Um Chapéu Cheio de Céu foi publicado pela primeira vez em 2004, originalmente como “A Hat Full of Sky” pela Random House Children’s, e foi trazido ao Brasil em 2016 pela Bertrand, no ano seguinte ao falecimento do mais simpático criador de seres mágicos Terry Pratchett.
SOBRE O LIVRO:
Alguns anos após suas aventuras no tenebroso Reino das Fadas, Tiffany deverá colocar seus talentos, novamente em prática ao encarar mais uma emocionante jornada: deixar sua casa e sua vida não tão pacata para trás e se tornar uma aprendiz de bruxa, de verdade. A história se passa dois anos após as aventuras de Tiffany em Os Pequenos Homens Livres, e agora nossa pequena garotinha tem 11 anos, como o tempo voa. E, dessa vez, Tiffany é enviada para um lugar bem distante de suas pequenas terras, já que no local não há ninguém que pratique qualquer tipo magia ou bruxaria.
A maior parte das bruxas acredita que aquela terra não pode dar origem a uma boa bruxa, como dito já na primeira aventura da garotinha, o Giz é um terreno muito frágil e macio onde não se obtém nenhuma estrutura concreta e forte o bastante para se criar uma bruxa. Além de tudo, as pessoas que vivem por lá não permitem nenhum tipo de bruxaria em suas terras.
Tiffany tem a impressão de estar sendo seguida ao longo de seu caminho mas não consegue descobrir quem a está perseguindo. O que ela não poderia imaginar é que não seria exatamente por quem, mas sim, pelo que.
Um ser ancião místico ao qual nem mesmo a Madame Cera do Tempo (a maior bruxa desse mundo) poderá protegê-la. Por sorte os pequenos amigos de Tiffany, os Pequenos Homens Livres possuem habilidades que podem ser valiosíssimas: os Nac Mac Feegle são grandes ladrões, briguentos e por sorte podem ajudá-la. Bom, talvez.
A Srta. Plana, uma bruxa de verdade, e já experiente leva Tiffany para longe de Giz para protegê-la e para que possa aprender a controlar seus tão “novos” poderes, no entanto, o que elas não esperavam é que esse monstro tão horrível e desconhecido farejou os poderes da menina, e ele quer isso. O misterioso ser é tão temido por possuir a habilidade de possuir os corpos “humanos” e consumir almas. A nova habilidade de Tiffany de sair de seu próprio corpo o deixando desprotegido torna tudo mais atraente.
MINHA OPINIÃO:
Um chapéu cheio de céu quebrou completamente o tabu que existia pra mim sobre continuações de narrativas infanto-juvenis, onde o leitor procura pontos definitivos que liguem a história “original” com seu novo contexto.
Sem dúvida alguma o mais interessante é acompanhar o desenvolvimento de Tiffany ao longo de sua caminhada, mas o fato de que cada aventura pode ser lida de forma independente da uma visão nova a cada capítulo e acredito que também chama a atenção de leitores que não gostam de se comprometer com séries longas.
O mundo criado por Terry Pratchett continua cada vez mais fantástico e extraordinário, sempre deixando o elo entre o mundo real e imaginário de forma convincente e “possível”, afinal, tudo depende da sua imaginação. Nessa nova jornada o autor deixa um ponto mais evidente: a diferença entre o seu mundo e o mundo dos contos de fadas. As bruxas não são as vilãs. Aqui, aquilo que realmente da medo em qualquer adulto, é o que assombra as crianças.
“Lã de ovelha
Terebintina
Marujo feliz”
No segundo volume da série, Tiffany faz muitas descobertas. A menina percebe que assim como as pessoas (com as quais já estava acostumada a conviver), existem bruxas de todos os tipos. Sendo quase uma “bruxa de verdade”, Tiffany aprendeu que ser curiosa é uma qualidade essencial e agora está aprendendo o quão igualmente importante é ser uma bruxa e, não só uma pessoa, generosa, honesta, boa e leal.
Um chapéu cheio de céu trata de assuntos importantes, como o medo que as pessoas tem do que é desconhecido e que esse medo pode fazer com que não pensemos para agir. No entanto, o autor mostra como, ao mesmo tempo, coisas boas podem acontecer quando decidimos enfrentar nossos medos.
Acho que mesmo sendo uma obra infanto-juvenil, os livros de Pratchett tem tudo para agradar os mais velhos também com uma história cheia de desdobramentos e descobertas. E, para os pequenos, o fato de termos uma personagem que busca o oposto da maioria das mocinhas dos livros convencionais, e que está mais conectada com a realidade do mundo em que vivemos hoje, ajuda a diferenciar esse livro dos outros de mesmo gênero.
Então, se você leu ou não o primeiro livro, Os Pequenos Homens Livres, e está à procura de uma história interessante e cheia de magia, fica aqui a dica de Um Chapéu Cheio de Céu. Sem mencionar que as capas de ambos os livros estão super fofas também!
Uma bruxa de verdade nunca sai casualmente de seu corpo, deixando-o desocupado. Já Tiffany, de 11 anos, o faz. E existe algo à espera justamente de um corpo disponível para possuir. Algo antigo e horrível, que não pode morrer… Para lidar com isso, Tiffany tem que chegar à essência do que faz dela uma bruxa, Mas, mesmo com a ajuda dos Nac Mac Feegle – uum bando de pictsies barulhentos, durõs e fedirentos e que gostam de encarar grandes problemas -, talvez não consiga salvar a si mesma…