Primeiramente, se você não viu a primeira parte da série talvez não seja uma boa ideia ler esse texto, além dos spoilers, você vai ficar igualzinho o gif do John Travolta perdido, porque até quem viu a série inteira está assim. Vou falar um pouco sobre a primeira parte da história já que os criadores nos fizeram esperar apenas três anos pela nova temporada.

The OA sempre foi uma série com propósito diferente, criada por Brit Marling e Zal Batmanglij, que estreou em 2016 na Netflix. Estrelada também por Brit ao lado de Jason Isaacs, Phyllis Smith, Patrick Gibson, Emory Cohen, Brandon Perea, Ian Alexander e Kingsley Ben-Adir, a primeira cena já é impactante e peculiar, para um início. Vemos uma cena gravada por um celular, na vertical, em que uma mulher se joga de uma ponte. Depois disso a narrativa segue a história dela, que se chama Prairie e estava desaparecida há sete anos. A história principal, de fato, começa depois que Prairie faz amizade com um dos meninos da vizinhança. Ela então reúne um grupo de cinco pessoas e começa a contar a sua história, para eles e para nós.

Ela conta que seu nome era Nina Azarova, nascida na Rússia e filha de um importante dono de minas. Quando criança ela sofreu um acidente que a deixou cega e fez seu pai enviá-la para um internato nos Estados Unidos e, após a morte dele, Prairie foi obrigada a viver com sua tia no bordel que essa administra. Uma das atividades ilegais que sua tia realiza é a venda de crianças, em sua maioria bebês e é assim que um casal chega até lá, procurando adotar/comprar um menino, a mulher no entanto esbarra na pequena Nina (Prairie) e resolve adotá-la, mudando então seu nome.

Anos após esses eventos, no aniversário de 21 anos de Prairie, ela decide ir atrás de seu pai, convencida de que ele não está morto. Porém ela acaba encontrando outro homem, um ex-anestesista que agora realiza uma pesquisa com pessoas que sofreram experiências de quase morte (EQM), Prairie se interessa pela pesquisa e decide ir com ele para participar, é em um porão na casa dele que Hap a aprisiona junto com outras três pessoas. A série então de desenrola nas relações dos personagens com a Prairie, os aprisionados com ela naquele porão e os para quem ela conta a história, e nas experiências realizadas.

São nelas que Prairie descobre que existe uma série de movimentos que permitem que as pessoas “saltem” de uma dimensão para a outra, os quatro – que após a chegada de outra mulher viram cinco – começam a treinar os movimentos, porém, por motivos que eu prefiro não contar, porque se alguém que continuou lendo ainda não assistiu vai perder um pouco da graça, ela não salta junto com eles e é por isso que Prairie está contando a história para aquelas cinco pessoas, para ensiná-los os movimentos. Ao fim do último episódio da primeira parte Prairie consegue saltar, indo atrás de seus amigos, é aí que a parte II começa.

Três anos após a parte I, finalmente temos a continuação ( \o/ ). Como sempre a Brit Marling (que além de criadora e produtora interpreta Prairie) e o Zal adoram deixar todo mundo confuso, então a segunda temporada não começa exatamente do ponto em que a primeira termina, mas sim em um cenário completamente diferente, com um personagem que até então nunca tinha aparecido. Após poucos minutos de episódio podemos finalmente nos situar e entender que o que estamos vendo é outra dimensão, aquela para a qual Prairie (eu preciso comentar e quem leu Instrumentos Mortais vai entender a referência, mas essa menina tem tantos nomes quanto o Jace tem sobrenomes) saltou.

Na primeira temporada aprendemos tudo sobre os movimentos e sobre a existência de outras dimensões, já na segunda vamos entender como os saltos funcionam e que não existe apenas um meio de fazer isso, também vamos observar como essas dimensões “funcionam” e como os amigos dela e seu captor, Hap, se adaptaram ao local.

