Antes de ser um ator famoso, Idris Elba se aventurou por uma carreira de Dj. Depois, começou ganhando destaque em novelas e séries inglesas, até enfim chegar ao cinema. Sua carreira alavancou após interpretar Russel “Stringer” Bell na popular série The Wire (A Escuta, no Brasil), da HBO. Depois disso, angariou diversos trabalhos de destaques.
Por isso, dizer que nesta série o ator se sente em casa não é nem um pouco equivocado. Além de protagonizar a série, Idris também é um dos criadores dela, juntamente com Gary Reich.
A primeira temporada conta com dez episódios e narra a jornada de Charlie, um decadente Dj que tenta voltar às cenas da música, porém, sem sucesso. Entre uma tentativa e outra, ele se reencontra com um velho amigo de infância, David (JJ Feild) que o contrata alguns dias para ser… babá de sua filha, a jovem Gabrielle (Frankie Hervey).
A relação de Charlie com a garota é conturbada, já que ela se mostra frustrada e comumente desconta sua raiva e mau-humor nele. Charlie até decide desistir do “emprego”, mas a ajuda financeira naquele momento é favorável e, além do mais, a mãe de Gabrielle, Sara (Piper Perabo), é uma Dj de sucesso. Logo, ele vê uma oportunidade de conseguir alavancar novamente seu sucesso.
A série é bem leve e busca pender para o lado comédia, mas este é um dos pontos o quais ela não obtêm tanto êxito. Há poucas piadas ou situações cômicas que realmente despertam a graça no espectador. Além disso, a subtrama de Gabrielle é mais predominante, dando a série uma característica de drama. Nesse ponto, porém, a série se dá muito bem, ao abordar a frustração da jovem que, apesar de ter uma vida cheia de riqueza e conforto, não tem o principal, que é atenção e amor presente dos pais.
Trazendo à discussão este tema, juntamente com a tensão no casamento dos pais, o roteiro fica bem mais atrativo. A profissão dos pais demanda muito tempo deles e até mesmo divide a família em alguns momentos, já que Sara é Dj e David é ator. Logo, a pequena Gabbis passa mais tempo sozinha do que em família. Mas, quando tenta focar novamente na ideia de alavancar a carreira de Charlie, a trama se enfraquece e se perde no meio do caminho. A visão que a série dá para a carreira de Dj é bem distorcida, tratando a profissão mais como algo de “pura sorte” e cheia de glamour do que trabalho intenso e diário, muitas vezes de anos de carreira.
O que me incomodou também na série é o seu formato diferente de narrativa. Ela parece ser um filme estendido do que propriamente uma série, já que nem sempre os episódios se conectam diretamente um ao outro e, muitas vezes, o que foi pensando em uma cena anterior, na próxima já aconteceu e sequer vemos isso em tela. Por conta dessas indas e vindas, a série acaba por se tornar um pouco monótona e sem despertar muito nosso interesse.
No que se refere às atuações, Elba não entrega todo o seu potencial. Apesar de estar protagonizando algo que remete à sua origem, por vezes me pareceu que o ator não sabia bem como interpretar o personagem ou que se sentia desconfortável. Já a jovem Frankie Hervey, ainda que um tanto irritante, é bem mais crível e pautável, transpondo de forma equilibrada os momentos de frustração, arrependimento e amargura de sua personagem. Os demais, que aparecem volta e meia ou outra, cumprem de forma coerente com seus papeis.
Ainda é cedo para dizer se haverá uma segunda temporada, porém, dada o peso dramático do encerramento da série, tudo leva a crer que sim. Além do mais, a tendência é que os personagens recorrentes desta primeira temporada ganhem ainda mais atenção, principalmente a jovem Gabrielle, que se encontrará em uma situação bem complicada de sua vida. Mas até lá, só nos resta aguardar.
SE JOGA, CHARLIE
Criado por: Idris Elba, Gary Reich
Gênero: Drama, Comédia
Ano de publicação: 2019
Charlie (Idris Elba), é um DJ que ainda não conseguiu conquistar seu espaço no mundo da música. Seu amigo, no entanto, é um astro conhecido mundialmente e com uma filha problemática. Precisando urgentemente se virar para sobreviver, Charlie acaba se tornando a babá da garota. Ele mal podia imaginar que essa decisão mudaria sua vida para sempre.
