Escrito por Stephenie Meyer, Sol da Meia-Noite foi lançado em 2020 no Brasil pela Editora Intrínseca.

Sobre o Livro

Com a chegada de Bella Swan na cidadezinha de Forks, em Washington, Edward Cullen precisa reencontrar o vampiro monstruoso e predatório que há anos ele tentava controlar dentro de si para evitar de machucar a recém chegada e acabar decepcionando a si mesmo e a toda a sua família. Provocado pela fraqueza que o sangue de Bella causa em seu mundo já estabelecido, Edward quer manter distância, ao mesmo tempo que sente uma atração irrefreável pela garota nova cuja a mente está longe do domínio de seus poderes, tornando-a um mistério e um castigo, enquanto ele precisa entender seus próprios limites e desvendar os sentimentos novos que surgem em seu universo que, até então, era perfeitamente estável.

“Aquele seria eu? O próprio Hades, cobiçando a primavera, roubando-a, condenando-a à noite sem fim.”

Sol da Meia-Noite narra a história que conhecemos no primeiro livro da Saga Crepúsculo, porém, traz como foco narrativo o personagem de Edward, mostrando tanto os momentos que já conhecíamos da saga, quanto também expandindo as descrições para estabelecer a relação de Edward com sua família, seu arrependimento para com o passado, a extensão de seu dom de ler pensamentos, bem como mostra detalhes do que acontecia além dos olhos de Bella na trama do primeiro livro.

Após 12 anos de espera, Meyer escreve Sol da Meia-Noite para os fãs depois de já ter interrompido a escrita do livro anos antes, por conta de um vazamento dos capítulos. Agora, completo, Sol da Meia-Noite reapresenta Edward para os leitores mostrando que uma mesma história pode ser vista sob outras maneiras, conforme os olhos de quem narra sejam alterados. Afinal, qual foi a real primeira impressão que Edward teve de Bella? Como os irmãos dele reagiram quando perceberam que a relação dele com uma humana poderia impactar na família? De que modo Edward passou a ver em Bella alguém sem o qual ele não poderia mais viver?


Minha Opinião

A Saga Crepúsculo foi uma das séries literárias cujo o impacto na minha formação como leitora é algo do qual eu jamais conseguiria explicar sem soar parcial. Eu lia apenas ocasionalmente antes de Crepúsculo, principalmente paradidáticos e gibis na minha fase de criança entre os 9 e 10 anos. Eu poderia ter continuado nesse ritmo ocasional se não fosse a chegada de um presente que mudou tudo: meus pais acharam a capa de Crepúsculo bonita e compraram uma edição econômica para me dar de presente. Eu devia ter uns 10 anos, talvez nem devesse ler o livro com essa idade, já que o foco era para leitoras adolescentes, mas como minha família não era consumidora de livros, isso sequer era uma discussão. O que realmente conta é que eu li o livro e dali em diante decidi conscientemente que ler seria o hobby que eu levaria para toda a vida.

A importância disso para mim ressoa até hoje, tanto que mantenho a saga com um carinho enorme na minha estante e sempre busco conciliar minha memória afetiva com a mais recente consciência de que há problemas de representação em determinadas idealizações românticas da história. É dentro dessa perspectiva que, quando Sol da Meia-Noite foi anunciado, vibrei de felicidade ao mesmo tempo que senti receio do que essa história, há tantos anos aguardada, poderia fornecer. Como, tanto tempo depois, a Meyer abordaria o personagem do Edward que, para uma geração atual, tem problemas que na época do lançamento não foram tão questionados assim? De que modo a minha memória dessa história se confrontaria com a leitura de algo que era esperado há tanto tempo e cujas as expectativas poderiam não corresponder a realidade? Sol da Meia-Noite era tudo o que eu queria por tantos anos, que fiquei com medo de finalmente o receber e não ser aquilo que eu imaginei. Porém, para a minha felicidade como fã e como leitora, o livro trouxe uma perspectiva tão gostosinha de ler e usou de recursos narrativos tão legais para compor as descrições do Edward que tudo o que a leitura transmitiu foi a memória positiva de um livro que soa como uma volta para casa depois de um dia cansativo.

