Uma Coisa Absolutamente Fantástica é o primeiro romance de Hank Green, irmão do já nosso conhecido John Green. O lançamento mundial aconteceu em 2018 e aqui no Brasil ele chegou pela editora Seguinte, selo jovem da Companhia das Letras.

Sobre o Livro

April May está voltando para casa no meio da madrugada, depois de um turno de trabalho, quando se depara com algo muito estranho: há uma estátua que não faz o menor sentido, onde antes não havia nada. Sentindo que há algo ali ela liga para seu amigo Andy e pede que ele vá encontrá-la. E, disso, nasce o primeiro registro desses “robôs gigantes” de três metros de altura que estão aparecendo nas principais capitais do mundo.

Por causa do vídeo, a vida da garota vira de cabeça pra baixo e ela se vê no centro da mídia e de todo o peso que vem com isso. Porém, diferente do que ela pensava quando fez o registro, April May não imaginava o quanto essa busca por relevância e a própria busca por descobrir o que realmente é Call (nome que deu ao robô), poderia se transformar em uma busca pessoal em descobrir quem ela realmente é.


Minha Opinião

Por causa do canal Vlog Brothers, onde os irmãos Green compartilham suas histórias há vários anos e de todo o empenho que eles tem com a comunidade da internet e com causas sociais, Hank Green não me é estranho já faz bastante tempo. Com uma personalidade que ao mesmo tempo destoa e completa a de ser irmão mais famoso, ver as interações dos dois e os vídeos solo de Hank acabou se transformando algo que eu curto acompanhar.

Por isso, quando ouvi que ele lançaria seu próprio livro, fiquei bastante empolgada. Porém, mesmo sabendo das diferenças em ambos, fiquem com um leve medo de achar a escrita muito semelhante, o que não seria positivo enquanto criar uma reputação em separado, depois de já ter toda a expectativa por ter uma irmão já consagrado na mesma área.

O que posso falar sobre a minha experiência com esse livro, vem de uma relação mais pessoal não com as questões rasas da história da garota que encontra um robô gigante do nada e das buscas por respostas ao redor disso, mas do que foi trabalhado em uma sub camada, que envolve toda a exposição na internet e como isso interfere na vida e na personalidade das pessoas.

Desde que eu criei o canal no youtube, o fator ter outras pessoas olhando pra minha vida pessoal, pra dentro da minha casa, pra forma como eu me visto, me maquio, cuido dos meus gatos, escolho passar meu tempo, se tornou algo levemente assustador. Porque eu só queria falar sobre livros e achei que isso bastaria. O problema é que o elo de ligação e afinidade que se cria entre produtor de conteúdo e espectador parece exigir mais, e pra alguém que é mais introspectiva como eu, isso realmente é problemático às vezes.

E, estou me colocando aqui, sem nenhuma pretensão numa escala imensamente menor do que acontece com a protagonista. Afinal, a gente vive na era da internet, onde praticamente tudo sobre todo mundo pode ser encontrado com apenas alguns cliques e essa interferência externa, por mais que não possa parecer para os mais céticos, influencia e muito na forma como as pessoa se veem e se comportam e é nesse aspecto bem particular que o livro me ganhou.

No que diz respeito à escrita, eu realmente me senti entrando em contato com um autor novo e não colhendo semelhança de outra pessoa, o que é um ponto super positivo. Também quanto a isso, acho que Hank Green conseguiu construir uma trama sólida que flerta como vários assuntos que vão de fatos banais à coisas bem sérias como a transformação e isolamento que a protagonista passa em sua corrida infinita por relevância e seguidores.

Pra mim foi uma leitura super rápida e dinâmica e enquanto refletia sobre as coisas que aconteciam também ficava cada vez mais curiosa sobre com o autor iria resolver a teia que ele mesmo criou em explicar esses robôs e o seu papel na história. E, mesmo que a trama em si não tenha sido o que me chamou mais a atenção, acho que o livro funciona muito bem e ouvi coisas em sua grande maioria bem positivas de quem absorveu a narrativa principal sem os vieses que se sobressaíram pra mim.

Não posso dizer, porém, que não fiquei super brava com vários dos comportamentos de April May, da forma como ela optou agir, mas é mais uma reflexão do quanto ao tanto de gente que acompanhamos pela internet não está blindado dessas questões e também interpreta personagens a fim de alcançar o melhor desempenho possível, recorrendo a atos que não seriam comuns em outras ocasiões. A exposição exerce uma força enorme em cima das pessoas e, por isso, é muito importante ser cauteloso na hora de interagir e não achar que pode dizer tudo o que quiser sem filtro, expressar ódio apenas por maldade, porque tudo isso reflete no psicológico das pessoas e pode ter consequências muito ruins.

O autor também trouxe uma questão de sexualidade interessante, já que a protagonista se relaciona com sua colega de apartamento que é uma garota negra super inteligente que tem sua participação na história em pontos bem estratégicos quase como uma âncora da pessoa que April era antes de tudo isso acontecer. Sobre Andy eu não sei muito bem como me sinto, porque ele me soou como uma personagem de altos e baixos. No começo ele é que força a mão com mais intensidade e isso acaba saindo por um caminho não muito legal, o que o leva a questionar várias coisas e ao ficar insatisfeito também.

De forma geral, acho que Hank Green fez uma boa estreia, com um livro que conversa muito bem com o público mais nerd que o acompanha na comunidade Nerdfighters e, se resolver seguir escrevendo, pode ter uma carreira promissora pela frente. E, caso você não acompanhe os dois no youtube, vale muito a pena pesquisar pelos vídeos que o John fez falando sobre o livro do irmão e do quanto há uma carinho muito real entre os dois que recua qualquer tipo de sentimento de competição que muita gente incitou quando Hank anunciou o lançamento. Eu, particularmente, adorei todos os vídeos que envolviam o tema e da forma como uma reagia a ação do outro (um highlight especial pra aquele em que o John conta todos os patrocínios que fez pra promover o livro!).

UMA COISA ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICA

Autor: Hank Green

Tradução: Lígia Azevedo

Editora: Seguinte

Ano de publicação: 2018

Enquanto volta para casa depois de trabalhar até de madrugada, a jovem April May esbarra numa escultura gigante. Impressionada com sua aparência — uma espécie de robô de três metros de altura —, April chama seu amigo Andy para gravar um vídeo sobre a aparição e postar no YouTube. No dia seguinte, a garota acorda e descobre que há esculturas idênticas em dezenas de cidades pelo mundo, sem que ninguém saiba como foram parar lá. Por ter sido o primeiro registro, o vídeo de April viraliza e ela se vê sob os holofotes da mídia mundial.
Agora, April terá de lidar com os impactos da fama em seus relacionamentos, em sua segurança, e em sua própria identidade. Tudo isso enquanto tenta descobrir o que são essas esculturas — e o que querem de nós.

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