Um Amor Perdido é uma obra da autora Alyson Richman, publicado em 2018 pelo selo Bertrand Brasil da editora Record.
SOBRE O LIVRO
Quando a segunda guerra mundial chegou em Praga, a mudança foi tão drástica que não deu tempo de programar nada. Quem teve condições, fugiu, mas nem todos tinham passaporte para sair do país. Lenka foi uma dessas pessoas que teve que ficar. Quando seu marido conseguiu os documentos para ele, seus pais, sua irmã e Lenka, ela se recusou a deixar a sua família. Então obrigou o marido a ir sem ela, fazendo juras de que em breve estariam juntos nas Américas.
” Seria esse o primeiro sinal do amor?
Escutar, na pessoa que se está destinada a amar, o som daqueles que ainda não nasceram.”
Em Nova York, 60 anos pós guerra, prestes a casar seu único neto, Josef já com 85 anos, se lembra todos os dias do sofrimento que a guerra trouxe para sua vida, e de todas as perdas que teve por causa dela. Mas ele sempre guardou na memória e no coração, as lembranças de sua doce e querida Lenka. Sua esposa, a quem foi obrigado deixar para trás à 60 anos, e nunca mais viu de novo. Ela, quem ele sempre acreditou estar morta, agora tem certeza que é a mesma senhora que está sentada ao seu lado, a avó da noiva de seu neto.
MINHA OPINIÃO
Um Amor Perdido tem duas partes de narrativas. A primeira é um período antes da guerra. Quando se podia viver feliz em Praga, estudar, trabalhar e levar uma vida normal. Essa parte do livro é narrado em primeira pessoa por Lenka. Uma jovem estudante de artes que acaba de se casar às pressas com o amor de sua vida e irmão de sua melhor amiga. Mas logo que se casa, eles têm que se deixar. Josef saí do país em busca de uma vida melhor nas Américas. E Lenka, por não querer deixar sua família para trás escolhe ficar, até que consigam os documentos para todos deixarem o país. Fazendo juras de se encontrarem em breve, jamais imaginaram que não se veriam mais.
Em sua segunda parte da narrativa, temos o ponto de vista de Lenka e Josef. Como duas pessoas que se amavam arduamente, sobreviveram a esse trágico período. Lenka do lado da guerra em Praga, onde todos os judeus foram obrigados a viver com pouco, quase nada. Tiveram que parar de trabalhar, dar suas coisas de valor, passar fome, e por fim serem levados aos campos de concentração. Josef do lado das Américas, mas que para chegar a um lugar seguro prosseguindo com seus estudos de medicina, e ter uma vida melhor para sua esposa, acabou perdendo toda sua família, e teve que conviver para sempre com os fantasmas de suas perdas.
Uma leitura que se inicia muito fácil, que parece se tratar de uma simples história de amor, de repente se torna difícil e bastante densa. Vamos acompanhando Lenka e sua família em direção aos campos de concentração, e as coisas que são submetidos lá, e como tudo só vai piorando e ficando cada vez mais angustiante prosseguir com a leitura. Por outro lado, Josef á muito tempo perdeu todos que amava enquanto fugia para outro lugar, inclusive sua esposa Lenka, quem ele acredita estar morta. Mesmo tendo se casado de novo, Josef nunca mais foi feliz novamente, e é assombrado todos os dias pelos fantasmas de seu passado.
“Queria ser mais confiante e feminina, mas, ao contrário, só me sentia pouco atraente e insegura. Meu corpo parecia completamente estranho para mim. Durante anos havia fitado uma garota de tranças com um corpo que parecia ter sido recortado de um livrinho de bonecas de papel, mas agora, com as mudanças da adolescência, eu tinha mais consciência da forma como caminhava – e mesmo de como usava as mãos para me expressar. Um dos braços de vez em quando podia roçar um seio, quando antes se movimentava livremente na frente do meu corpo. Até mesmo meus quadris pareciam me atrapalhar, quando me lembrava de que antes era capaz de me espremer entre duas cadeiras.”
É muito triste acompanhar a vida de Lenka depois que Josef vai embora. Ler suas promessas sabendo que não vão se realizar é desesperador. Prosseguir a vida com ela, sabendo as coisas horríveis pelas quais ela vai passar, ao mesmo tempo em que ela não faz ideia, é de uma aflição imensa. É tragédia atrás de tragédia. Uma tristeza sem fim. Quase insuportável de ler. Confesso que o que não me deixou desistir foi saber que Lenka não ia morrer.
Com uma narrativa feita de lembranças, a história te prende, talvez não do início, mas quando a reviravolta acontece, é quase impossível piscar. Fui surpreendida por esperar uma história boba de amor, mas que se tornou muito forte. Para quem gosta de romance histórico, que fala muito sobre a segunda guerra mundial, este é o livro ideal. Mas não recomendo para todos mundo, Afinal, é um livro bastante detalhado sobre os relatados baseados em alguém que sobreviveu ao holocausto.
UM AMOR PERDIDO
Autor: Alyson Richman
Tradução: Ana Carolina Mesquita
Editora: RECORD
Ano de publicação: 2018
Separados pela guerra, ligados pela memória: uma história envolvente e instigante no rastro da Segunda Guerra Mundial. Na Praga do pré-guerra, Lenka, uma jovem estudante de arte, apaixona-se por Josef, um médico recém-formado. Eles vivem cheios de ideais e de sonhos para o futuro, mas também são judeus e muito ligados à família. Casam-se, mas, pouco tempo depois, como tantas outras famílias, são separados pela guerra. As escolhas impostas pelo destino os afastam, mas deixam marcas permanentes: o caos e as informações truncadas dos tempos de guerra os levam a crer que o outro morreu. Na América, Josef torna-se um obstetra bem-sucedido e constrói uma família, apesar de nunca esquecer a mulher que acredita ter morrido. No gueto de Terezín, Lenka sobrevive graças aos seus dotes artísticos e à memória de um marido que julgava nunca voltar a ver. Apesar de todas as provações e dos infortúnios, mantém a chama daquele primeiro amor acesa, guardada em seu coração. Da glamorosa vida em Praga antes da ocupação aos horrores da Europa nazista, Um amor perdido explora o poder do primeiro amor, a resiliência do espírito humano e a eterna capacidade de recordar.
