Com o perdão do trocadilho, Wonka é uma história incrivelmente doce. O longa de direção de Paul King é mais um passo no estrelato de Timotheé Chalamet, e retoma o icônico personagem do clássico de Roald Dahl. A produção é assinada por David Heyman, Cate Adams e Alexandra Ferguson-Derbyshire, enquanto o roteiro é de King, Simon Farnaby e Simon Rich.

Aqui conhecemos a história de Willy Wonka, um jovem aventureiro amante de chocolate que sonha em abrir sua própria loja e revolucionar a forma como as pessoas encaram esse doce tão querido. Porém, ao chegar à cidade difuldades inesperadas surgem, e entre se ver preso a detestáveis patrões e ter que contornar o temido Cartel do Chocolate, o sonho de Willy parece mais distante do que nunca.

Wonka me surpreendeu e decepcionou ao mesmo tempo. Com uma narrativa bem mais infantil do que eu esperava, o filme diverte e se sustenta, porém requer uma suspensão de julgamento razoável.

Vou começar com os personagens, que funcionam em uma lógica de contos de fadas: mais como símbolos do que com personalidades próprias. Sabemos muito pouco sobre os personagens secundários e a história foca muito em Noodle (Calah Lane) e Willy. A amizade dos dois é a coisa mais fofa, arrancando boas risadas e aquecendo o coração com a oposição entre os dois – Willy o adulto sempre esperançoso, de coração aberto e sem conhecer ou se importar com os perigos da vida, e Noodle a criança sem infância, que nunca teve quem a ensinasse a sonhar.

Assistir um ensinando ao outro a própria visão de mundo, criando uma confiança das mais puras, é um dos verdadeiros tesouros do filme. Isso porque, se a mensagem geral é bastante escancarada, as relações se constroem com uma sutileza genuína.

E, no entanto, o Wonka que encontrei aqui é completamente diferente da minha referência. Como alguém que só assistiu ao personagem na pele e trejeitos de Johnny Depp, não ter absolutamente nada de sombrio nele me deixou um tanto confusa. Afinal, não há nada em Wonka que sugira que a excentricidade já presente no jovem vá se aproximar tanto do bizarro como vemos em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005). E, por mais que Willy tenha que aprender a lidar com pessoas más, eu senti que houve mais um arco de aprendizado do que de crescimento: ele perde um pouco da inocência tola, mas segue tão obstinado e determinado a ver o melhor no mundo quanto no início. O que talvez seja o charme desse novo Willy Wonka, mas aí depende de você.

O que eu não consegui me convencer a levar a sério foram os vilões. Por mais que seja um filme juvenil, a ameaça em nenhum momento parece real. O que me parece uma falha particularmente grave tendo em vista que já sabemos que o conflito é resolvido; se a audiência sabe que Wonka vai conseguir vender seus chocolates, o mínimo seria encontrar outros pontos na trama que semeassem uma dúvida, e isso eu não senti em momento algum.

Conheça A Fantástica Fábrica de Chocolates

Ah e também vale ressaltar que por mais que a sinopse e o trailer dêem bastante destaque à figura do Oompa Lumpa, o personagem de Hugh Grant mal tem um papel no filme. Fiquei esperando que ele já se tornasse um fiel escudeiro de Willy, e por mais que o que tenhamos recebido seja bem mais engraçado (inclusive, gostei bastante), não faz jus à expectativa criada.

A atuação é adequada à proposta mais lúdica e caricata, e com certeza Chalamet entrega a versão mais vívida, encantadora e doce do protagonista. Mas fica claro que não foi uma prioridade da produção escolher atores que também fossem dançarinos, coisa que as coreografias maiores tornam gritante.

Falando sobre o aspecto musical, amei o equilíbrio construído. Bem no limite entre o que foi proposto em, por exemplo, O Rei do Show (2017) e algo mais à lá Broadway, não fica a sensação de que a música é desnecessária nem pecam pelo excesso. A música de Joby Talbot não é tão marcante quanto outras trilhas sonoras, mas compõem a atmosfera mágica que o filme almeja.

O segredo é que não é o chocolate que importa. São as pessoas com quem você o divide

Atmosfera que almeja e entrega. Wonka é um filme para se ver sorrindo, em que o todo funciona bem melhor do que as partes. Com um roteiro bastante simples, mas igualmente bem executado, apresenta toques de humor e emoção que conseguem atender a uma gama de públicos – mas que precisam estar em busca de algo leve e sem maiores explicações, ou o encantamento não vai funcionar.

WONKA

Diretor: Paul King

Elenco: Timotheé Chalamet, Calah Lane, Paterson Joseph, Keegan-Michael Key, Olivia Colman, Hugh Grant

Ano de lançamento: 2023

Wonka é uma comédia musical baseada no clássico livro A Fantástica Fábrica de Chocolate, do autor britânico Roald Dahl. O filme mostra as origens da história do jovem Willy Wonka. Antes de se tornar a mente brilhante por trás da maior fábrica de chocolate do mundo, Willy precisou enfrentar vários obstáculos. Cheio de ideias e determinado a mudar o mundo, o jovem Wonka embarca em uma aventura para espalhar alegria através de seu delecioso chocolate. Nela, ele acabou conhecendo o seu fiel e icônico assistente, Oompa Loompa, que o ajudar a ir contra todas as probabilidades para se tornar o maior chocolatier já visto. Mostrando que as melhores coisas da vida começam com um sonho, o filme mistura magia, música, caos, afeição e muito humor.

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