“Ela seguiria sua vida, teria uma vida parra seguir. Iria para a faculdade em algum outro lugar, construiria uma carreira, talvez se casasse. Eu conseguia imaginar aquilo, conseguia visualizar a garota de vestido branco, caminhando lentamente de braços dados com o pai. Era estranha a dor que aquela imagem me causava. Eu não entendia. Será que estava com inveja do futuro dela por ser algo que eu nunca poderia ter?”

Sol da Meia-Noite possui o trunfo narrativo bem especial de ter como voz principal o personagem do Edward que, dentro da saga, possui o dom de ler mentes. É usando os poderes dele que a Meyer estabelece algo na história que traz fluidez, diversão e curiosidade: na falta de diálogos diretos, sobram os momentos em que o Edward descreve o que vê na mente daqueles ao seu redor, o que permite que o leitor veja os momentos do passado dos Cullen, a chegada de Alice e Jasper na família, os pensamentos dos Black quando viram a aproximação entre Bella e Edward e até mesmo uma dimensão emocional maior em Charlie é colocada na narrativa quando Edward lê seus pensamentos silenciosos.

Os poucos diálogos ocorrem principalmente entre Bella e Edward e nesse aspecto a melhor parte do livro é perceber como as reações de Bella são recebidas por Edward, que é um personagem bastante ansioso em seu fluxo mental e possui claramente muito ódio por si mesmo. Ele reflete bastante sobre a própria monstruosidade, que julgava estar atenuada até conhecer Bella e todos os pensamentos dele são voltados para um aspecto mais depreciativo e agitado. Perceber a dimensão do que ele sentia fortalece algo da mitologia de crepúsculo acerca dos vampiros, sobre como os sentimentos deles funcionam de forma mais amplificada se comparada aos personagens humanos e isso é algo interessante para refletir.

Outro detalhe especial foi ver como a interação entre Edward e sua família funciona: Emmet é talvez um dos personagens mais divertidos da história, trazendo um aspecto cômico para as narrativas e sendo um irmão tão expansivo e aberto que contrasta com o aspecto mais fechado de Edward, rendendo ótimos momentos família entre eles. Já o outro destaque, quase oposto, pode ser Rosalie, que gera um conflito com Edward por ter uma personalidade mais fechada e egoísta, muitas vezes gerando tensão entre eles e o modo como ela recebe Bella na família.

O trunfo dessa dinâmica está em Alice: a outra vampira da família com dons similares ao do Edward. Sob a perspectiva dele podemos ver o funcionamento dos dons de ver o futuro e como Alice sempre parece viver no passado porque já visualizou tudo que aconteceria antes que realmente pudesse viver. Alice entende Edward, mas no livro os dois entram em um conflito a respeito do que ela viu para o futuro dele e do que ele realmente quer fazer, mostrando como vários dos pensamentos e questões que só viriam em Lua Nova e Eclipse já estavam na mente do personagem desde o começo da trama. Esse aspecto de sentimentos do Edward que resultam em consequências futuras, fica ainda mais claro ao final de Sol da Meia-Noite, quando vemos que o personagem já antevia crises que poderiam ocorrer no relacionamento deles.

“A união de Alice e Jasper fora ainda menos normal. Durante todos os vinte e oito anos até o primeiro encontro deles, Alice sabia que ia amar Jasper. Ela vira anos, décadas, séculos da futura vida dos dois juntos.”

Um outro ponto especial da história são os capítulos que mostram os eventos do livro do ponto de vista “dos bastidores”: respostas para como Edward reagiu ao descobrir que a Bella estava indo ao encontro do James, como ele chegou até lá, o que aconteceu nos dias que Bella estava desacordada após o ataque do rastreador e todas as cenas que aconteceram enquanto ela não estava por perto para ver. Tem-se uma dimensão maior dos poderes de Alice quando vemos ela prever a toda hora os passos que eles deveriam seguir, podemos perceber o quanto toda a família esteve envolvida na perseguição final e vemos a reação de Edward a chegada de Renée e a conversa com Charlie. As cenas dão mais ação para a trama porque mostram o ritmo frenético em que eles estavam para conseguir tirar James do caminho e sob a descrição do Edward fica a tensão e a culpa constante que ele sente por estar colocando toda a família naquela situação.

