Vergonha é um livro da autora Brittainy C. Cherry. Seu lançamento é de 2019 pela editora Record.

Sobre o Livro

Grace é a filha mais velha do pastor de uma cidade pequena. De família abastada, bem relacionada e bem estabelecida, ela faz parte do que podemos chamar de ‘realeza’ daquela cidadezinha. Ela foi criada sempre seguindo padrões muito altos relacionados a tudo: o que vestia e comia, como se comportava e com quem se relacionava, que carreira deveria seguir e de que maneira seria mais adequado encaminhar o curso de sua vida. E ela sempre seguiu estes padrões, por vezes demais desumanos, porque era aquilo que conhecia. E porque ela não queria decepcionar sua família, especialmente sua mãe. Uma mulher rígida, preocupada demais com a opinião alheia e que colocava o pensamento dos outros sempre num patamar que era mais alto do que as impressões e sentimentos das próprias filhas.

Do outro lado temos Jackson Emery. Um garotinho extraordinário, que passou maus bocados na infância e que agora, aos 24, precisa lidar com a ausência da mãe e com um pai que se afunda cada vez mais na bebida. Jack não é quem ele gostaria… Ele é o monstro da cidade. O sujeito para quem ninguém estende a mão e de quem todos distanciam o olhar. Ele é grosseiro, ele é frio, ele não se importa com nada. Ele é aquele cara que já viveu tanta coisa ruim que apenas aceitar interpretar o papel do próprio diabo é o que lhe cabe fazer. E assim ele faz. Vive sua vida entre lidar com as consequências da embriaguez do pai, enquanto trabalha na oficina da família e cuida do cachorro, seu único amigo.

“Era estranho como pessoas tristes podiam ajudar umas às outras a respirar.”

Duas pessoas quebradas. Dois seres humanos que já não acreditam no amor nem em si mesmos. Dois opostos que se encontram no pior momento de suas vidas, mas que, se eles permitirem, pode se tornar exatamente o que ambos precisam para encontrar o final feliz que tanto merecem.


Minha Opinião

Fazia tempo que eu não me sentia tão profundamente tocada por um livro. Eu parto do princípio que leitura é feita de momento. E acredito que, muitas vezes na vida, a gente recebe pequenos sinais que são presentes do universo; e que chegam até nós de maneiras distintas e por motivos diversos. Quem nunca leu uma frase sem querer, e que fez todo o sentido naquele instante? Quem nunca teve nas mãos um livro que contava uma história tão parecida com a nossa própria, como se tivesse sido escrito para a gente? Quem nunca viu alguém, ou teve uma sensação de dèjavú ou simplesmente se deparou com algo inesperado, e que independente de que forma se mostrasse, era exatamente aquilo que você precisava ver/ouvir/sentir naquele momento? Por motivos diversos, esse livro foi assim, uma espécie de presente do universo. Que chegou em minhas mãos ao acaso, que contou a história de pessoas que pouco tinham a ver comigo, e que mesmo assim falou para o meu coração como se fosse o maior conhecedor do conteúdo que carrego nesse órgão. E embora seja uma coisa muito louca, essa coisa que o leitor sente quando se depara com uma obra assim, é também inacreditavelmente especial.

Grace e Jackson são polos completamente opostos e isso fica claro desde o começo. Eles lidam com questões que causam dor, tristeza, agonia, e justamente porque não têm ninguém para apoiá-los, acabam encontrando esse suporte um no outro. É claro que eles ficam juntos pelos motivos errados. É claro que a relação deles é tanto a ruína quanto a salvação de ambos. E é claro que a gente sente o peito doer e a garganta arder com o passar das páginas, porque se não fosse assim, não seria um livro da Cherry. Mas o que importa aqui não é a relação deles, ou pelo menos não a parte quente e sensual que se espera de um romance que tenha como protagonistas o badboy bom de cama e a mocinha correta demais que decide se rebelar. O que importa é que neste livro existe uma livraria incrível. Existe um mocinho todo quebrado que é fã de young adults e uma mocinha toda machucada que vê nos livros a salvação para o lado feio da vida. Eles encontram nas páginas que leem os finais felizes pelos quais tanto sonham.

