One Piece é um dos animes de maior duração que existe. É adorado por milhares de fãs, tanto no formato televisivo, quanto no original, em mangá. É também o único anime que eu já comecei a assistir. E apesar de ter minhas ressalvas com a animação, me encantou o suficiente para que eu me juntasse a todos na preocupação pela adaptação em live action que foi prometida três anos atrás.

E não é que a preocupação foi à toa? A produção da Netflix juntou o diretor Marc Jobst (The Witcher, Luke Cage e Demolidor), o showrunner Steven Maeda (Lost), os produtores Marty Adelstein e Becky Clements, com participação de Eiichiro Oda, autor dos mangás, na produção, e uma seleção de roteiristas que inclui Tom Hyndman. E a aclamação de público e crítica veio.

Aqui somos apresentados a um mundo dominado por piratas, espalhados pelos quatro mares e suas infinitas ilhas. A história tem como protagonista Luffy (Iñaki Godoy), um garoto determinado – ou talvez um pouco sem noção do perigo – que tem a habilidade especial de ser feito de borracha, cujo grande sonho é encontrar um lendário tesouro perdido, o One Piece, para se tornar o Rei dos Piratas. A partir daí, Luffy vai se deparando com uma série de aventuras, lutando contra piratas ao mesmo tempo em que constrói sua própria tripulação.

Quem assistiu ao anime (e eu coincidentemente assisti exatamente à temporada, ou arco, adaptada para o live action, East Blue) sabe que essa é uma saga pensada para crianças. Embora conquiste todas as idades, e a adaptação comprove esse apelo universal, é uma história essencialmente doce, sobre amizade, sonhos e aventura, na qual você sabe que tudo vai dar certo. E essa mensagem é transmitida com perfeição na série da Netflix, de maneira até bem óbvia, mas daquele jeitinho que aquece o coração sem revirar os olhos.

Ser um pirata não é sobre invadir vilarejos ou fazer planos perfeitos. É sobre aventura e liberdade.

O roteiro faz um excelente trabalho de apresentar o mundo de forma bem natural, afinal, por mais que haja uma mitologia bem construída, não é nada absurdamente complexo. O equilíbrio entre o humor, a ação e o drama foi realmente espetacular, e os diálogos melhoraram muito o que pra mim é bastante forçado na animação, mesmo mantendo as famosas conversas entre vilão e mocinho no momento das lutas. O trabalho de trazer um certo amadurecimento para a trama também foi sólido, e faz com que a série se torne uma recomendação ainda mais certeira para qualquer um que esteja atrás de algo divertido e marcante.

O grande brilho fica com o desenvolvimento da cada personagem. Claro, ainda são bastante caricatos e tomam decisões bem “cabeça dura”, o que exige um pouco de paciência do expectador, mas o background de cada um teve o devido destaque, e as interações entre o bando são divertidíssimas. É evidente que a atuação ajudou demais nessa organicidade com que os papéis ganharam vida, trazendo algo de muito especial pra história. E, ainda assim, quem mais me impressionou com a atuação foram os vilões: Jeff Ward (Buggy) e McKinley Belcher III (Arlong) tornaram tudo mais sério e impactante.

Meu último elogio fica para os efeitos especiais. Impressionantes e realistas, a equipe realmente fez algo incrível com situações e mesmo personagens que já eram um pouco toscos na animação original e poderiam facilmente ter virado piada. A coreografia também ajudou o tempo todo. Infelizmente só não fui lá grande fã da fotografia, que insistia em vários closes para tentar dar uma dramaticidade, na minha opinião, excessiva e desnecessária.

One Piece entrega tudo para os fãs do mangá, do anime e para qualquer desavisado que nunca nem ouviu falar sobre Luffy. O material original foi realmente bem aproveitado e as alterações foram pensadas com propósito, o que é sempre o mais importante. Com certeza faz jus à condição de segunda série mais cara da Netflix, com um orçamento de nada singelos $138 milhões, perdendo apenas para Stranger Things. Fica a recomendação, e especialmente para dublagem em português, simplesmente sensacional.

ONE PIECE

Diretor: Marc Jobst

Elenco: Iñaki Godoy, Emily Rudd, J.J. Jr. Mackenyu, Taz Skylar, Jacob Gibson, Morgan Davies, Vincent Regan

Ano de lançamento: 2023

Em One Piece: A Série, os mangás mais vendidos do Japão ganham vida no live-action da Netflix. Na série, Monkey D. Luffy (Iñaki Godoy) é um garoto de espírito livre que tem energia e coragem de sobra. Seu maior sonho é se tornar o Rei dos Piratas e conquistar os mares e, para isso, ele tem como missão encontrar o legado de Gold Roger. O One Piece é o maior tesouro escondido pelo pirata e achá-lo é a única forma de chegar ao seu objetivo. Para essa arriscada missão, Luffy reúne uma tripulação habilidosa e pronta para enfrentar perigosos rivais e explorar ilhas misteriosas.

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