A Última Camélia é mais um livro da autora Sarah Jio, trazido ao Brasil em 2017 pela Novo Conceito.

SOBRE O LIVRO

Em 1940, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, uma espécie rara de camélias esconde segredos e mentiras em uma mansão afastada na Inglaterra. Nossa história começa, no entanto, em Nova York, onde vamos acompanhar Flora, uma jovem cujo sonho é ser botânica e que tem verdadeira paixão por flores.

Flora vive com os pais cuidando da padaria da família até que um misterioso homem a contrata para se infiltrar na Mansão Livingston e encontrar a rara camélia, a Middlebury Pink. Como os negócios da família não geram mais tantos lucros, Flora decide aceitar a proposta do homem e vai para a Inglaterra trabalhar como babá das quatro crianças Livingston, escondendo sua verdadeira intenção. No entanto, muitas reviravoltas a esperam, um amor inesperado e um perigo iminente.

“A verdade é que sempre sabemos a coisa certa a se fazer. A parte difícil é fazê-la.”

Mais de meio século se passou e a paisagista Addison se muda para a antiga mansão, comprada pelos sogros. Encantada pelo jardim ainda existente na mansão e pelos mistérios que envolvem a propriedade, Addison vai descobrir que não só a casa, mas uma empregada em particular esconde muitos segredos e conexões através dos jardins de camélias e também um velho livro esquecido.


MINHA OPINIÃO

É interessante pensar em como coisas simples, como uma flor, podem guardar tantos aspectos peculiares, muitas vezes segredos, memórias, uma vida. É claro que talvez não seja um aspecto comum em um mundo atual onde já não somos tão atentos, mas a possibilidade de que algo semelhante exista é, encantadora. A autora usa de capítulos intercalados entre as duas protagonistas, o que cria ainda mais a ideia da conexão existente entre as duas mulheres, não só por terem vivido na mansão, mas por situações vivenciadas pelas duas, embora de formas e em épocas diferentes.

“…eu já pensei muito sobre isso e acho que as pessoas são bastante parecidas com as estrelas lá em cima…”

Além das protagonistas todos os demais personagens são extremamente bem desenvolvidos. As crianças Livingston tem personalidades fortes, cada uma em seu ponto, trazendo ao leitor uma proximidade e um carinho diferente. A mais velha, Katherine, esconde um ressentimento com relação a vida de uma forma geral, os meninos Abott e Nicholas são crianças “rebeldes”, cada um a seu modo, e a pequena Janie é uma adorável menininha. É impossível não nos encantarmos com cada um deles.

É claro que não podemos deixar de lado cada um dos empregados, que também guardam seus próprios segredos, ou acobertam os segredos de outros. Mas sobre estes, não posso dizer muito, afinal grande parte da graça e propósito da história é ir desvendando cada um dos mistérios.

Outro ponto interessante é o fato de a autora ter conseguido reunir diferentes gêneros na mesma história, o romance evidente em cada uma das páginas abre espaço para o suspense e assim para o drama sem que nada se perca ou se torne confuso em nenhum momento. Dessa forma consegue manter o leitor curioso da primeira a última página. Mesmo não sendo um fã de romances confesso que fiquei encantada por este e ouso dizer ainda que ele é inusitado, pois não chega a ser um romance meloso mas também não perde o “Q” de encanto.

Apesar de ter sido criada sob o mundinho pacato da padaria dos pais, Flora demonstra toda sua coragem ao sair de casa para enfrentar o destino que a aguarda e viver todas as aventuras, sem as quais não teríamos uma história. Apesar de muito jovem, ela acredita que pequenas atitudes podem salvar o mundo, assim como pessoas aparentemente perdidas em seus “maus princípios”, o que faz com que ela sempre enxergue o melhor das pessoas, desde uma senhora ranzinza e cheia de segredos até ao vivo Livingston, amargurado e tão rude.

A curiosidade é algo que faz parte de sua personalidade, assim como na de Addison, o que acaba ligando essas duas mulheres que apesar de viverem em épocas diferentes, se envolvem no mesmo mistério. Enquanto que Addison é uma mulher moderna que apesar dos mistérios que carrega ela demonstra ser forte e destemida, disposta a fazer o que for preciso para fazer com que tudo entre nos eixos, ela demonstra não só sua coragem mas também sua força de vontade e sua perspicácia, que por vezes a fazem se meter em algumas confusões, mas são o tempero não só de sua personalidade como de toda a trama.

Ambas são extremamente cativantes e conseguem manter o leitor interessado em cada suspiro, pensamento ou perigo que vivem, trazendo assim a proximidade do leitor com a narrativa e fazendo com que nos importemos com elas e esperemos do início ao fim, que tudo acabe bem e que elas tenham um destino mágico.

A verdadeira beleza da história está em não ser definida de uma só forma, mas de uma maneira diferente para cada acontecimento e para cada olhar que o leitor voltará a ela. E estes, entre tantos outros, são os segredos escondidos num jardim de camélias que você não pode deixar de visitar.

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A ÚLTIMA CAMÉLIA

Autor: Sarah Jio

Editora: Novo Conceito

Ano de publicação: 2017

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o último espécime de uma camélia rara, a Middlebury Pink, esconde mentiras e segredos em uma afastada propriedade rural inglesa. Flora, uma jovem americana, é contratada por um misterioso homem para se infiltrar na Mansão Livingston e conseguir a flor cobiçada. Sua busca é iluminada por um amor e ameaçada pela descoberta de uma série de crimes. Mais de meio século depois, a paisagista Addison passa a morar na mansão, agora de propriedade da família do marido dela. A paixão por mistérios é alimentada por um jardim de encantadoras camélias e um velho livro. No entanto, as páginas desse livro insinuam atos obscuros, engenhosamente escondidos. Se o perigo com o qual uma vez Flora fora confrontada continua vivo, será que Addison vai compartilhar o mesmo destino?

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