“Era tão intrigante olhar com atenção para alguém que eu acreditava ser tão diferente de mim e enxergar partes que combinavam perfeitamente com alguns cantos da minha alma.”

E quando a gente passa a, citando o próprio livro, se permitir enxergar tudo com uma lente de aumento, é lindo de ver. Como uma história que poderia ser simplesmente mais um livro da nossa pilha interminável pode se mostrar como um grande presente do universo. Uma história que fala, de maneira nem sempre bonita, sobre a importância do amor. Sobre a necessidade do perdão. Sobre a capacidade que temos, mesmo que a gente não saiba disso, de se reerguer até após a pior das quedas. Esta história fala sobre como é imprescindível que a gente se conheça, se ame e que se aceite como é, antes de querer que qualquer outra pessoa o faça por nós. Antes de oferecer isso a qualquer outro ser humano. Este livro fala sobre uma vida que nem sempre tem aquele final feliz perfeito que a gente espera encontrar, mas faz isso como uma espécie de lembrete ao leitor de que a vida não precisa ser perfeita para ser maravilhosa. E que o final é o de menos quando ainda temos a chance de aproveitar o aqui e agora.

“— Nós fomos criados para sentir, Grace. Acontece que, às vezes, nossos sentimentos parecem desordenados. É incrível como seu coração pode bater cheio de amor em um momento, e no seguinte, o ódio entrar. Você não está errada por se sentir assim.”

Então, se o que você procura é um livro que é totalmente perfeito dentro de toda a sua imperfeição, uma história que é capaz de tocar o coração desde as primeiras páginas e que promete ficar guardadinha ali dentro para sempre, esta é a obra perfeita. Se o que você quer é sentir sua fé se renovando – seja ela em Deus, no outro, em você mesmo ou na literatura, este é o livro perfeito. E se tudo o que você precisa é receber um abraço apertado enquanto você coloca para fora toda a dor que sente enquanto lê sobre a dor do outro (que pode inacreditavelmente se assemelhar demais à sua), este livro é a companhia perfeita. É aquele tipo de história que de tão triste, dura, feia e real, se torna perfeitamente adequada. Maravilhosa. Imperdível.

 

VERGONHA

Autor: BRITTAINY C. CHERRY

Tradução: NATALIE GERHARDT

Editora: RECORD

Ano de publicação: 2019

Um amor inesperado que surge de forma inusitada e arrebata a vida de Grace Harris. Grace Harris está perdida e sozinha em sua casa em Atlanta depois que o homem que ela pensou que ficaria a seu lado pelo resto da vida traiu sua confiança, partiu seu coração e saiu de casa, deixando seu casamento em suspenso. Grace resolve, então, passar o verão com a família em Chester, sua cidade natal, para respirar, dar um tempo de tudo. Sua vida está uma bagunça e o que ela precisa no momento é de um pouco de gentileza e compaixão.
Por incrível que pareça, Grace encontra isso na pessoa mais improvável de todas: Jackson Emery, a ovelha negra da cidade. Conhecido como a erva daninha de Chester, ele é sinônimo de encrenca, e não faz nada para mudar essa imagem. Tendo perdido na infncia o que havia de mais valioso na vida, Jackson se tornou um homem amargurado e não dá a mínima para o que pensam dele. Os caminhos de Grace e Jackson acabam se cruzando de um jeito inusitado e a tristeza profunda que carregam atrai os dois como ímã. Ambos sabem que não foram feitos um para o outro, mas, como tudo vai acabar mesmo com o fim do verão, resolvem deixar rolar e se entregar a uma diversão passageira.
Porém, o que Grace não imaginava é que seu coração, já destroçado, seria obrigado a aprender que certos relacionamentos são capazes de causar dores muito profundas, e que é sempre preciso fazer uma escolha.

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