Há claro, uma série de questões que podem não funcionar para todos na leitura: Meyer tentou sim organizar uma explicação sobre as atitudes do Edward que já não são mais toleráveis e apesar de ser algo compreensível sob o ponto de vista dele e o próprio personagem se auto julgar na narrativa, ainda não justifica as atitudes de stalker que ele assumiu, o que é um aspecto importante de levantar quando se está fazendo a leitura. E há momentos em que o livro se torna excessivo ao repetir falas de Crepúsculo que poderiam ter sido condensadas sob a perspectiva do Edward para não só funcionar como um “copiar e colar” do primeiro livro.

Tirando esses pontos, Sol da Meia-Noite foi uma leitura que rendeu mais do que eu tinha esperado e receado em ganhar como leitora e fã, há tantos anos. Crepúsculo foi um grande marco na minha trajetória e depois de esperar tanto tempo por esse lançamento, receber essa narrativa foi como um presente feito especialmente para mim. Na dedicatória, Meyer agradece aos fãs que cresceram com essa história e é justamente isso que a leitura me passou: a sensação de que eu estava recebendo um grande obrigado por tantos anos de amor por esses personagens.

Feito especialmente para os fãs, Sol da Meia-Noite traz uma narrativa que entretém, acrescenta e apresenta o personagem de Edward sob uma camada mais profunda de sentimentos, medos e emoções que expandem o universo dos vampiros e da família Cullen, para algo mais forte do que já tínhamos visto na saga original. Pensado para o público que cresceu com essa história, o livro é feito principalmente para os fãs da saga que aguardaram tanto tempo para receber uma narrativa, que vai sim cumprir com as expectativas criadas em dez anos de espera e também tem grandes chances de entreter aqueles que são só curiosos, pois fornece uma leitura rápida e divertida.

SOL DA MEIA NOITE

Autor: Stephenie Meyer

Tradução: Carolina Rodrigues, Flora Pinheiro, Giu Alonso, Maria Carmelita, Marina Vargas e Viviane Cruz

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2020

Aguardado há mais de uma década, Sol da meia-noite, novo livro do universo de Crepúsculo, chega ao Brasil em lançamento mundial no dia 4 de agosto Um dos maiores fenômenos editoriais dos últimos tempos, a saga Crepúsculo narra a icônica história de amor de Bella Swan, uma garota tímida e desastrada, que acaba de mudar de cidade, e Edward Cullen, um rapaz misterioso que esconde um segredo aterrorizante: é um vampiro. Desde a primeira troca de olhares, ele fez tudo para ficar longe dela, mas e se as coisas não tiverem acontecido exatamente assim? Até agora, os leitores conheceram essa trama inesquecível apenas pelos olhos de Bella. No aguardado Sol da meia-noite, vamos testemunhar o nascimento desse amor pelo olhar de Edward, mergulhando em um universo novo, sombrio e surpreendente, cheio de revelações. Conhecer Bella foi o que aconteceu de mais irritante e instigante em todos os anos de Edward como vampiro. À medida que conhecemos detalhes sobre seu passado e a complexidade de seus pensamentos, conseguimos entender por que Bella se tornou o eixo central de uma batalha decisiva em sua vida. Como Edward poderia seguir seu coração se isso significava colocar a amada em perigo? Do que ele seria capaz de abrir mão? Em Sol da meia-noite, Stephenie Meyer faz um retorno triunfal ao universo de Crepúsculo e nos transporta mais uma vez para Forks, convidando-nos a revisitar cada detalhe dessa história que conquistou milhões de fãs em todo o mundo. Em meio a uma paixão cercada de perigos sobrenaturais, vamos descobrir como Edward encara seus prazeres mais profundos e as consequências devastadoras de um amor proibido e imortal.

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