Todo mundo tem aquela história que te encanta com um gênero narrativo que não curte muito. Eu passo bem longe de ser fã de ficção científica, mas a visão de Duna de Denis Villeneuve me encantou com o que tinha a dizer. São três horas que passam voando em um turbilhão de intrigas, hipocrisias e personagens imperfeitos que lembras quem as areias de Arrakis podem ser um pouco mais verdadeiras do que se espera.

O encontro de talentos na produção é um acontecimento. Jon Spaihts e Craig Mazin se juntam a Villevenue no roteiro, enquanto Tanya Lapointe, Mary Parent e outros o acompanharam na produção. A trilha sonora original é composta por Hans Zimmer e Greig Fraser assina a direção de fotografia.

Nessa sequência muito aguardada, reencontramos Paul Atreides (Timothée Chalamet) vivendo entre o povo dos desertos, os Fremen, tentando encontrar seu lugar na sociedade e sua vingança após a conspiração que tirou sua família do poder de Arrakis. Mas profecia e lenda se tornam cada vez mais parte de sua jornada conforme parte dos Fremen enxergam no jovem a figura de Lisan Al-Gaib, o seu messias que viria para lhes devolver Arrakis, acabando com as intervenções Imperiais.

Duna: parte 2 entrega acima de tudo um épico sobre política e religião, as manipulações às quais pessoas são submetidas, muito voltado para a crítica à colonização. Esse é o grande tema da história e é aquilo que te faz ficar pensando muito tempo depois de o filme ter terminado. Mas para mim o grande brilhantismo está na ausência de reflexões abertas sobre o assunto, deixando para que o espectador enxergue contradições e desejos humanos nas interações dos personagens.

⁠Nossos recursos são limitados. O medo é tudo que temos.

Talvez por isso os personagens, na minha opinião, funcionem melhor como arquétipos do que como personalidades individuais. Não se engane, eles são altamente complexos, dúbios e interessantes, mas não acho que tenham sido pensados para que o público se apegue a eles. O grande ponto aqui são suas crenças e ambições e o quão longe estão dispostos a ir por elas.

O longa faz um excelente trabalho de te manter envolvido com a jornada de Paul, e levemente confuso em relação a algumas linhas narrativas, prometendo (e entregando) um clímax incrível. Apesar da trama mais lenta, as revelações estão sempre presentes, e a atuação traz vida para cada acontecimento. Meus elogios pessoais vão sem dúvida para TChalamet e Zendaya (Chani), que fazem por merecer o protagonismo da história.

Eu poderia falar por muito tempo sobre esses dois personagens, mas acho que o que vale a menção é o quão ativa vemos Chani nesse segundo filme. O que foi apenas uma das várias mudanças que eu senti do roteiro em relação ao livro original de Frank Herbert; o primeiro Duna (2021) é bem mais fiel em termos de acontecimentos, enquanto a sequência traz uma grandiosidade toda própria que me agradou bastante.

Grandiosidade que, logicamente, se deve muito à qualidade técnica excepcional do longa. Efeitos visuais, figurino, maquiagem, fotografia, trilha sonora… É impossível sair de Duna 2 sem prever desde já as múltiplas indicações ao Oscar no ano que vem.

Minha única crítica segue sendo às figuras vilanescas dos Harkonnen, que não deixam de ser caricatas. Fica evidente muito rápido que eles não são de forma alguma o foco do filme, mas para mim acabaram totalmente descartáveis no contexto geral, com apenas Feyd-Rautha (Austin Butler) cumprindo um papel funcional, ainda que bem executado.

Assistir a Duna: Parte 2 é uma experiencia realmente digna dos cinemas, e me deixou o mesmo sentimento da leitura de O Império Final, primeiro livro da primeira era de Mistborn (Brandon Sanderson), então já fica a indicação dupla. É uma história que abre portas mais do que as fecha, e deixa como desafio para o próprio diretor avançar na trajetória que criou, mantendo o padrão altíssimo estabelecido. Eu mesma não saberia sequer arriscar dizer para onde vão os rumos de Arrakis, mas estou muito ansiosa para descobrir.

DUNA: PARTE 2

Diretor: Denis Villevenue

Elenco: Timotheé Chalamet, Zendaya, Rebeca Ferguson, Javier Bardem, Austin Butler, Florence Pugh

Ano de lançamento: 2024

Paul Atreides se une a Chani e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, ele deve evitar um futuro terrível que só ele pode prever.

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