Um Farol no Pampa, de Leticia Wierzchowski traz a continuação do romance A Casa das Sete Mulheres. Neste segundo volume da trilogia a autora mostra novos horizontes e percepções imperdíveis. A publicação é de 2017, pela editora Bertrand Brasil.

SOBRE O LIVRO

Com o término da Revolução Farroupilha em 1845 e a vitória do Império, os farroupilhas se viram derrotados não só pelo confronto, mas pelo tempo que fez de seus lares pobres estâncias de abandono e tristes lembranças. Um lugar onde as mulheres libertariam-se de seu confinamento mas jamais estariam a salvo de suas perdas, e assim a história continuaria a seguir… Uma nova jornada se iniciaria para os jovens aflitos.

O ano é 1902 e Antônio Gutierrez embarca para o sul do Brasil, levando em sua mala o testamento do pai, Matias, deixando para ele uma parte de sua vida, uma pequena estância nos pampas gaúchos e algumas cartas amareladas pelo tempo que revelariam ao jovem a essência de seu pai.

“Os olhos baixos escondem o sopro de um medo, e em tudo o mais a imagem da serenidade.”

Paralelamente a esta história, somos levados a acompanhar a jornada de Matias, desde garoto até seus últimos dias de vida, sendo filho proibido de Mariana, sua história está sempre ligada a das sete mulheres e, futuramente, a de seu amor Inácia. Enquanto seu destino caminha, o Brasil ruma para a guerra do Paraguai. Somos sempre levados pelas cartas de Manuela através do tempo, dos amores e das angústias.


MINHA OPINIÃO

Um Farol no Pampa é, acima de tudo, um caminho entre lembranças e acontecimentos recentes, do passado e do futuro e a narrativa de um vida dedicada à espera, em vários aspectos. Mais uma vez a autora lança mão de sutilezas ao mesmo tempo em que choca não só o leitor, mas seus próprios personagens. O que da ideia de que nem eles mesmos são donos de sua própria história, e traz o leitor para mais perto da história, fazendo com que estejamos cada vez mais presos à sensação de descobrimento.

“Sou só um lembrador, seu doutor.”

A história é contada como um todo como pequenos “contos”, cada um narrando a jornada de um personagem, de entes queridos que vem e vão, criando uma teia entre cada uma das histórias. A característica mais forte até agora tem sido a descrição detalhada que a autora faz, não só de locais mas de sentimentos, se este não for o ponto mais forte de expressão da narrativa. Em um romance bem escrito a autora não deixa de causar impacto ao dar fim a vida de um personagem, revivê-lo em memória e causar tanto a dor quanto o amor a seus personagens.

Apesar de estar encantada com a trama como um todo, senti falta de conhecer um pouco mais afundo alguns personagens, e acabei sentindo como se eles estivessem ali apenas para fazer parte de um conjunto. Mas, pensando por outro lado, talvez isso faça parte de uma estratégia para aguçar a curiosidade e fazer com que o leitor tire suas próprias conclusões.

Um ponto interessante de se ressaltar é o fato de que a autora cria uma linha narrativa onde sempre existem histórias a serem contadas, onde nada nunca se repete (apesar das circunstâncias parecidas). Ao final do primeiro livro da trilogia, acabei me perguntando como e por que a autora tinha escolhido continuar uma história, que em meu ponto de vista, mesmo vaga em alguns aspectos, tinha terminado; e esperava encontrar uma narrativa monótona e repetitiva, mas acabei sendo pega de surpresa. Conhecendo um pouco mais da escrita da autora e de sua capacidade de surpreender o leitor, acredito que acima de qualquer aspecto ou impressão que eu tenha, chegarei ao final desta saga, assim como comecei, encantada por ter um pouco da história brasileira relatada de forma tão envolvente.

Apesar de me encantar com cada ponto da narrativa, é preciso dizer que para aqueles que embarquem nessa jornada, este romance não é uma história leve, até mesmo pela excessiva descrição da autora com relação aos sentimentos dos personagens, mas sim uma história de guerra, amores perdidos e corações partidos. A cada nova guerra (primeiro a revolução farroupilha e agora a guerra do Paraguai), vemos uma família sendo levada pela tristeza e por perdas que farão com que alguns ciscos caiam no olhos do leitor, mas acima de tudo, é sem dúvida um romance imperdível.

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UM FAROL NO PAMPA

Autor: Leticia Wierzchowski

Editora: Bertrand Brasil

Ano de publicação: 2017

A obra começa em 1847, onde os espaços se ampliam e perdem seus contornos, já não há a clausura de uma estância sitiada pela guerra, mas há o destino de um jovem de nome Matias e o seu medo diante dos caminhos que pareciam traçados, mas que se desfazem a cada passo na esteira dos acontecimentos que levam o Império do Brasil à Guerra do Paraguai. Neste livro, Matias interage com as personagens D. Antônia, D. Ana, Caetana, Mariana e Perpétua, consideradas heroínas na obra “A casa das sete mulheres”.

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