Procure uma animação mais linda do que Robô Selvagem e falhe miseravelmente. Com uma história infinitamente doce, personagens fofos e inesquecíveis, e o encantamento de uma história para dormir, a animação de 2024 constrói uma atmosfera mágica baseada na vulnerabilidade do amor. Aqui, os talentos de Cris Sanders como diretor e roteirista, de Jakob Hjort Jensen como diretor de animação de personagens e de Kristopher Bowers com sua trilha sonora original se juntam à produção de Jeff Hermann para entregar algo muito próximo do impecável.

Com base no livro infantil de Peter Brown, Robô Selvagem acompanha um futuro indeterminado onde Roz (Elina de Souza), uma robô atendente doméstica, acaba em uma ilha totalmente inabitada… A não ser pela rica fauna que mora ali. A robô em busca de tarefas a cumprir desenvolve, então, a habilidade de se comunicar com os animais, mas se mete em uma série de confusões na tentativa de voltar a sua fábrica. E esse era seu único objetivo, pelo menos até uma tarefa surgir: criar um pequeno ganso órfão e prepará-lo para as migrações (Bico-Vivo; Gabriel Leone).

Para isso ela vai encarar muitos desafios, e terá a companhia de Astuto (Rodrigo Lombardi), uma raposa que irá ensinar como funciona a natureza – ao melhor estilo olho por olho, dente por dente. Mas talvez os três tenham muito mais a aprender uns com os outros do que poderiam imaginar.

⁠Às vezes, para sobreviver, a gente tem que se tornar mais do que foi programado pra ser.

Não são poucas as lições e reflexões do filme: o contraste entre tecnologia e natureza; a oposição entre dever e o que coração manda; a importância da gentileza e da união; o significado de família e amizade. Mas o que mais esperar do diretor que nos deu Lilo & Stich (2002) e Como Treinar o seu Dragão (2010)? A sensibilidade da história grita em sua sutileza, e me emocionei demais em vários momentos.

A construção da trama inclusive é muito interessante, porque, diferente de outros filmes infantis, ela se permite explorar diversos pontos de conflito, dividindo-se em até mais de 3 atos principais. E todos esses conflitos são bem mais complexos do que os que aprendemos a esperar, se atravessando e sobrepondo. Isso dito, com certeza não é um filme pra se assistir passivamente, muito menos 1 vez só – os adultos têm muito mais a aprender com Roz do que o trailer dá a entender.

Até porque, uma vez não é o suficiente para admirar toda a carga artística da animação e da fotografia de Chris Stover. É de arregalar os olhos e genuinamente merecedor das telonas. Os personagens também são lindamente desenhados, com a dublagem brasileira sempre melhorando a experiência 100%, e, apesar de deixarem Roz brilhar em seu desenvolvimento de personalidade, todos ficam o expectador muito depois do filme acabar.

Não há palavras para descrever as emoções que Robô Selvagem me despertou. É divertido, inusitado, emocionante, surpreendente. Um verdadeiro sopro para se assistir em qualquer idade – só separe os lencinhos.

ROBÔ SELVAGEM

Diretor: Cris Sanders

Elenco: Elina de Sousa, Rodrigo Lombardi, Gabriel Leone, Rosa Maria Baroli, Carlos Campanile

Ano de lançamento: 2024

Uma nave naufraga numa terra desabitada e dá início à aventura épica do robô Roz, a última unidade das chamadas ROZZUM ainda funcional e inteligente. Preso nesta ilha aparentemente sozinho, Roz precisa sobreviver às intempéries da floresta. Sua única esperança é se adaptar ao ambiente hostil e avesso às suas programações. Para isso, Roz passa a conviver com os animais aprendendo sobre a vida na selva e os modos de sobrevivência na natureza. É durante essa exploração que Roz encontra um filhote de ganso e estabelece como missão cuidá-lo. Desse laço inesperado com o bicho abandonado, Roz se aproxima de uma realidade nova e instigante, construindo uma relação harmoniosa com os animais nativos.

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