Este lançamento da Arqueiro no final do ano de 2023 do autor britânico Ken Follett, conta a história da famosa Kingsbridge na era napoleônica.

Sobre o Livro

Kingsbridge, século XIX. Napoleão Bonaparte se tornou um dos homens mais destemidos da Europa. De militar passou a imperador e com sua inteligência e perspicácia expandiu o império francês para além da Alemanha e Espanha, causando uma guerra em proporções continentais.

A Inglaterra era um de seus alvos principais pois ficava a um canal de distância. E esta guerra teve seu custo. Muitas pessoas foram afetadas, o preço do pão subiu, mas a economia se viu em constante mudança. Isto por que a Revolução Industrial deu-se início com a vinda de máquinas para substituir o homem.

“[…] Sentou-se diante da roca e ficou fiando até Kit acordar, então preparou um desjejum de pão com banha e chá para ambos. Em breve ficaria pobre demais para comprar chá.”

Com este cenário, o povo de Kingsbride teve que lidar com a fome, a miséria, uma jornada de trabalho de 12 horas e 6 dias na semana, além de inúmeras outras dificuldades como leis mais rígidas contra os operários, uma “democracia” que representa só os mais ricos e a ameaça constante de que a Inglaterra poderia ser invadida.

No meio disso tudo, ainda havia aqueles que se aproveitavam do momento para ganhar ainda mais dinheiro. Utilizavam das leis a seu favor e do poder do status que tinham para alcançaram seus objetivos. A Inglaterra do século XIX era uma Inglaterra da injustiça, da miséria, do trabalho escravo e da desigualdade social alarmante.

Minha Opinião

A Armadura da Luz traz a sequência mais atual da famosa cidade fictícia de Ken Follett, ao redor de 300 anos depois de Coluna de Fogo, livro anterior a este. Apesar de haver uma sequência cronológica de cinco livros começando desde sobre o surgimento de Kingsbridge em O Crepúsculo e a Aurora, este livro assim como os demais não precisa ser lido em uma ordem específica até por que as histórias são independentes, mas ambas se conectam no mesmo universo.

Depois que Ken Follett lançou O Crepúsculo e a Aurora, eu me perguntei durante um tempo se ele daria continuidade com este universo e lançaria algum livro que narrasse o período da Revolução Industrial. Dito e feito: Ken Follett entregou mais uma oportunidade de revisitar Kingsbride. E aqui ele pôde de novo manter sua qualidade quanto escritor e contador de histórias.

“- Preciso entregá-lo para o xerife. O que ele roubou vale mais de cinco xelins, e a senhora sabe o que isso significa.
– O que significa? – indagou Elsie.
– Que ele pode ser enforcado.”

Há uma vastidão de personagens e o livro começa em uma pegada muito boa para se inserir na história. Há diversos pontos marcantes em que a trama corresponde com a realidade da época: a fome, a miséria, a desigualdade, a injustiça… Todos estes elementos estão muito bem presentes em diversos momentos do livro que se abrem para cenas de julgamentos em tribunais, greves e manifestações dos operários, o dia a dia dos trabalhadores e os efeitos que a guerra causa de uma forma em geral.

Follett sempre foi muito habilidoso em construir uma trama muito bem articulada que faça com que as páginas voem rapidamente. Além disso ele deixa sua marca. Para quem já leu alguns livros dele, consegue-se perceber que ele mantêm um padrão quanto às personalidades dos personagens. Sempre haverá alguém de coração nobre enquanto outros como os vilões da história. Só que Follett nunca foi de escrever sobre a história do bem contra o mal. E sim sobre pessoas e como a vida era na época.

Apesar de sua marca se repetir ao longo dos livros, eu particularmente não acho isso um problema até por que nenhum livro dele se tornou repetitivo (e olha que já li vários dele!). E em Armadura da Luz existe alguns elementos um tanto novos (ou inéditos) que o autor pôde explorar mais.

“- Veja bem, querida, não é bom para as classes trabalhadoras aprender a ler e escrever. […] Livros e jornais enchem suas cabeças de ideias compreendidas só pela metade. Isso as deixa descontentes com a situação de vida que Deus lhe impôs. Elas começam a alimentar ideias tolas sobre igualdade e democracia.”

A começar com o fato que neste livro existe um protagonismo LGBTQIA+. A maioria – se não todos – os seus livros contêm diversos momentos de romance e foram os poucos livros que tiveram um personagem LGBT. Isto passou a me fazer muita falta pois não contemplava completamente a realidade da época quando a temática era sobre o amor e o “se apaixonar”. Mas Ken Follett se permitiu explorar mais isto neste livro, entregando um personagem que pudesse mostrar como era a realidade naquela época.

Follett não é uma pessoa LGBTQIA+, mas pôde entregar para seus fans ao menos uma representatividade dígna aos moldes do seu universo e que pudesse corresponder com a realidade da época. O desfecho deste livro também foi um ponto positivo pois foi um pouco fora da curva daquilo que se espera nos livros dele, o que até então foi interessante.

O escritor soube explorar muito bem não só o cenário da guerra contra Napoleão, mas também a Revolução Industrial como um todo e até os mínimos detalhes de uma rotina diária de trabalhos árduos. Sempre quando pego um livro escrito por ele já imagino o quão grandioso será a história e o quão poderei me divertir e ao mesmo tempo aprender detalhes históricos que marcaram nossas vidas. É um momento tão único que Ken Follett nos proporciona. É por isto e por inúmeras outras razões que ele é um dos meus autores favoritos.

​A ARMADURA DA LUZ

Autor: Ken Follett

Tradução: Fernanda Abreu

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2023

Em 1770, a invenção da máquina de fiar inaugura uma nova era na indústria da tecelagem. Na Inglaterra, um governo despótico está determinado a fazer do país um poderoso império comercial. No entanto, ao mesmo tempo que a capacidade de produção se multiplica, os perigosos equipamentos recém-inventados tornam alguns empregos obsoletos e destroem famílias. Em Kingsbridge, as mudanças históricas se entrelaçam às sagas pessoais: um camponês é morto em um acidente de trabalho por negligência do patrão. Uma jovem luta para financiar uma escola para crianças pobres. Um rapaz ingênuo e apaixonado herda um negócio falido. Um tirano chega às últimas consequências para proteger sua riqueza. Na França, Napoleão Bonaparte começa sua ascensão ao poder e os países vizinhos se põem em alerta máximo. À medida que o conflito se aproxima, instituições são desafiadas – e derrubadas – e a luta de um pequeno grupo de pessoas definirá a busca de toda uma geração por um futuro livre de opressão. Por meio de personagens cativantes, Ken Follett apresenta uma nova perspectiva sobre as mudanças fundamentais que ocorreram na Europa no fim do século XVIII e início do XIX, e que revolucionaram o mundo.

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