Este clássico de Dostoiévski tem sua edição pela Martin Claret de 2019 traduzida direto do russo.

Sobre o Livro

Em um diário, o autor se descreve como maldoso, doente e repulsivo. Mas ao investigar suas razões se descobre que o subsolo de sua alma foi corrompido pela sociedade. Então a maldade é do autor ou é da sociedade que o proporcionou?

“Sou um sujeito doente… Sou um sujeito maldoso. Um cara repulsivo eu sou. Acho que meu fígado está mal. Aliás, não entendo patavina de minha doença e nem sequer sei o que me dói. Jamais me tratei nem me trato hoje, com todo o respeito pela medicina e pelos doutores.”

Assim o autor vai narrando sua vida, desde seus mínimos detalhes. Descreve sobre seus desejos, romances, paixões, contradições, dores e sobre sua vida no subsolo. Tudo é narrado a partir de uma história fictícia mas Fiódor deixou bem claro que uma história fictícia não quer dizer que possa ser real.

Minha Opinião

Quando li a sinopse deste livro o que eu pude imaginar era uma narrativa de “tapas na cara”. A “tapas na cara” me refiro às inúmeras críticas à sociedade que o autor colocaria. Como resultado de minha leitura percebi que uma obra dessas não há como não ter críticas sociais. Mas acredito que a narrativa não caminhou para um ponto que eu pensava que iria andar, o que acabou não sendo tão agradável assim.

“Antes eu trabalhava, e agora não trabalho. Era um funcionário maldoso. Era bruto e achava prazer nisso.”

Eu particularmente gosto muito da escrita de Dostoiévski. É muito rica e mesmo parecendo densa para mim flui bastante. Mas infelizmente este livro não me agradou como esperava. Senti que faltava mais tato, mais conexão e interesse pela história.

O início da narrativa, na verdade, foi muito bom. As descrições pesadas que o personagem narrava sobre si mesmo me deixava curioso e já a pensar sobre o que esta história me entregaria. O problema foi quando as primeiras dúzias de páginas passaram, onde não encontrei um interesse tanto na história, apesar do “charme” narrativo do autor ser muito bom.

“Em suma: de que um homem decente pode falar com maior prazer?
Resposta: de si mesmo.
Pois então vou falar de mim mesmo.”

Aconteceu que li um livro que agora pouco recordo dele. E isso é um péssimo sinal pois significa que a história de fato não me conectou como eu pensei que faria. Apesar de ser um livro curto acabei me estendendo demais nessa leitura pelo simples fato que quanto mais lia parecia que as coisas não avançavam. E por isso, conclui um livro por concluir e não foi nada proveitoso.

Esse já é o segundo livro do autor e o segundo a também não me agradar como deveria. Porém, é interessante como eu mantenho um gosto muito forte pela escrita dele. Realmente é impecável e talvez é uma das razões a manter o interesse por suas obras, mesmo que dois delas não tenham me agradado tanto assim.

Tentei ao longo da leitura associar esta obra com meu autor favorito, Victor Hugo. De fato encontra-se semelhanças até por que suas obras viveram o contexto literário da época. Me encanta obras que tenham um cunho crítico social fortíssimo, denunciando as mazelas da sociedade, as desigualdades e inúmeros outros problemas. Infelizmente, este livro não me trouxe o que imaginava mas sua importância jamais será apagada.

DIÁRIO DO SUBSOLO

Autor: Fiódor Dostoiévski

Tradução: Oleg Almeida

Editora: Martin Claret

Ano de publicação: 2019

É difícil ler o “Diário do subsolo”; é doloroso aceitá-lo. Com uma precisão quase clínica, Dostoiévski traça neste livro o perfil de uma pessoa que, marginalizada social e moralmente, procura vingar-se do mundo inteiro ao qual atribui a culpa de sua humilhação. “Sou um sujeito maldoso!” – reconhece o “homem do subsolo”, antecessor dos misantropos por opção do século XX, e sua maldade se volta, desenfreada, contra os inocentes e, muitas vezes, contra ele próprio. A rebelião existencial do indivíduo reduzido à condição de uma “reles mosca” dá início à minuciosa análise das questões cruciais de poder, justiça e liberdade, cujo frágil equilíbrio se reveste de especial importância em nossa época de revisão e contestação dos valores eternos. Abordando-as de modo lúcido e cortante, o gênio das letras russas deixa à humanidade seu aviso atemporal – Cuidado com o subsolo da alma, que suas portas estão sempre abertas!

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