As Crônicas de Marte é uma coletânea com 15 contos organizados por George R. R. Martin & Gardner Dozois. A publicação é de 2017 pela editora Arqueiro.

 

Sobre o Livro

Muito antes da corrida espacial realmente começar, muitos autores de ficção científica já escreviam sobre Marte. Eram expectativas do que encontrar no espaço, das formas de vida, das dificuldades. Muitos deles trouxeram os marcianos até nós sem que tivéssemos posto os pés no planeta vermelho.

“No fim das contas, acho que o ‘real’ é menos importante que o ‘divertido’.”

Com A Guerra dos Mundos de H. G. Wells e posteriormente Garrett P. Serviss, Edgar Rice Burroughs com seu Uma princesa de Marte, esse local ainda muito distante ganhou o imaginário das pessoas e, ao longo dos anos, também foi esquecido.

Aqui, George R. R. Martin e Gardner Dozois convidaram autores consagrados para voltar à era de ouro de Marte e nos levar de volta a esse local que movem o sci-fi por muito tempo.


Minha Opinião

Quanto mais eu leio ficção científica que se passa no espaço mais eu me interesso pelo assunto, e foi por isso que As Crônicas de Marte chamou minha atenção. Algo que acho que é necessário tirar logo do caminho é que apesar de ter o nome de Martin bem estampado na capa, ele não tem um conto dentro do livro, apenas escreve a introdução, que pra mim, ainda assim, é um dos melhores textos que você vai encontrar aqui.

Nela, o autor conta a sua trajetória de consumo de sci-fi, cita várias referências de obras e autores que escrevem sobre o assunto e situa muito bem o leitor com material extra para seguir em frente. É um texto empolgante que certamente abre muito bem as portas para os 15 contos que virão. E é nesses contos que esse livro me consumiu de uma forma não tão positiva.

Dos 15, apenas cinco entraram pra minha listinha de boas leituras e foi extremamente demorado passar pelas histórias que não eram tão interessantes. Muitos dos contos mal citam Marte e, se não soubéssemos que o livro se passa nesse ambiente, ficaríamos sabendo sobre ele muito tarde na narrativa. Diferente do que o título sugere, esse não é um livro que tem o planeta vermelho como “protagonista” de seus contos, ele é apenas o local onde a maioria das tramas se passa ou para onde os personagens vão se dirigir em algum momento.

“Poucas satisfações equivalem à tortura dolorosa daqueles que antagonizaram ou sobrepujaram você.”

Entre os contos que mais me chamaram a atenção estão “Bancos de Areia”, uma história que envolve um garoto que sofreu um acidente na infância e passa a ver um pouco além do que o olhar comum, desmistificando uma visão diferente do planeta; “Nas Tumbas dos Reis Marcianos” onde um homem é contratado para ir até tumbas antigas atrás de algo, e há uma conexão bem forte com um “animal”; e “Um Homem Sem Honra”, provavelmente o meu favorito, do autor James S. A. Corey.

Algo que me chamou a atenção em alguns contos foi a junção da fantasia com a ficção científica, não limitando a trama a somente coisas “plausíveis” e, sendo o gênero que mais curto, ajudou com que eu acabasse criando uma identificação maior. Porém, a falta de centralidade ou destaque em Marte acabou surtindo o efeito contrário e me fez não curtir tanto vários textos.

Eu tenho plena consciência que contos são uma dificuldade grande que eu tenho enquanto leitora e, certamente, isso influencia na impressão que eu tenho do livro. Histórias curtas que surgem do nada e acabam do nada sem aprofundamento não me cativam tanto, entretanto, eu sigo tentando. Infelizmente, As Crônicas de Marte não foi o livro que fez com que o jogo virasse por aqui.

Portanto, minha impressão final do livro é que consegui tirar proveito de apenas um terço dele e anotar todas as referências dadas por Martin no texto inicial como opções de leituras para o futuro. O bacana é que, pelo menos, pude conhecer o trabalho de vários autores que ainda não tinha tido contato e reencontrar outros que já li alguma obra.

Essa edição da Arqueiro chegou por aqui com um trabalho de acabamento bem bonito e curti bastante a capa. Por dentro o livro segue o mesmo padrão de separação entre os contos que já vi em outros livros da editora e o texto está com uma fonte ok.

Tendo dito tudo isso, acho que se você tem uma relação melhor com contos, provavelmente sua leitura será mais produtiva que a minha, principalmente se Marte ou sci-fi for algo do seu interesse. Por aqui, seguirei tentando, tanto com contos, quanto em desbravar novos planetas espaço afora.

AS CRÔNICAS DE MARTE

Autor: George R. R. Martin e Gardner Dozois

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2018

Uma princesa de Marte e As crônicas marcianas, dos mestres Edgar Rice Burroughs e Ray Bradbury, foram clássicos que influenciaram a imaginação de milhões de leitores e mostraram que aventuras espaciais não precisavam se passar numa galáxia distante, a anos-luz da Terra, para serem emocionantes. Elas poderiam ser travadas logo ali, no planeta vizinho.
Antes mesmo do programa Mariner e da corrida espacial, a imaginação povoava nosso sistema solar com seres estranhos e civilizações ancestrais, nem sempre dispostos a fazer contato amigável com a Terra. E nesse período, de todos os planetas que orbitavam o nosso Sol, nenhum tinha uma aura de maior romantismo, mistério e aventura do que Marte.
Com contos escolhidos e editados por George R. R. Martin e Gardner Dozois, As crônicas de Marte retoma esse sentimento ao celebrar a Era de Ouro da ficção científica, um período recheado de histórias sobre colonizações interplanetárias e conflitos antigos.

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