O Bazar dos Sonhos Ruins é um livro de contos do autor Stephen King e foi lançado pela Suma de Letras em 2017.

Sobre o livro

O livro possui 20 contos e algumas histórias já foram publicadas anteriormente. Antes do início de cada narrativa temos uma introdução do próprio King sobre o que será tratado no texto além de, em alguns casos, ele explicar como surgiu a ideia para determinado conto. Passeamos entre diversos mundos e histórias. Conhecemos muitos personagens e, não se engane, não encontramos apenas contos apavorantes cheios de sangue e monstros. Temos também contos mais reflexivos e, pasme, poemas!

“Milha 81” é o carro chefe, contando a história de Pete Simmons, uma criança que no auge dos 10 anos ao sair para explorar uma área de descanso que está desativada, acaba se deparando com um pesadelo terrível: um carro monstro. Também observamos a história de um pai que sofre de alzheimer e tem encontros com o filho em “Batman e Robin têm uma discussão”, além de uma praia onde nomes aparecem escritos e as verdades por trás desse ritual são estarrecedoras, em “A duna”.

“- Eu também estava com medo. Sentia, ainda sinto, como se, naquela ilha, uma escotilha estivesse entreaberta. Deste lado tem o que gostamos de chamar de mundo real. Do outro fica todo o maquinário do universo, correndo a toda a velocidade. Só um tolo enfiaria a mão nesse maquinário para tentar pará-lo.”

Entre garotinhos malvados, um julgamento, uma forte crítica a moralidade e do que estamos dispostos a fazer pelo dinheiro, uma figura misteriosa que aparece para quem está morrendo, um deus demônio que se alimenta da dor das pessoas e até um poema, temos um prato cheio para os fiéis leitores de King. Muitos contos envolvem questões morais e outros não possuem um desfecho satisfatório e nem explicação, mas toda a forma que é construído e apresentado aos leitores é cheia de significados e com um toque clássico do autor.


Minha opinião

“Os melhores têm dentes”. King compara os seus contos a objetos sendo vendidos em um bazar, daí o nome, onde ele é o vendedor e nós, leitores fiéis, os compradores. Cada introdução antes do conto é cheia de carisma e bom humor que já são conhecidos do nosso escritor. E que acaba aproximando mais o leitor dele e da temática que será abordada. Essa introdução é quase como um casamento entre leitor e escritor.

Quando conheci King foi através de um livro de contos “Ao cair da noite” e, confesso, fiquei meio temerosa sobre o que encontraria nesse bazar. Já que o meu primeiro contato não foi dos melhores, o que me fez torcer o nariz para ele por muitos anos. Até encontrar um livro que realmente mexesse comigo e fosse “amor a segunda lida” (?). Não posso afirmar que sou a maior fã dos contos do King, pois prefiro suas histórias mais macabras, muitos dos textos contidos nesse livro apelam para histórias cotidianas, mais leves e reflexivas e que não possuem nada de terror. Contudo, foi maravilhoso ler poemas dele, uma experiência inédita e prazerosa. Além de uma capa maravilhosa, esse é um daqueles livros de guardar na estante e passar horas admirando cada detalhe que encontramos na ilustração de capa.

“Sabe como é quando você está morrendo de medo? Claro que sabe. O medo é universal. Seu coração parece parar, sua boa fica seca, sua pele fica fria e um arrepio se espalha por todo o corpo. Em vez de trabalharem, as engrenagens na sua cabeça disparam. E quase solto um grito, sério. Penso: É a coisa que não quero ver.”

O livro é recheado de referências as histórias antigas do autor, como Christine e no meu conto preferido de todo o livro: UR, encontrei referências descaradas a Torre Negra. Surtei? Sim. Amei? Muito. Mesmo que curtinho foi uma maravilha poder voltar aquele universo ficcional que tanto me encanta. Também encontramos histórias que poderiam ser consideradas “bobinhas”, mas que se tornam apavorantes pela maneira como são tratadas. Com diversos membros amputados e muito sangue, King nunca brinca em serviço. Como já citei outras vezes, ele tem o dom de transformar coisas banais em coisas apavorantes.

O autor também explica como observa duas situações distintas e normais do cotidiano e as guarda para posteriormente juntá-las e formar a sua própria história, sempre com bom humor. Esse contato direto que ele emplaca com o leitor foi um dos pontos altos do livro. Alguns contos que não foram tão bons na minha percepção, acabaram se salvando por essa introdução.

Creio que nunca vou me acostumar com os contos do King por nem todos serem de terror e por ele ter que limitar suas palavras. Gosto dos seus livros longos, com divagações e descrições detalhadas sobre crimes ou monstros. Então mesmo tendo encontrado contos muito bons aqui, ainda prefiro suas histórias mais elaboradas. Agora, se você é um adorador de histórias curtas, embarque já nessas tramas.

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O BAZAR DOS SONHOS RUINS

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Ano de publicação: 2017

“Mestre das histórias curtas, o que Stephen King oferece neste livro é uma coleção generosa de contos – muitos deles inéditos no Brasil. E, antes de cada história, o autor faz pequenos comentários autobiográficos, revelando quando, onde, por que e como veio a escrever (ou reescrever) cada uma delas.
Temas eletrizantes interligam os contos; moralidade, vida após a morte, culpa, os erros que consertaríamos se pudéssemos voltar no tempo… Muitos deles são protagonizados por personagens no fim da vida, relembrando seus crimes e pecados. Outros falam de pessoas descobrindo superpoderes – como o colunista, em “Obituários”, que consegue matar pessoas ao escrever sobre suas mortes; ou o velho juiz em “A duna”, que ainda criança descobre uma pequena ilha onde nomes surgem misteriosamente na areia – nome de pessoas que logo morrem em acidentes bizarros. Em “Moralidade”, King narra a vida de um casal que vai se despedaçando quando os dois mergulham no que, a princípio, parece um vantajoso pacto com o Diabo.

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