Um Lugar Bem Longe Daqui é um livro da autora Delia Owens, publicado em 2019 pela Editora Intrínseca.

Sobre o livro

Em 1950, Kya é uma menina solitária, abandonada pela sua mãe, irmãos mais velhos e posteriormente seu pai, e deixada à sua própria sorte. Com apenas seis anos, ela sofre de saudades de sua mãe, e se agarra às boas lembranças de sua família no brejo, lugar simples, um pouco afastado da cidade de onde vive e que nutre um imenso amor.

“Quanto se está disposto a oferecer para vencer a solidão?”

Em 1970, na Carolina do Norte (EUA), aconteceu um acidente que tirou a vida de um jovem chamado Chase Andrews, um rapaz conhecido da cidade, e com a fama de ser prodígio (e um pouco mulherengo).

Kya, apelidada como “menina do brejo”, é filha da natureza e mesmo diante da miséria e do preconceito ela tenta ir mais longe.


Minha opinião

Desde que a Reese Witherspoon anunciou esse livro em seu clube do livro, eu já fiquei muito curiosa com a premissa. Em seguida a Editora Intrínseca o publicou pelo clube de assinatura Intrínsecos, e já tinha visto muitos comentários positivos. Quando finalmente peguei o livro para iniciar a leitura, simplesmente devorei em um dia.

A narrativa em terceira pessoa é emocionante, oferecendo ao leitor uma visão privilegiada intercalando entre passado (1950) e presente (1970). A escrita da autora é primorosa, e também muito detalhista, apresentando ao leitor descrições imensas sobre a vida no brejo, sobre fauna e flora do local. Um detalhe interessante é que a autora trabalhava como zoóloga antes de escrever esse romance, e ela já chegou a morar na África para estudar o comportamento dos animais!

Entretanto, mesmo apresentando em sua sinopse a morte de Chase Andrews e o mistério que cerca a cidadezinha, o livro não se prende somente nisso, o que pode causar uma impressão errada para quem espera por uma leitura de suspense. Um lugar bem longe daqui vai bem mais além do que um mistério. O livro nos apresenta poucos personagens, sendo Kya a principal, e faz com que o leitor possa acompanhar a vida dela desde quando tem apenas 6 anos até a idade adulta.

Kya é uma criança triste, sofrida. Sua mãe, carinhosamente chamada de Ma, a deixa sem ao menos dar explicações, e a menina aguarda sua volta todos os dias. Seus irmãos também acabam indo embora, sem ao menos se despedir e ela fica jogada à própria sorte com um pai extremamente violento.  Sem o amparo de um lar, a menina tenta sobreviver com as poucas lições sobre a vida que já foram lhe passadas, e almeja por uma família, um futuro, mesmo sem saber como conseguir isso.

“A vida a havia transformado numa especialista em esmagar sentimentos até que ficassem de um tamanho possível de guardar.”

O brejo acolhe a menina, a oferece um lar e uma chance de ser feliz. Mesmo diante das adversidades, Kya ama aquele lugar e enfrenta todas as dificuldades, mesmo que seja se escondendo por dias da assistente social que tenta levá-la para a escola. As pessoas da cidade vizinha detestam quem vive no brejo, seja pela miséria em que vivem ou pela cor da pele, ali é uma cidade do interior onde o preconceito reina, e quem é diferente é excluído.

No decorrer da leitura conhecemos as poucas pessoas com quem Kya tenta ter alguma relação (Pulinho e Tate), e suas decepções ao longo da vida. A narrativa do presente nos mostra sobre as suspeitas de que o acidente de Chase Andrews não tenha sido um mero acaso, mas sim um assassinato, e posteriormente, a linha do tempo vira apenas uma, contada nos anos de 1970, onde as suspeitas recaem sobre Kya e a partir daí o ritmo acelera muito e deixa o leitor sem respostas quase até seu final.

É um livro relativamente curto, com 333 páginas, e com um ritmo intenso, fazendo com que o leitor não tenha vontade de largá-lo até finalizar. Mesmo sendo uma história de ficção, a autora pincela sobre questões de preconceito racial, e apresenta algumas cenas que deixa o leitor desconfortável e triste, além do machismo presente em outros momentos do livro.

“- É isso que ninguém entende. – Ela ergueu o tom de voz. – Eu nunca odiei as pessoas. Elas me odiaram. Elas riram de mim. Elas me abandonaram. Elas me atormentaram. Elas me atacaram. Bom, é verdade, eu aprendi a viver sem elas. Sem você. Sem Ma! Sem ninguém!”

Ao finalizar a leitura, eu me emocionei muito, pois além da escrita sensível da autora, a história é original, deixando uma pequena reviravolta para suas últimas páginas. Kya é uma personagem que me trouxe muitas reflexões sobre a vida, e espero que esse livro também encante mais pessoas. E não posso deixar de avisar que o livro já teve seus direitos cinematográficos comprados (e pela Reese Witherspoon!) e vai virar filme pela FOX.

UM LUGAR BEM LONGE DAQUI

Autor: Delia Owens

Tradução: Fernanda Abreu

Editora: Editora Intrínseca

Ano de publicação: 2019

Por anos, boatos sobre Kya Clark, a “Menina do Brejo”, assombraram Barkley Cove, uma calma cidade costeira da Carolina do Norte. Ela, no entanto, não é o que todos dizem. Sensata e inteligente, Kya sobreviveu por anos sozinha no pântano que chama de lar, tendo as gaivotas como amigas e a areia como professora. Abandonada pela mãe, que não conseguiu suportar o marido abusivo e alcoólatra, e depois pelos irmãos, a menina viveu algum tempo na companhia negligente e por vezes brutal do pai, que acabou também por deixá-la. Anos depois, quando dois jovens da cidade ficam intrigados com sua beleza selvagem, Kya se permite experimentar uma nova vida — até que o impensável acontece e um deles é encontrado morto. Ao mesmo tempo uma ode à natureza, um emocionante romance de formação e uma surpreendente história de mistério, Um lugar bem longe daqui relembra que somos moldados pela criança que fomos um dia e que estamos todos sujeitos à beleza e à violência dos segredos que a natureza guarda. A obra foi incluída no clube de livros de Reese Witherspoon, que posteriormente adquiriu os direitos de adaptação cinematográfica e vai produzir o filme com a Fox 2000.

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