Bruxa Akata é o primeiro livro da autora Nnedi Okorafor e foi lançado em 2018 pela Galera Record.

Sobre o livro

Filha de nigerianos, mas nascida nos Estados Unidos, a jovem Sunny Nwazue possui mais que essas particularidades. Ela é diferente do restante da sua família por ser albina e isso gera muitos problemas e sofrimento para ela. Além de aguentar o preconceito vindo dos colegas quando retornam para a Nigéria, ela também precisa suportar o sol que queima sua pele.

“Tenho feições típicas da África Ocidental, assim como minha mãe, mas, apesar, de o resto da família ter a pele marrom-escura, eu tenho cabelo amarelo, pele da cor de “leite azedo” (ou pelo menos é isso que as pessoas imbecis me dizem) e olhos castanho-esverdeados, um testemunho de que Deus carecia da cor certa. Sou albina.”

Não demora para que um jovem note seu sufoco na escola e parta em sua ajuda. Orlu acaba virando seu amigo e com o tempo, após apresentá-la a amiga Chichi a vida de Sunny mudará para sempre. Ela descobrirá que possui poderes, assim como seus amigos.

Ela é uma pessoa-leopardo. Indivíduos que possuem poderes e a capacidade de fazerem jujus com suas facas. Eles possuem o seu próprio código, lugar e, diferente do que estamos acostumados, recebem dinheiro pelo conhecimento que adquirem. Após estudar e aprender sobre as peculiaridades desse mundo com seus amigos, eles terão uma difícil missão pela frente. Um assassino vem matando crianças das piores formas possíveis e tudo indica que o seu grupo deverá impedi-lo. Será que eles vão conseguir? O que esse assassino quer com essas crianças?


Minha opinião

Que história bela e poderosa. Quando ouvi comentários de que era um “Harry Potter nigeriano”, fiquei, no mínimo, curiosa. Iniciei minha vida como leitora juntamente com J. K. Rowling e sempre achei difícil que alguém conseguisse fazer o que ela fez: transportar diversas pessoas para um mundo mágico. Por isso, fui com certo receio para conhecer essa história, não que eu pensasse que poderia ser ruim, mas não achava que seria tudo isso.

Para minha grande surpresa, encontrei algo diferente do que esperava. Parece Harry Potter? Em alguns sentidos. A história é boa? Muito. É melhor? Em alguns pontos, sim. Sabe quando algo é inspirado em outra coisa, mas consegue ser totalmente diferente? Ok, temos bruxos. Ok, temos um mentor. Ok, temos um lugar mágico e até o nome de “ovelhas” para se referir aos “trouxas” de Rowling. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia uma originalidade muito grande. Creio que essa comparação é inevitável, pois esse são os elementos que geralmente fazem parte de uma história juvenil de fantasia, todavia, o que a autora explora aqui vai além do conhecido nas demais obras do mesmo gênero.

A cultura é muito latente nessa trama. O caminho percorrido também é diferente. O desenrolar dessa narrativa me parece muito mais madura desde o começo, visto que a protagonista possui apenas 12 anos. A história é forte, carregada de simbolismos e com uma narrativa impecável. Em apenas dois dias terminei a história e já estou ansiosa pela continuação, Warrior Akata que ainda não tem data de estreia no Brasil.

“Sunny revirou os olhos. De novo não, pensou ela. Que clichê. Todo mundo acha que a senhora muito idosa, a corcunda, o louco e o albino têm poderes mágicos.”

Aprendi sobre costumes diferentes e cada virada de página era uma nova informação. Em certos lugares, senti uma estranheza com algumas particularidades do país e as relações e punições que existem nele. Entretanto, algo que achei riquíssimo e digno de nota foi que a autora não nos deixa perdidos. Ela insere palavras desse contexto no texto, mas não deixa de explicá-las. Como tudo é muito novo para os leitores e não estamos acostumados com esse universo, na entrada dos primeiros capítulos temos algumas palavras que serão usadas, juntamente com suas definições, como se fossem tiradas de um manual para iniciantes.

E mais que isso, temos na nossa frente o que uma mulher nigeriana passa, pela visão da jovem Sunny. A diferença frente os irmãos que podem tudo enquanto ela não pode nada, o desprezo que o pai sente por ela, o quanto ela é julgada o tempo inteiro não apenas por sua diferença, mas por ser mulher. Tudo isso faz com que aquele bichinho da indignação cresça dentro da gente, por isso, a cada vitória sua e resposta mais direta comemoramos. Ela não decepciona no quesito força.

“Vamos começar pelo começo. Então, existem as pessoas-leopardo. Sempre estivemos por aí, espalhados pelo mundo todo. Em alguns países nos chamam de bruxos, feiticeiros, xamãs, magos… coisas desse tipo, acho. Então não se trata apenas de pessoas negras.”

Aqui a magia não é pesada, porque é bem fundamentada. Seus outros três amigos, são muito importantes para a formação desse grupo. Cada um tem uma particularidade. Chichi, Orlu e Sasha são responsáveis por completar esse grupo e trazer um equilíbrio. Juntos eles descobrirão rituais, seres sobrenaturais e fantasmas que pareciam existir apenas no imaginário das pessoas. Aqui, eles são reais. E apesar de eles já haverem sido iniciados na magia há muito tempo, eles possuem paciência e tranquilidade para guiar Sunny nessa jornada.

Neste livro as “deficiências” são vistas como um dom. A autora trouxe uma nova visão para esses detalhes. Cada um já tem uma espécie de característica ou dom específico que difere dos demais. Isso cria personagens únicos, muito bem explorados e ricos em uma bagagem incrível de histórias. Esse entrou para os meus favoritos do ano. Mal posso esperar pela continuação. As descrições são mágicas aqui, nos sentimos pisando nessa terra e conhecendo esses lugares junto com Sunny e seus amigos. Uma indicação indispensável para os fãs de fantasia.

 

BRUXA AKATA

Autor: Nnedi Okorafor

Tradução: João Sette Câmara

Editora: Galera Record

Ano de publicação: 2018

Carinhosamente apelidado de Harry Potter nigeriano, Bruxa Akata tece uma trama de magia e mistério, repleta de mitologia africana. Uma história de amizade, superação e sobre como achar seu lugar no mundo. Sunny tem 12 anos e sempre viveu na fronteira entre dois mundos. Filha de nigerianos, nasceu nos Estados Unidos e é albina. Uma pária, incapaz de passar despercebida. O sol é seu inimigo. Castiga a pele e a expõe aos olhares curiosos. Parece não haver lugar onde ela se encaixe. É sob a lua que a menina se solta, jogando futebol com os irmãos. E então ela descobre algo incrível – na realidade, ela é uma pessoa-leopardo em um mundo de ovelhas. Sunny é alguém com um talento mágico latente, é uma agente livre. Uma pessoa com poderes que nasceu de pais comuns. Logo ela se torna parte de um quarteto de estudantes mágicos, pesquisando o visível e o invisível, aprendendo a alterar a realidade, sendo escolhida por um mentor e conseguindo, enfim, sua faca juju — com a qual é capaz de fazer seus feitiços. Mas isso será suficiente para que encontrem e impeçam um assassino em série que está matando crianças? Um homem perigoso com planos de abrir um portal e invocar o fim do mundo?

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