Dear Diary (2021) | Crítica - Resenhando Sonhos

Dear Diary é uma série chinesa de romance e fantasia lançada em 2021. Estreada por Bu Guan Jin, Rhydian Vaughan, Zhou You, Tiffany Tsu, Richards Wang, Zhu Yan Man Zi, está disponível no canal oficial do YouTube, YOUKU English.

Em uma excursão da escola, a jovem Mei Ru (Bu Guan Jin) se encanta com a misteriosa Babilônia e começa a criar sua própria história fantásticas com reinos em guerra e um belo príncipe apaixonado por si.

Criticada e ridicularizada por sua imaginação fértil, ela se torna uma adulta séria, deixando de lado a alegria fantástica. Em seu aniversário de 24 anos, porém, o seu amor adolescente aparece no mundo real junto com outros personagens de suas histórias, e ela deve enfrentar os conflitos que a magia causa no seu mundo comum.

A sinopse consegue captar a atenção dos que vivem na própria imaginação e os que amam tanto algo que precisam criar sua própria história.

O potencial desse drama era enorme, o conceito básico de fanfiction de uma adolescente virarem realidade já abre tantas portas que um roteirista só precisaria de algumas horas pesquisando material na internet para escrever algo digno desse gênero literário. Infelizmente, a série não aproveita os elementos característicos e o resultado é uma história com elementos divertidos, mas fraca em geral.

O principal problema que desestabilizou a produção foi o tom. O contraste entre os personagens do mundo real e os fantásticos é divertido e funciona bem nos primeiros episódios, quando os personagens do mundo real entram em contato com os fantásticos pela primeira vez, mas fora momentos pontuais, a série prefere dramatizar demais um conceito que não é para ser levado muito a sério. Não consegue captar a bizarrice da situação, tirando a graça de momentos que poderiam ser satíricos. Por comparação, as partes divertidas muitas vezes se tornam mais toscas e estranhas por não combinar com o resto da série.

Mesmo sendo consideravelmente curta em quantidade de episódios e duração, há episódios que se arrastam por serem simplesmente se alongarem em questões desinteressantes.

O plot principal de Mei Ru e seu… Namorado? Marido? Homem desconhecido que a segue para todo lado? Seja qual for o status desse relacionamento, não há muitas razões para torcer por eles além do fato de que eram o casal principal nas histórias da adolescente.

Pode-se dizer que o interesse romântico principal é coerente com o homem ideal pensado por uma pré-adolescente, considerando que, mesmo com uma história/background complexo, suas únicas características são ser bonito e apaixonado.

O passado da protagonista é uma parte divertida que sustenta vários episódios. Apesar de Mei Ru ser sem graça, é interessante ver a severidade com que a tia a tratava, como era constantemente criticada por sua imaginação e tinha suas histórias ridicularizadas e como tudo isso moldou sua versão adulta.

Somos apresentados a dois outros núcleo mais interessantes, mas que também não alcançam todo seu potencial. A melhor amiga e seu interesse romântico tem uma dinâmica diferente, mais casual que combina mais com o cenário do mundo real.

Foi uma surpresa para mim – que odeio personagens que só estão na trama para tentar reconquistar o interesse romântico e atrapalhar o casal principal – que o arco da Dragão tenha sido uma das mais interessantes. Ela nem tem um nome próprio (é chamada só de “Dragon Lady”), mas consegue entreter o espectador com seu jeito determinado e, principalmente, por causa de seu acompanhante, Shui Liu.

É estranho pensar que um personagem que poderia muito bem ser completamente esquecido no fundo tenha se tornado a melhor parte da série inteira. O homem não é nada demais e sua função é, na maior parte do tempo, desconexa do plot principal, mas ainda sim tem mais personalidade e sustenta mais a atenção do que os protagonistas. Nenhum romance dessa série vai te fazer surtar, e os conflitos não são tão preocupantes, mas você torce pela felicidade dele acima de tudo.

A fantasia tem um papel maior do que eu esperava e foi um elemento bem trabalhado. Os flashbacks/fanfic são bem produzidos e dão pistas de um mundo muito mais amplo, com relacionamentos bem mais complexos do que a linha do tempo da história em si.

No fim, Dear Diary é um C-Drama que exige um equilíbrio de expectativas. Não é o melhor ou o pior, tem seus momentos interessantes que podem ser apreciados por fãs de romance e fantasia.