A Casa do Dragão é uma série de fantasia medieval criada por Ryan J. Condal e George R.R. Martin, sendo esse último autor do livro Fogo & Sangue (2018), em que a série se baseou. Trata-se de um spin-off de Game of Thrones. A segunda temporada teve a sua estreia pela HBO em junho de 2024 e contou com 8 episódios.

O reino está dividido entre dois clãs Targaryen: os “Verdes” representados por Aegon II Targaryen, filho homem mais velho de Viserys que usurpou o Trono de Ferro após a morte do pai e acredita ter esse direito por conta de seu gênero; e os “Negros” liderados por Rhaenyra Targaryen, primogênita de Viserys e a escolhida por ele como sua sucessora.

Enquanto a primeira temporada pecou pela correria e os acontecimentos apressados, aqui na segunda temporada foi o oposto, se arrastando e dando voltas no mesmo lugar sem avançar muita coisa. Muita preparação e promessa de grandiosidade, mas pouco entregou a esse respeito. Apesar de já ter perdido dois filhos por conta dos Verdes e de ter seu trono usurpado, Rhaenyra ainda hesita bastante em começar essa guerra e vai tentar tudo ao seu alcance para evitá-la, antes de finalmente se dar por convencida que não tem mais volta. Toda essa moralidade da heroína acaba sendo um pouco cansativa nessa temporada.

E como se isso não bastasse, ela também é podada a todo instante pelo seu próprio conselho que não a deixa se arriscar em batalha com sua dragão, eles não levam a sério sua opinião e querem decidir tudo por ela. Então Rhaenyra fica a temporada inteira duvidando de tudo e de todos, se sentindo injustiçada, não tem notícias do marido, fica muito perdida até conversar com a Mysaria e finalmente entender que há mais de um jeito de se lutar numa guerra.

Já Alicent finalmente entende qual é a sua “função” nessa guerra, que é não fazer nada. Por ser mulher e por tentar evitar as mortes, ela não é mais levada a sério e acaba sendo dispensada do pequeno conselho. Eu confesso que foi maravilhoso de ver ela surpresa quando descobriu que aquilo pelo qual ela tanto lutou (Rhaenyra fora do poder por ser mulher) também se aplica a ela própria.

A relação das duas foi a coisa que mais mudou com relação ao livro. Nas páginas elas nunca foram com a cara uma da outra, são rivais com seus próprios interesses e pronto. Já na série, o fato delas terem sido amigas na infância torna toda a situação na fase adulta ainda mais complexa entre elas, cheia de nuances, mágoas e saudades de tempos mais pacíficos e que não voltam mais. Elas se encontram duas vezes nessa temporada para conversar, em nome da amizade que já tiveram, e tentam moldar a guerra em segredo. Eu achei que essa foi uma boa estratégia para que as personagens continuassem aparecendo e tivessem relevância na trama, uma vez que no livro elas perdem o protagonismo nesse ponto da história.

Minha principal crítica da temporada foi o arco do Daemon em Harrenhal. O personagem se mostrou tão impulsivo, violento, rebelde e cheio de atitudes na primeira temporada, que minhas expectativas ficaram altas para o que ele iria fazer nessa guerra. Por isso, não é à toa que me decepcionei um pouco quando Daemon não fez quase nada a segunda temporada inteira além de devanear em Harrenhal. E há quem discorde, mas a impressão que me passou é que ele não aprendeu nada com essas visões até o último episódio quando teve o sonho profético e só então foi convencido que deve apoiar Rhaenyra, jurando lealdade a ela no final da temporada (de novo!). Poderiam ter encurtado as visões para apenas dois episódios e dado maior foco ao desafio de reunir as casas de Riverlands.

A série teve sim seus momentos brilhantes e episódios específicos pontuados por atuações fortes, acontecimentos impactantes e uma cinematografia impressionante, mas a temporada como um todo sofreu com um enredo arrastado. Foram muitos os diálogos extensos e a exploração mais aprofundada do personagem, que seriam interessantes se houvesse contrabalanceado com mais ação e momentos explosivos, o que faltou.

Preciso ainda comentar que as legendas pela Max não estavam muito boas, algumas vezes passando a impressão de que foram feitas por IA, sem nenhuma revisão. Passaram alguns erros de tradução como “The Wall” que virou “muro” ao invés de “muralha”. Sem falar que alguns nomes eles resolviam traduzir como “Pouso de Gralhas”, mas outros não como “King’s Landing” (ao invés de “Porto Real”). Não havia uma consistência e isso incomodava bastante. Particularmente eu preferiria que todos os nomes fossem traduzidos que é como Game of Thrones sempre fazia e é como lemos no livro Fogo & Sangue aqui no Brasil.

Inicialmente planejada para ter 10 episódios, mas depois cortada para 8, o final dessa segunda temporada deixou bastante evidente a falta que fez aqueles dois episódios restantes. Do jeito que ficou, o desfecho foi muito anticlimático. O encerramento foi longe de ser satisfatório ou memorável, nada impactante, apenas causou decepção por mais promessas feitas de uma guerra civil devastadora que não começa nunca.

Toda essa preparação, motivações e alianças abrem caminho para uma terceira temporada que promete ser épica. Só esperamos que eles finalmente entreguem o que tanto estão prometendo.

A CASA DO DRAGÃO – 2ª TEMPORADA

Diretor: Alan Taylor, Clare Kilner, Geeta Patel, Andrij Parekh, Loni Peristere

Elenco: Emma D’Arcy, Olivia Cooke, Matt Smith, Ewan Mitchell, Fabien Frankel, Tom Glynn-Carney, Harry Collett

Ano de lançamento: 2024

Baseada no livro Fogo & Sangue, de George R.R. Martin, A Casa do Dragão é um spin-off de Game os Thrones que se situa há 200 anos antes da série original. Acompanhamos os eventos que antecedem a guerra civil entre os meios-irmãos Aegon II e Rhaenyra que almejam o trono após a morte do pai Viserys I. Rhaenyra é a filha mais velha, contudo, Aegon é o filho homem do segundo casamento do pai, o que acaba gerando uma crescente tensão entre dois clãs Targaryen, os “Verdes” e os “Negros”, sobre quem tem o verdadeiro direito ao trono.

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