Com Amor, Simon é o novo nome de Simon vs a Agenda Homo Sapiens, de Becky Albertally, lançado primeiramente no Brasil em 2016 e, em 2018 com nova edição, em decorrência do filme, pela editora Intrínseca.

Sobre o Livro

Simon tem 16 anos e é gay. Porém, ninguém além de Blue deveria saber disso. Esse misterioso garoto com quem ele troca e-mails postou anonimamente sobre a sua sexualidade e, sentindo a identificação, Simon entrou em contato. Desde então ele tem feito o seu coração bater mais forte, mesmo sem saber qual sua real identidade.

“É que às vezes parece que todo mundo sabe quem eu sou, menos eu.”

Entretanto, a coisa fica um pouco mais complicada quando Martin, um menino da escola, descobre sobre os papos e chantageia expor Simon e Blue se algo que ele quer não for feito. Isso faz com que o garoto tenha que pôr em cheque vários de seus medos e traz a tona a necessidade de se abrir, mesmo não se sentindo confiante pra isso.


Minha Opinião

Quando o livro foi lançado em 2016 todo mundo comentou muito sobre a história e, por não ser meu gênero de maior afinidade e ter ficado sabendo muito sobre o plot, deixei a leitura passar. Em 2017 a autora lançou um novo livro chamado Os 27 Crushes de Molly e reacendeu a vontade de conhecer as histórias.

Num primeiro momento investi em Molly já que tinha ouvido falar em esse superar a primeira publicação, entretanto, mesmo gostando da história e encontrando ali um assunto super relevante, não foi o suficiente para me fisgar. Ai, como o buzz em volta do lançamento do filme, acelerei a leitura de Simon vs a Agenda Homo Sapiens e eis que fui bastante surpreendida.

Em 2016 eu li Três Coisas Sobre Você, um dos meus títulos favoritos do gênero e que tem uma fórmula parecida: duas pessoas trocando e-mails, onde só conhecemos a identidade daquele que narra a história. A diferença fica no fato de Simon ser uma história LGBT e que trabalha bastante a questão de “sair do armário” e da aceitação entre amigos, família e sociedade.

Então, logo que adentrei às páginas escritas por Albertally me vi super conectada com a trama e torcendo imensamente por Simon. Vale a pena dizer que essa, apesar da temática, é uma história leve e com vários picos de humor. A história contada aqui tem uma mensagem a passar, mas escolhe trazer ela entre momentos de descontração, em uma configuração bem amena. Simon é branco, tem uma família estruturada que o ama, é de classe média alta, tem seu grupo de amigos e vive uma vida muito boa. Mas nada disso diminui o fato de que ele ainda não se sente “seguro” para expor sua sexualidade ao mundo.

“Mas estou cansado de sair do armário. Tudo o que eu faço é sair do armário. Tento não mudar, mas estou sempre vivendo essas pequenas mudanças. Arrumo uma namorada. Tomo uma cerveja. E, todas as vezes, preciso me reapresentar para o universo.”

E é nesse ponto da exposição que a autora apresenta uma lógica bacana. Porque somente quem é homossexual precisa fazer todo o “ritual” de expor isso às pessoas? Porque há tanta “naturalidade” em você ser hétero, que é a suposição principal que não precisa ser anunciada? Mesmo com o tom sério do questionamento ainda há uma conversão para tornar tudo leve e bem humorado.

Além de sua relação com Blue que aos poucos vai ir evoluindo e a dúvida que paira sobre nós leitores sobre sua identidade, outro fatos também são abordados. O ambiente familiar, as piadas com relação a sexualidade, a relação de amizade entre os personagens, o amor na adolescência e o bullying escolar que sempre marca presença. Prém, como eu falei, Simon tem uma vida estruturada e consegue carregar a situação com certa serenidade, mesmo tendo pontos onde tudo está desabando.

“Ele falou como você pode decorar os gestos de uma pessoa, mas nunca saber o que se passa na cabeça dela. E ter a sensação de que todos somos como casas com aposentos enormes e janelas pequenininhas. Sobre como você pode se sentir muito exposto, de uma forma ou de outra. Sobre como ele se sente tão escondido e tão exposto, em relação a ser gay.”

Podemos nos questionar sobre o peso ou relevância da história por não ir além do conflito mais simples, entretanto, é exatamente isso que pra mim torna ela válida. Nem tudo na vida precisa ser rodeado o tempo inteiro de problemas. Existem pessoas como Simon, felizmente, que tem famílias legais, amigos e uma estrutura ao seu redor. Aliás, isso deveria ser o mais normal, né? São essas histórias mais “amplas” que abrem as portas para que pessoas com mais peso do que isso criem coragem para contar suas próprias histórias, acrescentar os seus fatos, expor o seu ponto de vista.

A escrita da autora fluiu muito bem pra mim e de forma ainda mais leve quando via os personagens trocando seus e-mails. Gosto de ambas as capas, mas não sei bem como me sinto com a mudança de nome, já que há toda uma explicação dentro da história para a “agenda homo sapiens”.

Com amor, Simon é uma história de amor adolescente que aqueceu meu coração pouco a pouco e me fez torcer para que esses dois jovens pudessem ter uma chance às claras, numa situação que começou nas sombras da solidão, onde muitos outros jovens homossexuais se escondem por medo do julgamento e das consequências sociais. É um livro sobre como é normal você ser quem você é e amar da forma como quiser amar. É um livro de pertencimento aos jovens e talvez até de encorajamento aos mais velhos, na escolha ou não de se “revelar” ao mundo.

COM AMOR, SIMON

Autor: Becky Albertally

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2018

Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Ele só não contava que Martin, o bobão da escola, iria chantageá-lo ao descobrir sua troca de e-mails com Blue, pseudônimo de um garoto misterioso que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte.

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