ( de uma forma positiva) por causa do contexto da trama e é bem difícil imaginar o que pode acontecer em seguida. Depois que descobrimos a ligação do projeto de Helena com a SFM é necessário uma dose extra de atenção para não se perder nos acontecimentos, porque uma distração, a perda de um detalhe pode deixar tudo muito confuso. Porém, no caso de Recursão, essa necessidade de atenção é positiva porque ela ocorre em decorrência da grandiosidade da trama.

É nisso que consiste ser humano: a beleza e a dor, pois uma não tem significado sem a outra.

Houve vários momentos em que a história pareceu que estava acabando, e ainda faltava muitas páginas. Tive essa sensação umas três vezes durante o livro, e eu realmente ficava com a sensação que não tinha mais nada para ser contato (engano meu!), mas não considerei isso algo ruim.

Quando o livro se encaminhava para o final os acontecimentos se tornaram um pouco massante por conta de redundância já que os personagens entraram em uma espécie de looping, o qual parecia nunca chegar ao fim. Há também um certo romance entre os protagonistas, o que passa longe de ser o foco principal e o autor nem mesmo desenvolve isso, assim ficou aquela sensação de que eles combinam muito mais como colegas do que como um casal.

Eu gostei do desfecho ao mesmo tempo que ele me deixou decepcionada. Temos um final aberto, onde ficou a sensação que minha edição veio com páginas faltando. Finais que não trazem todas as respostas raramente me incomodam (eu ouso até dizer que gosto), porém Blake Crouch conseguiu abrir muito mais perguntas do que eu havia antes, um leque de “e se”.

Desse modo, a minha decepção não foi pelo final sem respostas, mas por todas as possibilidades das quais eu fiquei cogitando ao finalizar o livro e não ter certeza de nenhuma, nem uma ser mais propensa de acontecer que outra. Vale ressaltar que aqui são as minhas teorias e as minhas possibilidades, que podem ser bem diferentes das suas.

Se cada lembrança contém um universo, o que podemos chamar de simples?

Entretanto o livro vai muito além do seu final, e minha decepção com o desfecho se torna banal perto de tudo que o autor construiu e das reflexões que o livro trás de como nossa mente — e memória — são poderosas, principalmente por serem nossa realidade e também como o ser humano não perde a oportunidade de transformar poder em arma, mas ainda assim existem aqueles que usam do mesmo para o bem.

Eu sou uma amante de livros que “beiram a loucura” e esse foi um dos pontos que mais me conquistaram, além da engenhosidade da trama. Recomendo para todos os amantes de Thriller e Ficção-cientifica, até mesmo os iniciantes no gênero pela linguagem descomplicada já comentada aqui.

RECURSÃO

Autor: Blake Crouch

Tradução: Sheila Louzada

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2020

E se um dia memórias vívidas de coisas que nunca aconteceram se infiltrassem em sua mente, pintando em tons de cinza todas as suas certezas? É dessa premissa que Blake Crouch parte em Recursão, uma obra tão impactante que teve os direitos de adaptação audiovisual adquiridos pela Netflix, que produzirá um filme e uma série baseados no livro, ambos a cargo de Shonda Rhimes. Barry Sutton é policial em Nova York e convive com a tristeza da morte da filha. Ao ser acionado para intervir em uma tentativa de suicídio, ele se depara com uma mulher que sofre da Síndrome da Falsa Memória, uma doença misteriosa que planta na cabeça de suas vítimas lembranças de vidas que elas nunca tiveram. A neurocientista Helena Smith está desenvolvendo uma tecnologia para a cura do Alzheimer. Inesperadamente, um dos homens mais ricos do mundo se oferece para financiar sua pesquisa. Helena vê surgir a chance de propiciar um grande bem para a humanidade. No entanto, não poderia estar mais enganada… A tecnologia que deveria salvar vidas acelera a marcha galopante do caos, gerando uma guerra pelo poder e criando recursos que começam a esfacelar a realidade. O tempo não é mais como o conhecemos, e Barry e Helena terão de se unir se quiserem sobreviver — e salvar a todos nós. Um dos nomes mais importantes da ficção científica contemporânea, Blake Crouch constrói uma jornada desnorteante, com personagens complexos, que nos fazem refletir sobre nossa identidade. Uma trama intrincada, ágil e emocionante, que mostra que, quando nada é mais importante do que a memória, perdê-la significa perder a si mesmo.

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