Uma das coisas que mais me “marcou” no início da temporada foi o Homer, um dos amigos da Prairie que se torna seu par romântico quando eles ainda estão cativos. Na primeira parte da série o personagem dele me incomodava um pouco, não via muita profundidade, o achava meio arrogante e desmotivado. Fora que ele e a Prairie tinham zero química, até porque cenas dos dois foram bem escassas e não tivemos a chance de ver o relacionamento deles se desenvolver, mas na segunda parte vemos um lado bem diferente dele, vemos uma motivação, uma personalidade concreta e ao final da temporada é impossível não shippar muito ele e a Prairie, a força do amor deles um pelo outro fica muito clara e é extremamente mais bem construída do que na primeira temporada.

A série traz também uma subtrama, com um novo personagem principal, chamado Karim, um detetive particular dessa dimensão e sinceramente ele virou o amor da minha vida, o melhor personagem da série. Fora as complicações da vida dele, vemos sua procura por uma jovem desaparecida que o faz se envolver em um jogo que tem atraído crianças para uma casa misteriosa. Achei todo o arco da história dessa casa incrível, foi muito bem construído e amarrado, não deixa nada a desejar. Fora que o cenário é impressionante, só pelas cenas na casa já dá para imaginar porque eles levaram 3 anos para gravar, a fotografia é muito bonita e transmite uma sensação real de imersão.

Obviamente não vou dar spoilers do final, mas preciso dizer que é INCRÍVEL! Pessoalmente achei o que os criadores fizeram de fato revolucionário, eu já achava a série uma obra de arte antes (pela questão história, roteiro, fotografia, direção de arte…) então agora tenho 100% de certeza que tinham que exibir em um museu.

Vi bastante gente falando que não entendeu muito bem o que aconteceu – inclusive tive que mandar um áudio de uns 5min para um amigo explicando – mas na minha opinião talvez seja meio que por costume de falar que The OA é uma série confusa, fora o hábito de assistir as coisas mexendo no celular ou não prestando total atenção, e essa é uma série na qual tu tem que estar completamente focado. Eu entendi bem o enredo, achei que eles responderam as perguntas e que não ficou nenhuma ponta solta, só um gancho para a próxima temporada. Talvez depois que passar um tempo da estreia da série eu faça uma resenha explicando direitinho o que aconteceu para o pessoal perdido.

O trabalho técnico como sempre está impecável, a direção de arte é EXTREMAMENTE detalhista, a fotografia da série absurdamente linda e o trabalho de direção do Zal é genial.

Ainda não houve nenhum anúncio da Netflix sobre uma próxima temporada, porém, os criadores já falaram em 2017 que eles têm toda a história pronta, do início ao fim, só precisam filmar, e eu gostei muito de uma fala da Brit em uma entrevista que ela diz que eles querem contar uma história e é o que vão fazer e ponto final. Numa indústria que geralmente os produtores só pensam no dinheiro e não necessariamente na qualidade da história – alongando séries com pouca história por várias temporadas – foi uma fala bem corajosa e diferente, que na época me fez ficar ainda mais empolgada para a segunda parte.

Posso dizer com toda certeza (até acrescentaria o meme do Julinho da van aqui) que a espera de três anos valeu a pena. Dá pra notar muito bem nos detalhes da série, como ela foi feita com atenção e capricho, que realmente não teria como gravar aquilo em um ano. Bate uma tristeza por saber que eu esperei todos esses anos para assistir a temporada em um dia? Bate, mas estou super disposta a esperar de novo se manter a mesma qualidade e genialidade.

THE OA – PART II

Diretor: Zal Batmanglij, Brit Marling

Elenco: Brit Marling, Jason Isaacs, Emory CoheN e mais

Ano de lançamento: 2019

Prairie Johnson é uma garotinha cega que desaparece. Sete anos depois, ela retorna, com a visão perfeita. A jovem (Brit Marling) tenta explicar aos pais o que aconteceu durante a sua ausência. Para a surpresa de todos, ela diz que nunca realmente se foi, mas estava em outro plano da existência… Num lugar invisível.

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