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Sabe, dentre as muitas coisas que eu me questiono, está uma ideia que é cultivada em muito pelo convívio com esse específico espécime da raça humana: o adulto imbecil.

Não sei se vocês sabem, mas eu trabalho por aí como palhaço, e este trabalho me proporcionou além de uma experiência engrandecedora quando se fala em criatividade e improviso, uma grande oportunidade de interagir e conhecer as pessoas. Esta vivência que falo, com todos os tipos de idades: bebês, crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos imbecis e idosos.

Não que você precise ser palhaço pra dar de cara com um adulto imbecil. Provavelmente você já viu e falou com um, e pior, talvez ele seja alguém que tu ama muito. É aquele adulto que te vê e faz esse tipo de pergunta/afirmação/comentário:

  • Olha, tá bem gordinha hein?
  • Nossa, como tá magra? Tá doente?
  • E daí, continua fazendo (curso)? Mas trabalhar não trabalha né?
  • (Aperta a bochecha ou outra parte do corpo) Como você tá fofinho hein?
  • Nunca pensou em fazer um curso que dê dinheiro?

Longe de odiar o adulto imbecil, eu tenho uma grande curiosidade e, por consequência, medo, porque convenhamos, eu e boa parte dos meus amigos já passamos dos 25 e não somos mais tão crianças assim.

Minha curiosidade: Convenhamos que quando éramos crianças tínhamos uma gigantesca liberdade de pensamento, que não tinha muros de moral ou ética (estes adicionados posteriormente) nos impedindo de pensar. Junto desta capacidade, que muito vem do deslumbramento de conhecer o mundo com olhos de descoberta, vieram todas aquelas coisas que a gente conhece: criança fala o que quer, e o que se pode fazer sobre isso é rir e achar bonitinho (além de admirar a inocente, desconcertante e perspicaz franqueza dos pequenos).

Okay, eramos assim. Mas nós vamos envelhecendo e em alguma parte deste amadurecimento nos tornamos idiotas! Imbecis! E eu me refiro a aquele adulto que não tem o mínimo senso de limites. Sabe aquela tia sua que insistentemente comenta o seu estado físico na reunião da família? Ou aquele tio que insiste em discutir a tua profissão e o seu (para ele inexistente) sucesso profissional. Ou ainda, aquele adulto que sempre toma a liberdade de apertar a bochecha, barriga ou o que for, junto de comentários engraçadinhos que só ele ri. Nem falarei dos adultos que decidem questionar sexualidade ou posição política, porque convenhamos, aí é ignorância.

Eis o adulto Imbecil, que perdeu por completo a capacidade de discernir que nós temos total noção do corpo que temos, da profissão que escolhemos e das consequências da vida que DECIDIMOS ter. Eu me pergunto como essa pessoa de uma hora pra outra passa a alimentar esses comportamentos que no máximo trazem um sorriso amarelo ao nosso rosto, ou o sangue a cabeça, dando início a uma briga sem precedentes.

O fato é que muitas vezes este adulto nos quer muito bem, mas ele expressa esse amor da maneira mais desajeitada possível. E NÃO NOTA QUE AGE COMO UM ELEFANTE NUMA LOJA DE CRISTAIS.

Meu medo: Okay, temos a progressão de amadurecimento saudável que, em algum momento específico, desencadeia as reações que te levam de ser um adulto normal a ser um membro da desconcertante parcela de adultos imbecis apertadores de bochechas. O meu receio é que eu não sei quando isso acontece! Eu não sei o que causa esse fenômeno, e tenho medo que eu um dia me torne um apertador de bochechas ou um comentador de gordurinhas.

Posso garantir (eu acho), e vocês podem perguntar pra Tamirez, que até hoje eu não me tornei um adulto imbecil. Tento não fazer comentários imbecis e maldosos, e não acho engraçadão questionar as escolhas das pessoas, muito menos tomo a liberdade de beliscar bochechas alheias. Mas eu estou com 27 anos, vai que estou a beira do precipício do adulto imbecil né? Por isso, sigo pesquisando esta síndrome que acomete a nossa sociedade contemporânea e as nossas salas de jantar.

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