Este clássico contemporâneo estadunidense da autora Alice Walker foi publicado originalmente em 1982; e aqui no Brasil pelo selo José Olympio da editora Record em 2019.

Sobre o Livro

Uma das obras mais importantes da literatura estadunidense e da literatura negra nos EUA, Alice Walker constrói uma história centrada na Celie, uma garota pobre, negra e analfabeta moradora das áreas afastadas de uma cidade no sul dos Estados Unidos na primeira metade do século XX. Sendo apenas criança, ela é violentada e abusada sexualmente pelo pai, ausente de mãe e pertencente a uma família com inúmeros irmãos.

A mando de seu pai, Celie deve se casar forçadamente com um homem chamado Albert que tem quatro filhos. Ela descobre que seu novo marido é um homem desequilibrado, violento, abusivo e acredita que o papel de sua esposa é nas questões domésticas da casa.

Ele me bateu hoje porque disse queu pisquei prum rapaz na igreja. Eu pudia tá com uma coisa no olho, mas eu num pisquei.”

Escrita em forma de cartas, a história se baseará nas cartas que Celie escreve para Deus, única forma de consolá-la com o abandono que tem. Aos poucos ela descobre que existem pessoas boas que cruzarão em seu caminho como a cantora Shug Avery e também a sua irmã Nettie, na qual as duas trocarão cartas e compartilharão as saudades, os anseios, as angústias e as dores que cada uma sentirá.

Minha Opinião

De forma breve e rápida, em curtos capítulos, o livro se desenvolve rapidamente. A escrita da autora é realista e pontual: nós sentimos os piores e melhores momentos em que Celie passa. A forma indireta e direta que Celie expressa seus sentimentos, nos faz parar para pensar o quão uma mulher pode sofrer pelas mãos de pessoas desequilibradas.

É um livro para se emocionar. Uma história triste e ao mesmo tempo que te traz esperanças. Celie é uma mulher, negra e pobre que nos mostrará ser capaz de dominar o mundo. Com o tempo a acompanhamos no desenvolvimento da sua alfabetização, na sua relação amorosa e na sua sexualidade, nas suas dores físicas, nos seus anseios e ambições. Torcemos o tempo todo para que sua vida seja, no final da história, bem-sucedida.

Mas eu num sei como brigar. Tudo o queu sei fazer é cuntinuar viva.”

E, enquanto a vemos sofrer e conquistar ao mesmo tempo, compreendemos o quão uma sociedade do início do século XX ainda se assemelha com a sociedade do início do século XXI. Violência doméstica, racismo, pobreza, fome, machismo e violência sexual, são elementos muito presentes em sociedades desiguais e sem acesso à educação. Lamentamos ainda mais em perceber que cada carta dedicada às angústias de Celie, são, também, nossas angústias. Sentimos dor por ela sentir dor.

Impossível não nos apegarmos em Celie. Celie é a representante do time na qual torcemos por sua vitória. E a cada goleada que ela dá na sua vida, nós com certeza abrimos um sorriso de satisfação.

Alice Walker soube muito bem explicar isso. Porém, mesmo que a leitura fosse rápida e direta, não me senti cativado como pensei que seria. Faltou um pouco da autora em descrever melhor o lado pobre da vida de Celie, o que no livro me fez imaginar uma Celie vivendo nos meios rurais do sul dos EUA em uma família que possui comida todo dia, roupas e renda suficiente para a subsistência.

Pequenos detalhes como esse nada se comparam com a dificuldade que tive e que acredito que muitos tiveram ou terão: por se tratar de cartas escritas pela Celie, vemos a dificuldade dela de escrever corretamente, expressando literalmente a forma como ela fala informalmente para a forma como ela escreve. Mesmo assim, pude compreender a mensagem da autora, tornando isso muito importante para o livro.

É um livro essencial para cada vez mais vermos o lado cruel da vida. O lado do ser humano que esteve presente desde muito tempo. Uma história para quem deseja adquirir cada vez mais um conhecimento amplo das problemáticas da humanidade.

Premiado com o Prêmio Pulitzer, não foi atoa que fez-se um filme com o mesmo nome. Para quem já viu Preciosa ou leu O Ódio Que Você Semeia ou O Sol é Para Todos, acredito que vá se interessar profundamente na dolorosa vida de uma mulher negra moradora da região mais racista dos EUA.

A COR PÚRPURA

Autor: Alice Walker

Tradução: Betúlia Machado, Maria José Silveira, Peg Bodelson

Editora: José Olympio

Ano de publicação: 2019

Edição revisada, em novo formato e com nova capa da obra-prima de Alice Walker vencedora do Pulitzer Um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura, inspiração para a aclamada obra cinematográfica homônima dirigida por Steven Spielberg, o romance A cor púrpura retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Pobre e praticamente analfabeta, Celie foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido.Um universo delicado, no entanto, é construído a partir das cartas que Celie escreve e das experiências de amizade e amor, sobretudo com a inesquecível Shug Avery. Apesar da dramaticidade de seu enredo, A cor púrpura se mostra extremamente atual e nos faz refletir sobre as relações de amor, ódio e poder, em uma sociedade ainda marcada pelas desigualdades de gêneros, etnias e classes sociais.

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