Se a Rua Beale Falasse é um romance escrito em 1974 pelo norte-americano James Baldwin e publicado, nesta edição da Companhia das Letras, em 2019.

SOBRE O LIVRO

Um jovem casal apaixonado, prestes a começar a vida juntos, tem sua trajetória interrompida quando Fonny é preso, injustamente, acusado de estuprar uma mulher. Enquanto luta para provar a inocência do amor de sua vida, Tish tem também um luta interna, tão imortante quanto a externa: a luta para manter a esperança viva.

“Espero que ninguém nunca seja obrigado a ver a pessoa que ama através de um vidro.”

Será possível conseguir um julgamento justo para Fonny? Até que ponto Tish e sua família serão capazes de ir para fazer isso acontecer? Qual é o impacto interno de ter seu amor e seu futuro juntos retirados de você dessa forma? São essas as questões pelas quais o autor irá nos conduzir.


MINHA OPINIÃO

Apesar de ser um livro relativamente curto, com suas pouco mais de 200 páginas, não foi uma leitura fácil. A escrita de Baldwin é intensa e, mesmo que pouco tempo cronológico se passe da primeira à última páginas, muito acontece na cabeça de Tish, que vai compartilhando suas reflexões, incertezas e lembranças com o leitor.

A escrita nos envolve na tensão psicológica da dor de sabermos que Fonny muito provavelmente só está onde está porque era o homem negro mais próximo, fazendo-nos sofrer com Tish, quase perder as esperanças com Tish e elaborar planos com Tish.

“Ele não era o preto de ninguém. E isso é um crime na porra deste país livre.”

A empatia que sentimos pelos personagens é muito real e quanto mais conhecemos da história dos dois, mais desejamos poder fazer alguma coisa para tirá-los dessa situação. Não podemos, é claro, mas a vontade de entrar nas páginas não nos deixa em momento algum.

O final é um pouco repentino, principalmente se considerarmos o ritmo mais lento que o autor constrói até então, nos deixando sem uma resposta definitiva sobre o futuro dessa família. E, embora eu tenha terminado a leitura querendo mais, fica claro que esta é uma história muito maior que Tish e Fonny.

Pois o que Baldwin nos mostra é que o caso de Tish e Fonny é apenas mais um. Independente do resultado do julgamento do personagem, a verdade é que muitos antes dele foram injustamente acusados, por puro racismo, e muitos continuam sofrendo as consequências do racismo institucionalizado.

A encarceração em massa da população negra era uma grande realidade nos 70, quando esse livro foi publicado originalmente, e é uma grande realidade hoje, seja nos Estados Unidos, seja aqui no Brasil. Esse livro mostra apenas uma pequena parte dessa realidade, mas é muito eficiente em nos fazer sentir como é estar nessa situação e, por isso mesmo, uma leitura importantíssima!

“o que eles fizeram? Nada de mais. Fazer muito é ter o poder de pôr aquelas pessoas onde estão, e ali mantê-las”.

Embora eu ainda esteja na dúvida se gosto das capas minimalistas e padronizadas que estão sendo feitas para os lançamentos do livro do autor no Brasil, sem nenhum elemento que faça referência de fato à história e com acabamento soft touch, gostei muito da forma como essa edição foi organizada. Pois não só é de leitura confortável, mas também contém dois excelentes textos de apoio no final, um especificamente sobre a obra e outro sobre o autor, que fazem com que o leitor tenha um panorama mais completo da importância dessa publicação.

 

SE A Rua Beale FALASSE

Autor: James Baldwin

Tradução: Jorio Dauster

Editora: Companhia das Letras

Ano de publicação: 2019

Tish tem dezenove anos quando descobre que está grávida de Fonny, de 22. A sólida história de amor dos dois é interrompida bruscamente quando o rapaz é acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, embora não haja nenhuma prova que o incrimine. Convicta da honestidade do noivo, Tish mobiliza sua família e advogados na tentativa de libertá-lo da prisão. Se a rua Beale falasse é um romance comovente que tem o Harlem da década de 1970 como pano de fundo. Ao revelar as incertezas do futuro, a trama joga luz sobre o desespero, a tristeza e a esperança trazidos a reboque de uma sentença anunciada em um país onde a discriminação racial está profundamente arraigada no cotidiano. Esta edição tem tradução de Jorio Dauster e inclui posfácio de Márcio Macedo.

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