A Assombração da Casa da Colina é mais um dos livros de suspense escrito por Shirley Jackson e publicado no Brasil pela editora Suma.

SOBRE O LIVRO

O Dr. Montague é um excêntrico médico que acredita que o mundo do espiritismo está muito mais ligado ao mundo real do que meros devaneios e historietas de assombração. No entanto, ele ainda não conseguiu provas de que o trabalho de sua vida em identificar casas mal assombradas é muito mais do que uma ambição sem fundamento. Mas, uma ótima oportunidade aparece quando ele descobre a Casa da Colina, uma velha mansão afastada de um vilarejo onde os habitantes sequer ousam chegar perto e fingem não saber de sua existência.

“Nenhum organismo vivo pode existir muito tempo com sanidade sob condições de realidade absoluta…”

A casa pertence a uma velha senhora que está disposta a aluga-la por uns dias, contanto que um membro de sua família acompanhe o doutor. Feito um acordo o doutor realiza uma busca por pessoas que seriam escolhidas a dedo para acompanhá-lo a esta peculiar excursão e este seria então o time completo: Theodora, também conhecida como Theo, ela foi escolhida porque de acordo com as pesquisas do médico, ela possui um dom.. Eleanor Vance, uma velha senhorita que quando criança presenciou um fato sobrenatural e Luke, futuro herdeiro da mansão.

Tudo começa como uma exploração divertida e apenas um passatempo distante da realidade para os “investigadores”, no entanto, com o passar dos dias naquela casa eles irão descobrir que existe muito mais do que sua sanidade em jogo, talvez até suas próprias vidas.


MINHA OPINIÃO

Apesar de já ter lido outro livro da autora, acredito que possa dizer que consegui me surpreender com a escrita e a narrativa de Shirley Jackson.. O livro carrega um “Q” de suspense psicológico mas traz muito mais em suas entrelinhas do que a história de personagens excêntricos, e que personagens! A história da casa em si pode ser superficial, mas a de seus novos integrantes é simplesmente encantadoramente bizarra!

Theodora é uma jovem que vive uma relação de opressão e repressão na casa de sua irmã e também sua única parente viva já que a mãe, de quem ela passou seus últimos anos cuidando falecera e tudo o que lhe restou foram alguns poucos bens além do carro que divide com a irmã. Quanto a Eleannor, uma solteirona que vive seus dias a pintar e fazer algumas outras artes para que preencha a vida e o pequeno apartamento que divide com uma amiga, afinal, ela não tem muito mais do que a si mesma e seus pensamentos atormentados. Já Luke, é um solteiro problemático que vive se metendo em confusões que tiram o sossego de sua velha tia. Um elenco e tanto, e ainda nem falamos sobre o pobre Dr. Montague, um senhor de meia idade que viveu a vida tentando encontrar explicações para seus mais loucos devaneios, ou talvez, nem tão loucos assim…

“Nenhum olhar humano é capaz de isolar a infeliz coincidência de traço e localização que sugere o mal na fachada de uma casa…”

A casa é sem dúvida um dos principais personagens do enredo, já que desde o início não existe um propósito maior do que sua própria existência para que essa história seja contada. Descrita como algo repulsivo e envolto por uma aura de agonia e perigo, é impossível que o leitor não se sinta tão ameaçado por ela quanto os demais, mas algo falta. Como dito anteriormente, acabamos sendo levados a conhecer alguns fenômenos como que portas que se fecham sozinhas, barulhos noturnos e emboscadas criadas para separar o grupo que ali se encontra, no entanto, é isto… paramos por aqui. Não existe uma explicação maior, o suspense fica em segundo plano e tudo parece não passar de uma pegadinha prestes a ser descoberta.

“As pessoas, o doutor disse com tristeza, estão sempre ávidas por dar nome às coisas, mesmo que o nome seja sem sentido, contanto que tenha uma sonoridade científica.”

Para mim, particularmente, foi muito mais interessante e até mesmo instigante acompanhar o modo como os protagonistas lidam com o isolamento e a forma com que os humanos são levados a perder o pouco de sanidade que possuem quando estão diante do desconhecido ou de situações que colocam a razão à prova do que a proposta do livro em sua essência,  mas isto de forma alguma é algo ruim, só significa que mais uma vez a autora exige do leitor mais do que um olhar superficial e um contentamento primário.

A leitura da obra acontece de forma bastante fluida e rápida, o que acaba sendo uma pena, talvez pela já causada impressão de que tudo acontece de forma muito de repente ou mesmo pela pouca quantidade de páginas. Algumas pessoas talvez não encontrem o que procuram aqui, mas talvez esse seja o ponto.. Não só a autora mas os personagens estão ligados ao incômodo, ao que é difícil de ser enxergado ou aceito, assim como trazem questionamentos e reflexões ao leitor para que esta seja mais do que uma leitura de entretenimento, um exemplo claro disto seria o questionamento de que sempre tentamos explicar tudo cientificamente ou como nos sentimos ameaçados quando não conseguimos controlar uma determinada situação e criamos assim, mecanismos de escape.

A Assombração da Casa da Colina não é, nem de longe, assim como “Sempre vivemos no castelo”, um livro de horror/terror, mas cumpre sua carga de suspense psicológico, assim como também consegue nos fazer dar algumas risadas ao longo da narrativa. Em resumo, é sempre bom nos proporcionarmos sair da margem da expectativa e descobrir que nossas próprias assombrações podem ser piores do que as imaginárias.

A ASSOMBRAÇÃO DA CASA DA COLINA

Autor: Shirley Jackson

Editora: Suma

Ano de publicação: 2018

Considerada uma das melhores histórias de terror do século XX, a A assombração da Casa da Colina promete calafrios aos seus leitores. Vista por mestres como Stephen King e Neil Gaiman como a rainha do terror, Shirley Jackson entrega um livro perturbador sobre a relação entre a loucura e o sobrenatural.
Sozinha no mundo, Eleanor fica encantada ao receber uma carta do dr. Montague convidando-a para passar um tempo na Casa da Colina, um local conhecido por suas manifestações fantasmagóricas. O mesmo convite é feito a Theodora, uma alma artística e “sensitiva”, e a Luke, o herdeiro da mansão. Mas o que começa como uma exploração bem-humorada de um mito inocente se transforma em uma viagem para os piores pesadelos de seus moradores. Com o tempo, fica cada vez mais claro que a vida, e a sanidade, de todos está em risco.

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