Sou uma grande fã de adaptações de livros para o audiovisual, mas uma música eu ainda não tinha visto ser contada assim. Já que é para escolher, não haveria músicas com mais narrativa do que as do Legião Urbana e Renato Russo. E qual a minha sorte que fossem escolher justo uma música romântica e que eu já adorava? Mas sempre fica aquele medinho de o filme sair uma bomba.

Acho difícil um brasileiro adulto, em qualquer idade, nunca ter ouvido “Eduardo e Mônica”, e quem a já ouviu sabe que é uma verdadeira história ritmada. No longa de direção de René Sampaio, somos transportados para a Brasília dos anos 80 para acompanhar Eduardo (Gabriel Leone), um garoto que acabou de se formar no Ensino Médio e que está mais do que contente com sua vida sem grandes emoções fora das novelas, e Mônica (Alice Braga), prestes a se formar em medicina, artista nas horas vagas e com sonhos muito maiores que o Distrito Federal. Os dois se conhecem em uma festa, e só não imaginavam o quanto aquela noite mudaria tudo. A produção é assinada por René Sampaio e Bianca De Felippes.

O primeiro desafio dos roteiristas Gabriel Bortolini e Jessica Candal era trazer personalidade para dois personagens sobre os quais tudo o que sabíamos estava concentrado em 4 minutos e meio de música. Não só isso, como teriam que tornar igualmente cativantes um menino meio sem nada na cabeça e uma mulher pouco convencional. E o trabalho foi feito: a caracterização ficou ótima e os dois protagonistas se tornaram pessoas de verdade na frente dos nossos olhos.

Isso fica bem mais fácil a partir da excelente escolha de elenco. Braga fez um ótimo equilíbrio entre a Mônica altiva e distante e a Mônica com problemas pessoais e apaixonada. Também Leone deu vida a um Eduardo perfeito, inocente mas com um belo arco de desenvolvimento.

Só não tenta me mudar.

E sem a menor sombra de dúvida a grande coroa do filme é o relacionamento dessas duas pessoas tão absurdamente diferentes. A química do casal é ótima, rendendo para a audiência tanto sorrisos bobos quanto risadas. E a mensagem que fica desse romance é exatamente a que faz todo mundo se envolver com Eduardo e Mônica: que os melhores sentimentos são inesperados e nem precisam fazer sentido, porque aquilo que é verdadeiro, fica.

Esse era o segundo grande desafio do roteiro — capturar a essência da música, mas tapar todos os buracos narrativos. Inserir conflitos, criar diálogos, criar toda uma história e família para os protagonistas; tudo isso foi necessário e ao meu ver foi feito muito bem. O grande charme do longa, além da ambientação bem marcante dos anos 80 e bem brasileira, é você conseguir, conforme a trama avança, ir acompanhando os acontecimentos da música na cabeça, e se divertindo com as gafes do Eduardo e situações fofas que antes não estavam lá.

Minha maior crítica fica, infelizmente para o final. Com tudo sido bem construído, a cena final pareceu até fora de lugar de tão apressada. Entendo que o último diálogo foi um recurso narrativo até que inteligente, mas eu com certeza preferiria ter assistido a uma grande montagem da vida dos dois juntos.

Então, vale a pena assistir Eduardo e Mônica? Sim, mas para quem tem um apego pela música. Vou ser sincera e dizer que não sei se o filme se sustentaria sem esse elemento nostálgico, porque, bom, quem escutou sabe: é “só” uma história de amor. Começa do nada, não tem grandes acontecimentos, e termina sem acabar. É a vida real. Então vai do espectador saber se isso basta. Afinal, quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?

EDUARDO E MÔNICA

Diretor: René Sampaio

Elenco: Gabriel Leone, Alice Braga, Victor Lamoglia, Otávio Augusto, Juliana Carneiro da Cunha

Ano de lançamento: 2020

Em um dia atípico, uma série de coincidências levam Eduardo a conhecer Mônica em uma festa. Uma curiosidade é despertada entre os dois e, apesar de não serem parecidos, eles se apaixonam perdidamente. Em Brasília, na década de 1980, esse amor precisa amadurecer e aprender a superar as diferenças.

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