Ponti é o livro de estreia da escritora cingapurense Sharlene Teo, publicado em 2019 pela editora Intrínseca.

Sobre o Livro

Desde nova, Amisa teve que lidar com os ônus e os bônus de sua beleza estonteante. As melhores e piores coisas que lhe aconteceram, foram por ser bonita demais. Por ser tão bela, certo dia acaba sendo descoberta por um cineasta, que implora para que ela seja a estrela de seu novo filme: Ponti, que contará a história de uma Pontianak, mulher que faz um pacto com o demônio para ficar sempre jovem e bela, mas em contrapartida, precisava se alimentar de homens indefesos.

Essa vida de atriz lhe rendeu 3 filmes, a trilogia de Ponti, que nunca teve muito sucesso e nunca gerou a Amisa uma fama ou bom reconhecimento, coisa que ela queria muito. Por conta do ego estilhaçado de nunca ter se tornado uma estrela, Szu, sua filha, acaba se tornando uma criança bastante relapsa por crescer às sombras e desdém da mãe, com as estranhezas de uma tia médium e a ausência do pai.

Szu viveu bastante isolada, até conhecer Circe, garota com a qual estabelece uma relação estranha e indiferente, mas que acaba por se tornar a sua unica amiga, amiga essa que não tem papas na língua quando o assunto é não carregar fardos maiores do que pode suportar.

“Com o tempo, até inverdades bobas ganham peso e geram significados, como mofo em uma fruta.”

Três mulheres, com aparentemente nada em comum, mas com uma ligação muito forte entre si. O que seria esse ponto tão obscuro em comum entre elas que vive lhes atraindo e repelindo mesmo com o passar dos anos?


Minha opinião

Convenhamos, ver uma mensagem do Ian McEwan na capa do livro fazendo um enorme elogio a um livro de estreia nos deixa, no mínimo, intrigados, curiosos e com certa expectativa!

Sabe a famosa frase “não é você, sou eu”? Pois bem! O problema desse livro não é a sua história, foi a minha expectativa em cima dela após esse ‘‘Extraordinário!” de McEwan. Vocês já sabem, expectativas não atendidas, decepção na certa.

Eu não achei que os personagens reluzem com vida, tampouco humor e desespero, além disso, não achei que a história entrega tão bem o que se propõe. Fiquei o tempo todo esperando algo ”maior”, esperando o tal do plot e nada acontecia direito.

Pra quem está acostumado com a melancolia, tristeza, sarcasmo e desespero de personagens de autores como Goethe, Flaubert, Kundera, Hesse, Molière, entre outros, os personagens de Sharlene não fazem nem cócegas. Pode parecer duro de minha parte comparar os personagens dessa autora com os clássicos da literatura, mas receber um comentário tão potente de um MEGA escritor num livro de estreia me dá carta branca para fazer a comparação que eu quiser!

O livro gira em torno dessas três personagens, Amisa, a mãe frustrada, Szu, a filha relapsa, e Circe, a amiga sarcástica. Logo de início já entendemos suas personalidades por meio de breves fatos e descrições, mas depois disso, acabam não se desenvolvem muito bem, o que dificulta a identificação ou aproximação por parte do leitor.

“O futuro é uma prova em que fui reprovada.”

Sabe quando a gente vê um filme, acaba cochilando no meio, mas depois percebe que não perdeu nada demais, e que o que você acabou não vendo não afetou o seu entendimento da história? Seria exatamente assim caso eu tivesse pulado algumas páginas, coisa que não o fiz, por óbvio, mas tem tanta coisa que poderia ter sido enxugada, algumas coisas que fizeram eu me perguntar “por que isso?”.

Apesar dessa minha opinião sobre o livro, ainda me considero um pouco suspeita para falar, porque não é meu estilo de livro, tentei sair da zona de conforto, mas definitivamente não funcionou pra mim. Eu só não considero ele ruim, porque tirando leite de pedra foi possível extrair algumas reflexões à respeito de família, amizades, relações passadas, porém nada que outros livros já não o fizeram de maneira bem mais profunda e dedicada.

O que eu mais levo em consideração aqui é o fato de ser um livro de estreia e de ter uma dinâmica de narrativa bem interessante, intercalando passado e futuro de várias épocas diferentes e de três personagens diferentes.

Foi necessário um certo cuidado para as informações da história se encaixarem direitinho e não nos sentirmos perdidas, mas enfim, por mais que ainda tenham esses pontos positivos, a experiência final de ter lido o livro não foi a mais agradável, minha sensação o tempo todo era “por favor, faça acontecer alguma coisa” ou “acabe logo!!”…

“Eu estava no início do meu pior, naquela época. É difícil reunir forças para ser generosa ou compreensiva em tempos como aquele…”

Em suma, Ponti não é o livro que eu indicaria para furar a fila da pilha existente que você já deve ter, tampouco é um livro que daqui a um tempo eu queira reler… mas, cada experiência de leitura é única, portanto, apesar dos pesares, ainda é um livro válido de leitura!

 

PONTI

Autora: Sharlene Teo

Tradução: Alessandra Esteche

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2019

Cingapura, 2003. Sem amigos e abandonada pelo pai, a adolescente Szu vive à sombra da mãe, Amisa, uma ex-atriz que ganha a vida ao lado da irmã como médium, em uma casa caindo aos pedaços. Quando Szu conhece Circe, uma menina privilegiada e sarcástica, as duas constroem uma amizade intensa, um alívio para o ambiente tóxico controlado por Amisa e a inadequação que Szu sente no colégio. Mas não demora muito para que Circe fique fascinada pela intocável ex-atriz e as três estabeleçam uma dinâmica que as marcará para sempre. Dezessete anos depois, Circe está lidando com os desdobramentos de um divórcio complicado, quando um projeto novo surge no trabalho: a refilmagem do filme cult de terror dos anos 1970 Ponti!, a obra que definiu a curta carreira de Amisa. De uma hora para outra, Circe perde o chão e mergulha nas memórias das mulheres que ela conheceu, na culpa e em um passado que ameaça sua consciência tranquila. Contado pela perspectiva das três mulheres em momentos distintos de suas vidas, Ponti, livro considerado “Incrível” por Ian McEwan, é uma história original sobre amizade e memória no breve espaço de algumas décadas. Um retrato generoso da avassaladora solidão da adolescência e um vislumbre de como pequenas e grandes tragédias podem nos tornar monstros.

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