Medéia é uma peça trágica escrita por Eurípedes e encenada nas Dionísias em 431 A.C. A edição lida foi publicada em 2001 pela Zahar.
Sobre o livro
A peça é a parte final do mito de Jasão, por isso, uma pequena contextualização é necessária. Jasão ou Jasón era herdeiro do trono de Iolco, mas seu pai teve o trono usurpado por um parente, Pelias. Chegado o momento de reaver o poder, é feito um acordo entre Pelias e Jasão. Se Jasão recuperasse uma relíquia de família, este ascenderia ao trono.
Para ajudá-lo na missão, Jasão seleciona alguns jovens prodígios da época e, na embarcação Argó, vão em busca do novelo de ouro. Depois de muitas aventuras, Jasão chega em Cólquida e, para receber o novelo de ouro, precisa cumprir quatro desafios considerados impossíveis.
Para ajudá-lo, Hera pede que Afrodite faça Medéia, filha do rei de Cólquida, se apaixonar por Jasão. O chefe dos argonautas pede ajuda de Medéia, mas antes de ajudá-lo, faz Jasão prometer se casar com ela e ser eternamente fiel.
Com relação a mim (já que exaltaste tanto os teus serviços), devo atribuir a Cípris, e a mais ninguém, seja mortal ou seja deus, todo o sucesso da minha expedição.
Cípres é a deusa do amor, também conhecida como Afrodite.
Após a conquista do novelo de ouro, todos fogem para Iolco. Todavia, o casal acaba sendo expulso e se refugiam em Corinto. Ambos são felizes até que Jasão se apaixona por Glauce, filha do rei Creonte. Para casar-se com a moça, ele repudia Medéia.
Traída, Medéia trama um plano para se vingar de Jasão e Creonte. Sabendo dos poderes de Medéia e temendo represália, Creonte determina que ela e os filhos saíam de Corinto. Como Medéia traiu a própria família para ajudar Jasão, ela não tem para onde ir e não aceita que tenha que viver de favor, muito menos ajudada pelos amigos do marido traidor.
Orgulhosa, ela acelera o plano de vingança para destruir seus inimigos, mas a única maneira de dizimar Jasão é cortar na própria carne.
Minha Opinião
Medéia é uma peça extraordinária, pois conhecemos melhor o papel da mulher naquela sociedade. Medéia é uma mulher apaixonada que trai a família para começar uma nova vida com o homem que ama. As mulheres não tinham pouco valor naquela época, eram basicamente moeda de troca dos homens da família. O casamento era o meio pelo qual alianças eram formadas e a prole servia para perpetuar o legado da família.
Das criaturas todas que têm vida e pensam, somos nós, as mulheres, as mais sofredoras.
De início, temos de comprar por alto preço o esposo e dar, assim, um dono a nosso corpo – mal ainda mais doloroso que o primeiro.
Mas o maior dilema é se ele será mal ou bom, pois é vergonha para nós, mulheres, deixar o esposo (e não podemos rejeitá-lo).
Embora Jasão tenha jurado, no templo de Hecate, fidelidade eterna, este quebra o juramento. Jasão macula o leito nupcial ao repudiar Medéia para casar-se com a filha do rei de Corinto.
Indignada, Medéia vai travar uma luta interna sobre o alcance dos seus planos. Ela que é considerada uma bárbara, uma feiticeira habilidosa, que descende do próprio sol. Abriu mão da terra natal e seu status pelo marido e não deixará essa traição impune.
Esta peça é considerada uma obra prima e, desperta em que lê, diversos conflitos. Não só pelo ato antinatural praticado, mas por todo o contexto da trama. É uma leitura inesquecível.
Vezes sem número a mulher é temerosa, covarde para a luta e fraca para as armas; se, todavia, vê lesados os direitos do leito conjugal, ela se torna então, de todas as criaturas a mais sanguinária!
A edição da Zahar vem com uma excelente introdução para que o leitor conheça todo o mito de Jasão e a importância de Medéia na conquista do tosão de ouro e a retomada do trono.
A tradução de Mário da Gama Kury é uma das mais acessíveis, sem rebuscamento e de fácil entendimento. Caso tenha interesse, aconselho adquirir as que ele tenha traduzido.
Eurípedes foi um célebre dramaturgo que produziu cerca de 74 obras entre tragédias e sátiras. Costumava participar das Dionísias, onde suas obras eram encenadas, tendo Medéia conquistado o terceiro lugar.
Infelizmente, da sua extensa obra, apenas dezenove restaram: Hipólito, As Troianas, Helena, Orestes, Ifigênia em Áulis, As Bacantes, Andrômaca, Os Heráclidas, Hécuba, As Suplicantes, Electra, Herácles Furioso, Ifigênia em Táuris, Íon, As Fenícias, O Ciclope e Resos.
MEDÉIA
Autor: Eurípedes
Tradução: Mário da Gama Kury
Editora: Zahar
Ano de publicação: 2001
A consagrada tradução do especialista em grego, Mário da Gama Kury Depois de vencer provas sobrehumanas com a ajuda dos poderes mágicos de Medéia, Jáson a toma como esposa e foge para Corinto. Lá eles vivem felizes por 10 anos e têm dois filhos. Até que Jáson se apaixona pela princesa de Corinto e rejeita Medéia. Determinada a se vingar, Medéia decide punir o marido matando seus próprios filhos e a princesa, condenando Jáson a envelhecer sem esposa e sem filhos. Uma das mais conhecidas peças de Eurípides, Medéia é considerada uma obra-prima do teatro trágico.