A Pixar fez de novo. Depois de 9 anos, eu já tinha me convencido de que o gancho deixado no final de Divertida Mente era apenas uma “piscadinha de olho” para a plateia, e que não reencontraríamos a pequena Riley e suas caóticas e adoráveis emoções. E, no entanto, cá estamos em 2024 com uma das melhores animações que eu já vi.

Divertida Mente 2 traz a roteirista do primeiro longa, Meg LeFauve, junto de Dave Holstein e os reúne à visão do diretor Kelsey Mann. A direção de trilha sonora é assinada por Andrea Datzman, mas conta com o apoio de Michael Giacchino, responsável no filme de 2015, e a produção é de Mark Nielsen.

No enredo revemos Riley, agora com 13 anos e já com os dois pés na adolescência, enquanto navega pelos novos desafios com as amizades, o hockey, e a pergunta que começa a passar pelas nossas cabeças nessa idade, mas que nos acompanha o resto da vida: quem eu sou e quem eu quero ser? E tudo isso é complicado pelas novas emoções dentro de sua cabeça. Ansiedade, Vergonha, Inveja e Tédio chegam na sala de comando, mas o que parecia só uma mudança para os já conhecidos Alegria, Tristeza, Nojinho, Raiva e Medo acaba virando a vida de todos – e principalmente de Riley – de ponta cabeça.

A estrutura do longa é bem semelhante à do primeiro. Temos uma história relativamente simples para Riley, mas que representa um momento significativo para o crescimento de toda criança, e que se torna infinitamente rica do ponto de vista psicológico ao acompanharmos suas emoções megacarismáticas e divertidas. Isso dito, o amadurecimento da narrativa é incrível e de uma sensibilidade ímpar. O paralelo de crescimento entre Riley e Alegria é extremamente profundo e doce nos momentos mais difíceis.

Alegria segue sendo uma das melhores protagonistas da Pixar, como líder carinhosa e que só tem as melhores das intenções, tanto para com as demais emoções quanto para com Riley, mas ainda assim falha e precisa confrontar suas vontades e medos com o que é de fato necessário. E, lado a lado com ela, está a Ansiedade, uma anti-heroína complexa em sua essência e cujo sentimento foi perfeitamente transportado para essa personagem, que (não tão distante da própria Alegria), no desespero de melhorar tudo, afunda a si mesma e a todos. É a combinação das duas que torna o longa impossível de não se relacionar em algum nível, de maneiras até um pouco dolorosas.

Talvez seja isso que acontece quando você cresce, você sente menos alegria.

As demais emoções ficam de suporte, mas não se descaracterizam em nenhum momento. O que mais senti falta, entretanto, e talvez a minha única crítica ao enredo, é a ausência da Tristeza. A personagem, adorável e tão potente como visto no primeiro filme, fica em terceiro plano na aventura das emoções, mas é interessante, do ponto de vista psicológico, a simbologia por trás do fato de que foi a tristeza a ficar à espreita na sala de comando, enquanto os outros buscavam seu caminho de volta.

A criatividade para materializar a mente humana segue impecável com mudanças sutis, mas certeiras. Como disse acima, essa sequência dá continuidade ao equilíbrio entre humor e questionamentos profundos para o expectador, apesar de encontrarmos, sim, uma história mais séria e mesmo sombria, de uma forma até bastante ousada para o estúdio.

Um gancho ainda foi deixado para um eventual terceiro filme da franquia, e eu honestamente torço para que isso aconteça. Literalmente as opções e o potencial são infinitos para esse pequeno mundo mental criado, e que sempre será o suficiente para encantar todas as idades, divertir os pequenos e levar os adultos às lágrimas. São inúmeros os detalhes que eu ainda poderia considerar sobre Divertida Mente 2, e mesmo assim não daria conta de encapsular nem uma parte de sua complexidade. Então separe um lencinho e vá conhecer a mente da Riley – com certeza você vai sair conhecendo um pouco mais da sua também.

DIVERTIDA MENTE 2

Diretor: Kelsey Mann

Elenco: Amy Poehler, Maya Hawke, Kensington Tallman, Ayo Edebiri, Liza Lapira, Lewis Black, Tony Hale

Ano de lançamento: 2024

Com um salto temporal, Riley se encontra mais velha, passando pela tão temida adolescência. Junto com o amadurecimento, a sala de controle também está passando por uma adaptação para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções.

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