A Mão que te Alimenta é de A. J. Rich, o pseudônimo escolhido pelas autoras Jill Ciment e Amy Hempel. Ele foi lançado em 2019 pela Record.

Sobre o livro

Morgan Prager está fazendo mestrado em psicologia forense. Dentre muitos estudos, livros e pesquisas, ela divide a vida com o noivo Bennett e três cachorros, que vivem com ela. Certo dia, após uma aula cansativa, tudo o que ela mais quer é chegar em casa e desfrutar do silêncio do seu lar. No entanto, ela sabe que o noivo está na cidade, Nova York, fazendo uma visita. Ao chegar em casa, toda sua vida muda.

Ela encontra a porta aberta, muito sangue, os cães manchados de vermelho e o noivo totalmente estraçalhado na cama por mordidas de cães. A forma com que o corpo se encontra é grotesca e totalmente apavorante. Neste momento, Morgan entra em pânico e só sai do banheiro após a policial chegar e retirar seus cães.

“Bennett estava caído no chão do quarto, de bruços, enquanto a perna dele continuava em cima da cama. Então percebi que não estava presa ao corpo.”

Após passar por algumas sessões de terapias e um tempo afastada de sua casa, ela retorna. No entanto, ela não esperava que ao tentar encontrar a família do noivo, ela descobriria que ele nunca foi quem dizia ser. Em meio a isso, ela terá uma mudança na sua vida e buscará respostas para as mentiras de Bennett. O que ele tanto esconde? Por que mentiu seu nome?


Minha opinião

A sinopse desse livro me chamou muito a atenção. Tudo que envolve cachorros chama a minha atenção. E aqui, eu estava totalmente dividida ao presenciar um crime cometido por eles. A brutalidade do assassinato, as evidências encontradas e todas as mentiras envoltas na história do noivo, serviram para atiçar minha curiosidade. Logo que dei início à leitura, fiquei fascina com as explicações técnicas dadas pela protagonista, Morgan. Ela apresentava termos, números e estatísticas e, por ser uma pesquisadora da área, sabia muito bem analisar os elementos presentes na cena.

No entanto, logo depois das primeiras 50 páginas a leitura fica cansativa. Tudo começa a se enrolar demais, a inteligência de Morgan parece ser colocada totalmente de lado e ela apresenta um comportamento extremamente inconsequente, a forma como ela vai atrás das respostas passou a me incomodar e como ela conseguiu, facilmente aceitar a culpa dos seus cachorros, também me incomodou. Um livro com grande potencial, mas que acaba indo ladeira abaixo.

Eu esperava que Morgan fosse uma mulher mais decidida. Mas notei que ela acaba se escondendo atrás do irmão Steve. Durante a narrativa, aprendemos um pouco sobre o passado dela e do irmão, além de tudo o que ela passou no começou da sua vida adulta. Eu entendi que ela tinha essa ligação com Steve e tudo que eles passaram juntos, mas a forma como ele resolve tudo por ela, me deixou um pouco incomodada.

“Entrei nesse campo de estudo para responder uma pergunta. Não a que todos fazem – por que algumas pessoas cruzam a linha do crime? Eu queria era saber por que nem todos cruzam.”

Outro fato que me fez ter vontade de conhecer essa história foi a sua relação com os cachorros. Que acabou sendo outro ponto que me deixou decepcionada. Acredito que conhecemos os animais que estão conosco, assim como eles nos conhecem. Ela aceitar tão rapidamente a sua culpa, mesmo com todo o seu conhecimento, foi muito complicado de engolir. Arrisco dizer que os personagens que mais gostei nesta trama foram os cachorros. Pelo menos foram os únicos pelos quais senti empatia.

A forma como ela conheceu o noivo parecia gritar na nossa frente: CUIDADO, PSICOPATA! E mesmo assim, com tudo que ela percebia ao conhecê-lo, Morgan continuou com o relacionamento. Um relacionamento abusivo e marcado por segredos. A forma como ela simplesmente aceita essa distância do noivo, como ela não vai atrás de respostas para as perguntas que ele não responde e a forma como ele parece “fugir” de conhecer os seus familiares, deveriam incomodar alguém. A todo o momento eu me perguntava como ela poderia se casar com alguém assim.

“Isso quer dizer que íamos a pousadas com funcionários intrometidos e cafés da manhã extremamente doces porque ele mantinha um segredo, e não porque queria ser romântico. Sobre o que mais ele estava mentindo?”

Os argumentos e explicações da protagonista são bons, mas a trama não convence. Começa muito bom, mas fica morno rapidamente. Tudo acaba ficando muito solto no final e totalmente desconexo. E era uma história com potencial, poderia ser muito bem explorada e criado toda uma trama diferente. Talvez por ser uma parceria entre duas escritoras, elas não tenham conseguido casar muito bem os seus estilos de escrita e ideias para a história. E isso é extremamente difícil. Até hoje encontrei pouquíssimos livros que conseguiram unir, de maneira satisfatória, a escrita de dois autores na mesma obra.

A MÃO QUE TE ALIMENTA

Autor: A. J. Rich

Tradução: Márcio El-Jaick

Editora: Record

Ano de publicação: 2019

Não se deixe enganar pelas aparências. Depois de uma manhã agitada no curso de psicologia forense, Morgan não vê a hora de voltar para casa, no Brooklyn, e trabalhar em sua dissertação. Tudo o que ela queria era ficar sozinha, mas seu noivo, Bennett, está a sua espera. Ao chegar, ela encontra a porta entreaberta. Morgan teme que algum dos seus três cães tenha fugido. Ela abre a porta com o ombro, esperando ser recebida pelos animais. Porém, nenhum deles aparece de imediato. Há marcas no chão, pegadas de cachorros. Nuvem, o cão-da-montanha-dos-pirineus, é a primeira a vir ao seu encontro, mas sem o ânimo habitual. Seus pelos estão vermelhos de um lado, como se ela tivesse se sujado em uma parede com tinta fresca. Sangue. Morgan procura sinais de ferimentos, mas não encontra nada. Nem nos dois pit-bulls, George e Chester. Ela avança pelo corredor, e as manchas de sangue que encontra parecem cada vez maiores. Por fim, vê Bennett caído no chão do quarto, a perna em cima da cama. Logo percebe que ele está olhando para cima. Ou estaria, se ainda tivesse globos oculares. A pele das mãos foi arrancada. E a perna em cima da cama não está ligada ao resto do corpo, ela foi arrancada. Bennett foi atacado, destroçado e morto pelos cães. Mas como isso pode ter acontecido, se Nuvem, Chester e George são extremamente dóceis? Algo não faz sentido nessa história, e tudo fica ainda mais estranho quando Morgan, ao tentar localizar a família de Bennett, descobre que esse não era seu nome verdadeiro. Mas mal sabia ela que encontrar o noivo morto foi só o início de seu maior pesadelo.

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros