Último Turno é o último livro da trilogia de Bill Hodges, do autor Stephen King e foi lançado pela Suma de Letras em 2016.

*Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores

Sobre o livro

O ano é 2016 e Bill Hodges, agora com quase 70 anos, continua trabalhando na sua empresa Achados e Perdidos juntamente com Holly Gibney, agora sua sócia. A vida continua normalmente e ambos trabalham em casos que aparecem esporadicamente em suas mãos, mas algo sempre está pairando no ar ao seu redor, o eterno fantasma de Brady Hartsfield, o assassino do Mercedes que continua hospitalizado em estado vegetativo.

Em um dia especialmente normal eles são informados por um ex-colega de trabalho de Bill sobre  um caso intrigante envolvendo uma das vítimas de Brady, que sobreviveu, mas ficou tetraplégica e muito desfigurada. Martine Stover foi assassinada pela mãe que logo após cometeu suicídio. O mais intrigante é que ambas se davam bem e no local do suicídio existia uma letra Z marcada além de um zappit, um aparelho que contém jogos. O que duas senhoras de idade queriam com um aparelho que já está ultrapassado e costuma ser objeto de desejo apenas de crianças e adolescentes?

“Porque depois que bandidos como o Mr. Mercedes começam a falar (não havia muitos como ele, e graças a Deus por isso), eles estão a um ou dois passos de serem pegos. Isso era especialmente verdade sobre os arrogantes, e Hartsfield era a personificação da arrogância.”

Paralelo a esses acontecimentos, Brady continua em cima de uma cama de hospital e praticamente incomunicável. Muitos alegam sentir medo dele e que ele é capaz de fazer coisas com o poder da mente. Outros não acreditam nisso e o consideram quase morto. E esse será o seu maior erro. Bill está inserido na categoria dos que acreditam que Brady ainda é uma ameaça e passa a procurar uma ligação entre o assassinato de Martine e o suicídio de sua mãe, juntamente com os diversos casos de suicídio que estão aparecendo. Principalmente depois que antigas situações voltam a tona.


Minha opinião

Escrevo essa resenha secando as minhas lágrimas. Bill Hodges está de volta para o desfecho dessa trilogia! Fiquei dividida entre ler esse livro rapidamente ou ir devagar aproveitando cada pedacinho do meu último encontro com um dos meus detetives preferidos. Logo de início já vi que esse não seria um livro fácil para mim. Comprovar que Brady, mesmo estando uma cama, é capaz de fazer jogos psicológicos terríveis com aqueles que estão a sua a volta foi surreal. Ele voltou da pancada ainda mais sádico e com poderes. Conforme a história avança ouvimos de Brady como foi desde o momento que Holly o acertou até o momento que eles descobriu os seus poderes e passou a aprender com eles e ver até onde eles iam. Assim como, o tempo que ele passou arquitetando e planejando a sua vingança que promete atingir não uma, mas diversas pessoas.

Como falar dessa história sem falar da grande amizade e zelo entre Bill e Holly? Os dois são encantadores e possuem um sentimento real, puro e sincero daqueles que encontramos poucas vezes na vida, isso quando encontramos. Dois opostos que se completam e que realmente se preocupam com o bem estar um do outro. Mesmo com todos os problemas que Holly tem, notamos a sua melhora e no quanto Bill a ajudou a superar essas barreiras. Quase não notamos aquele transtorno de personalidade que era tão visível nela no primeiro livro. Holly é uma pessoa muito mais segura e independente e um dos grandes influenciadores foi Bill. Ele é quase a sua inspiração, o seu porto seguro. E claro, não mencionar Jerome é um crime. Novamente ele demora a aparecer na história, mas quando aparece deixa a sua marca de maneira única.

“Bill Hodges é seu parâmetro, a forma como ela mede sua capacidade de interagir com o mundo. O que é só outra forma de dizer que ele é o jeito como ela mede sua sanidade. Tentar imaginar a vida sem ele é como ficar de pé no alto de um arranha-céu e olhar para a calçada sessenta andares abaixo.”

Outro ponto maravilhoso dessa história foi a volta de uma personagem do primeiro livro que eu nem lembrava mais que existia. Agora, ela será de suma importância para o desenrolar dos fatos e será sua cooperação decisiva para aqueles que querem deter Brady. O livro aborda diversas questões entre elas os suicídio que aqui é tema chave, principalmente quando envolve jovens. A abordagem que King toma é realista e deixa a sua crítica velada aqueles que ainda não entenderam o quanto podem afetar a vida de outras pessoas. Seja com atitudes ou palavras e até a omissão. Cabe a Bill, com a ajuda de Holly e Jerome, descobrir qual a ligação entre esses suicídios e quem mais está por trás disso, além de provar que Brady realmente está fingindo.

Recentemente a série baseada em Mr. Mercedes ganhou data de estreia: ela chegará nas telas dos Estados Unidos em 09 de agosto e Harry Treadaway (Penny Dreadful) será Brady Hartsfield. Eu não poderia ficar mais feliz com a escolha, pois ele é exatamente como eu imaginava Brady, além de possuir toda essa cara de louco e beleza assustadora, características que marcam o nosso assassino. Já Brendan Gleeson interpretará o meu amado detetive, decisão que achei perfeita e desde já estou contando com uma série maravilhosa e que realmente será um sucesso.

Como todo bom livro do meu King passei por diversos momentos de agonia onde pensei que tudo estava perdido, em outros senti um grande alívio, também passei muita raiva e, claro, derramei muitas lágrimas com um final que fechou com chave de ouro tudo que foi desenvolvido até aqui. Com certeza é uma das minhas trilogias preferidas e recomendo ele para todo mundo, não tenho palavras para descrever o quanto essa trilogia me tocou e me fez criticar o comportamento humano.

Não se preocupem com aquele King cheio de monstros e criaturas sombrias que vocês está acostumado a ver por aí, repito, aqui o nosso monstro é o homem. O que apavora bem mais, mas que também é um choque de realidade para aqueles que estão acostumados a acreditar que os verdadeiros monstros existem apenas nos filmes e nos nossos piores pesadelos. Se eu pudesse dar uma dica para você seria: LEIA ESSA TRILOGIA! Você não vai se arrepender.

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ÚLTIMO TURNO

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Ano de publicação: 2016

Brady Hartsfield, o diabólico Assassino do Mercedes, está há cinco anos em estado vegetativo em uma clínica de traumatismo cerebral. Segundo os médicos, qualquer coisa perto de uma recuperação completa é improvável. Mas sob o olhar fixo e a imobilidade, Brady está acordado, e possui agora poderes capazes de criar o caos sem que sequer precise deixar a cama de hospital. O detetive aposentado Bill Hodges agora trabalha em uma agência de investigação com Holly Gibney, a mulher que desferiu o golpe em Brady. Quando os dois são chamados a uma cena de suicídio que tem ligação com o Massacre do Mercedes, logo se veem envolvidos no que pode ser seu caso mais perigoso até então. Brady está de volta e, desta vez, não planeja se vingar apenas de seus inimigos, mas atingir toda uma cidade. Em Último turno, Stephen King leva a trilogia a uma conclusão sublime e aterrorizante, combinando a narrativa policial de Mr. Mercedes e Achados e perdidos com o suspense sobrenatural que é sua marca registrada.

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