Uma proposta e nada mais é o primeiro livro da série Clube dos Sobreviventes, da autora Mary Balogh. A publicação é de 2018 pela editora Arqueiro.

Sobre o Livro

Gwendoline, ou simplesmente lady Muir, teve um casamento complicado e bem diferente daquilo que havia desejado. Talvez esse tenha sido o ponto que a impediu, após tornar-se viúva, de se envolver com qualquer cavalheiro que seja. Acontece que agora ela já não está em paz na sua solidão mesmo que tente preencher qualquer vazio com tudo aquilo que a aristocracia oferece para damas como ela.  Talvez seja a hora de encontrar alguém, afinal.

Hugo teve uma vida difícil, e viu o exército como uma alternativa à pobreza e miséria. Agora, no pós-guerra que devastou muito mais do que cidades e exércitos, ele tenta trazer um novo significado à sua vida e encontrar uma maneira de seguir em frente. O título de nobreza que ganhou como um reconhecimento por sua bravura não foi algo que ele desejou, e o coloca em uma posição com a qual ele não está preparado para lidar. Afinal, ele detesta a aristocracia e todos os melindres que acredita fazer parte desse meio.

“Todos nós somos dignos do amor.”

Quando Gwen e Hugo se conhecem eles percebem que não têm nada a ver um com o outro, são de mundos completamente diferentes e seus desejos e vontades caminham em direções opostas. Acontece que a vida pode ser tão maravilhosamente misteriosa que no fim das contas a ideia de que possa haver um romance entre os dois já não parece tão absurda assim.


Minha Opinião

Uma das coisas que mais gosto nos romances de época é conhecer histórias que apresentam certa peculiaridade. Sempre tem uma mocinha que foge do padrão, ou um verdadeiro lorde que no fundo é um libertino de melhor classe, ou até mesmo uma subtrama com toques de comédia, ação ou mistério. É raro eu encontrar um livro deste gênero que tenha uma narrativa feita de personagens perfeitos vivendo num contexto histórico maravilhoso, até porque são os desdobramentos dessas ‘imperfeições’ que acabam dando a graça do texto.

Uma Proposta e Nada Mais me chamou a atenção justamente por apresentar um enredo repleto de imperfeição: O contexto histórico é um pós-guerra que deixou marcas profundas. Os personagens são um grupo de amigos que de algum modo foram afetados por essa guerra e lidam com as consequências disso, sejam elas físicas ou emocionais. E cada um destes personagens está tão maculado que a gente já espera que, ao contar suas histórias, eles nos envolvam numa rede que vai do amor ao drama rapidamente, mas garantindo que depois de mostrar suas dores tenham enfim um final feliz.

“Todos nós precisamos ser amados, Gwendoline, de uma forma plena e incondicional. Mesmo quando carregamos o fardo da culpa e acreditamos não merecer amor. A verdade é que ninguém merece. Não sou religioso, mas acredito que é disso que tratam as religiões. Ninguém merece, mas ao mesmo tempo, todos nós somos dignos de amor.”

Neste primeiro livro da série temos um ex combatente de jeito simplão, rude e que repele qualquer ligação com a aristocracia (com exceção dos amigos que fazem parte do grupo). Então o mocinho aqui é certamente difícil de encaixar naqueles moldes de perfeição cavalheiresca que as mulheres desta época eram encorajadas a buscar. A mocinha vem no mesmo sentido, o que me deixou imensamente feliz. Isso porque comumente encontramos protagonistas maravilhosas fisicamente, ou as que têm uma ‘beleza diferente’, que são retratadas como ‘comuns’ ou até mesmo feias, mas que vão se embelezando conforme seus pares românticos se apaixonam por elas. Mas raramente vemos uma personagem – principalmente uma dama – trazer questões que não serão modificadas com o surgimento do amor. Então e Gwen, com seu pé torto e seu mancar evidenciado, me deixou uma sensação gostosa de estar lendo uma história com pessoas de verdade.

O romance entre os dois também me agradou bastante. Talvez porque não se trata da relação de dois jovens inexperientes, talvez porque é uma relação que nasce da vontade de ter alguém do lado que nos aceite do jeito que somos e que nos ame independente de qualquer coisa. Talvez porque é um romance que vai surgindo aos poucos, sem insta love, sem pressão que não tivesse uma relação com o simples fato de querer alguém que nos agrada e faz bem independente da opinião dos outros. Gwen e Hugo mostram é possível encontrar algo de bom até nas situações mais terríveis. E que aquele refúgio que buscamos, capaz de nos afastar do medo e da dor, nem sempre é um lugar seguro afastado dos perigos. Às vezes é um abraço. Um olhar entendedor. Aquela pessoa totalmente imperfeita que é completamente perfeita para você.

Juntamente ao desenrolar da história dos protagonistas, vamos conhecendo mais sobre o motivo do grupo existir, como se reuniram, além de recebermos fragmentos da personalidade e da história dos outros integrantes do Clube dos Sobreviventes, o que torna possível dizer já neste primeiro momento que estes livros têm tudo para ser incríveis. A Arqueiro acertou em cheio ao trazer uma nova série da Mary Balogh, principalmente após terminar de contar as histórias dos Bedwyns e deixar os fãs da autora com gostinho de quero mais (que é Ligeiramente saciado quando o Wulf nos presenteia com uma aparição, neste livro, que é bem a cara dele). Portanto, sendo fã da Mary ou não conhecendo seu trabalho, este é um livro imperdível para quem gosta de romance de época ou para quem busca uma leitura sobre dor, amor, tristeza e esperança. E sobre recomeços, é claro.

 

UMA PROPOSTA E NADA MAIS

Autor: Mary Balogh

Tradução: Livia de Almeida

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2018

Primeiro livro da série Clube dos Sobreviventes, Uma Proposta e Nada Mais é uma história intensa e cativante sobre segundas chances e sobre a perseverança do amor.
Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela.
Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa.
Hugo a princípio não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre.

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