Cartas para Martin é uma obra da autora Nic Stone, publicado em 2020 pela Editora Intrínseca.

Sobre o Livro

Justyce achou que estava fazendo uma boa ação quando foi buscar sua ex num estacionamento, mas os policias que o abordaram não pensaram da mesma forma ao ver um garoto colocando uma garota bêbada dentro do carro. Foi assim que Jus acabou preso injustamente.

Jus é um bom garoto. Estuda numa escola de elite e sonha em ser aprovado em uma das faculdades da Ivy League, mas parece que todo o esforço que fez até agora parece em vão. Sua vida vira de cabeça para baixo após ser detido. Muitos questionamentos aparecem e a única coisa que parece colocar seus pensamentos em ordem é quando começa a escrever cartas para Martin Luther King.

“Tudo bem que eu cresci numa área violenta, mas sei que sou uma pessoa boa, Martin. Sempre pensei que, se eu me esforçasse muito e fosse um cidadão exemplar, não passaria pelas coisas que os OUTROS negros passam, sabe? É difícil aceitar que eu estava enganado.”


Minha Opinião

O livro de estreia da Nic Stone é uma obra necessária e que todo jovem deveria ler – sendo uma pessoa negra ou não. A sacada de Justyce com a pergunta: ‘O que Martin faria?’ é o que coloca o jovem em transformação nas primeiras páginas, quando o episódio de profiling – que é quando a polícia age com base em um “perfil” que considera criminoso, no caso jovens negros – acontece, e Jus percebe que precisa aplacar a raiva de alguma forma.

Antes do acontecimento, o próprio Jus entendia as questões envolvidas ao ser um garoto negro, mas era diferente; ele deixava passar oportunidades de mostrar seu ponto de vista, se omitindo em coisas que até aquele momento para ele não tinha muita importância ou se posicionar, saindo da nossa zona de conforto.

Há um verdadeiro debate durante o livro, pois a história se passa dentro de uma escola, então aulas estão acontecendo. E uma delas é do professor Doc, que traz para a sala uma conversa clara e sem rodeios onde os alunos vão se expressar sobre questões importantes que afetam outros. É interessante como o leitor vira um participante também, nos ajudando a argumentar ao encararmos certas situações

“Mas, antes de dizer que algo “não é justo”, você deveria considerar seu lugar de partida em comparação com o de outras pessoas.”

Outra personagem que rouba a cena é a Sarah-Jane ou SJ, a dupla de Justyce nos debates. Uma garota branca, defensora daquilo que acredita e maravilhosa. Todas as vezes em que falava algo, eu sentia vontade de dizer: “É isso aí, garota!”, pois nunca fechava os olhos ao que acontecia ao seu redor. O que torna a dinâmica dela com Jus ainda melhor, já que a evolução deles durante o livro é gradativa e vão precisar transpassar algumas pedras no caminho.

Manny é outro aluno negro, o melhor amigo de Jus, mas devido à sua posição social conviveu mais com pessoas brancas. Mas ninguém nesse livro é imune à transformações, e quando acontece é impactante para a amizade deles e na dos amigos do time de basquete que usam o “racismo reverso” como muleta para se defenderem, sem base alguma, já que o termo não existe.

Gostei muito de como a Nic Stone, sendo uma autora negra, não mostra apenas um lado da história sobre o preconceito, mas também salienta como gangues e o tráfico mancham a reputação do negro perante a sociedade e nos faz ser generalizados.

Leitores que gostaram de “O Ódio que você semeia” da Angie Thomas, com certeza vão gostar desse livro de estreia da Nic Stone. Mas se você nunca leu nada do tema, aqui é um ótimo ponto de partida. “Cartas para Martin” é bem curtinho, possível de ler em um único dia, e expressa mais do que o necessário em suas 250 páginas.

CARTAS PARA MARTIN

Autor: Nic Stone

Tradução: Thaís Paiva

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2020

Sinopse: Justyce McAllister é um garoto de dezessete anos com um futuro brilhante pela frente. É um dos melhores alunos de uma prestigiada escola de Atlanta, tem uma mãe amorosa e um melhor amigo incrível. No entanto, um episódio de violência policial traz à tona que a distância entre ele e seu futuro é quase um abismo. Porque Justyce McAllister é negro, e isso significa que, muitas vezes, é julgado pela cor de sua pele. Ao ser agredido e detido injustamente, o olhar de Justyce desperta para um novo mundo, um lugar solitário em uma sociedade que insiste em vê-lo como ameaça ou como promessa de fracasso. Ele se dá conta, então, de que não pode mais fingir que não tem nada errado e decide iniciar um projeto: escrever cartas para Martin Luther King Jr., um dos mais importantes ativistas políticos pelos direitos dos negros, símbolo da luta contra a segregação racial nos Estados Unidos, morto em 1968. Ao tentar aplicar os ensinamentos de Luther King em sua vida, Justyce começa a trilhar um caminho para entender não só como deve reagir diante das injustiças, mas que tipo de pessoa ele quer ser. Em meio a questões familiares, desentendimentos com os amigos e complicações da vida amorosa, nas cartas ele expõe suas dúvidas, sua angústia, sua revolta e a percepção clara de que a sociedade não é tão igualitária quanto deveria.

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