Chronos: Viajantes do Tempo é o primeiro livro da trilogia de Rysa Walker, lançada no Brasil em 2017 pela Darkside Books.

Sobre o Livro

Kate Pierce vê sua vida mudar completamente de perspectiva quando sua vó Prudence Katherine, que não se dá muito bem com sua mãe, resolve se mudar para a mesma cidade. Alegando ter uma doença terminal, ela pede para passar mais tempo com a neta com quem teve pouco contato devido às divergências familiares.

Porém, ela esconde um segredo e um objeto. Sua avó na verdade veio do futuro e ficou presa no passado enquanto realizava uma missão, tendo que construir uma vida que levou ao momento atual. Essa viagem acontecia através de um medalhão que ela carrega e que causa em Kate várias sensações, apontando então à avó que ela pode ter a habilidade de também usá-lo. A diferença é que Kate talvez não precise do que Prudence necessitava, dando lhe liberdade para ir e vir através do tempo.

Essa revelação vem a tona porque pequenas mudanças tem sido feitas e a avó sabe que a pessoa que causou sua impossibilidade de voltar a sua época está mudando a linha temporal e isso deve ser impedido. Como Kate tem a ligação com o objeto, talvez ela seja a única capaz de impossibilitar os planos de Saul, um homem ambicioso e que está interferindo na vida de todos.


Minha Opinião

Chronos prometeu apresentar uma história de viagem no tempo e muita aventura. Segundo a sinopse oficial, veríamos um confronto com H. H. Holmes, um notório serial killer do século XIX e uma corajosa jornada para impedir um vilão sagaz. Bom, não é bem assim. Primeiro, apesar de ser um livro de ficção científica, tenha em mente de que é uma história juvenil, com romance. E esse já foi meu primeiro tropeço. Segundo, saiba que viagem no tempo realmente, só acontece no último terço do livro, que é onde vamos nos confrontar com a proposta da sinopse. Ou seja, vá com calma nas expectativas.

Existe uma lenda urbana que, aparentemente, para apresentar personagens juvenis é preciso diminuir a história com conflitos românticos e criar triângulos, e eu não sei pra vocês, mas comigo não funciona mais já tem um tempo. Aqui, o que temos é uma protagonista que, como já era de se esperar, nunca havia tido um namorado antes e que antes da página 100 já tem dois pretendentes e não sabe bem qual escolher.

Mas e a viagem no tempo? Pois é, os dois primeiros atos do livro são de preparação, pesquisa, apresentação da situação geral do mundo e das consequências das mudanças, e esse último aspecto é que foi interessante. Há muito tempo desperdiçado com certo alinhamentos, enquanto esperamos o que a sinopse propõe. Que vem e acaba rápido.

“Todos nós sabíamos que não conseguíamos saltar entre os pontos estáveis sem uma viagem de volta à CHRONOS. Durante o treinamento, eles disseram que isso era uma verificação institucional – um modo de a CHRONOS manter o controle da nossa localização temporal.”

Minha frustração está que a autora apresenta uma proposta de desenvolvimento religioso e social muito interessante e detalhado ao longo da narrativa. Temos várias páginas explicando toda a logística que está diretamente ligada com as mudanças que vem sido feitas na história, porém isso não combina com o aspecto juvenil da trama. Saímos muito abruptamente de uma cena com cenário super complexo, para um suspiro romântico e mesmo com todas as explicações, algumas coisas ainda não ficam claras se realmente fariam sentido em uma situação real, com o que diz respeito as linhas temporais. Com isso, o andamento do livro foi bem prejudicado pra mim.

E assim, eu não vejo problema em termos uma protagonista adolescente, a questão está no peso que cada coisa tem dentro do desenvolvimento do livro e a mudança de complexidade que a narrativa sofre ao mudar de uma coisa para a outra, não parece combinar e há destaque demais para as pequenas questões enquanto coisas importantes ficam de lado de serem explicadas.

Recentemente eu li Jogador Nº 1, famoso livro de ficção científica de Ernest Cline, onde temos um protagonista jovem, uma realidade complexa que precisa de constante explicação e descrição e um romance. Porém, tudo isso foi harmonicamente combinado para ter peso e momento certo para acontecer, deixando a história interessante e instigante. O que eu não vi acontecer em Chronos.

“Eu não sou dispendiosa ou exigente. Eu sei lidar com o caos.”

Kate é uma garota inteligente e enquanto vi ela se perguntando algumas coisas, há uma pilha enorme de perguntas que não são feitas e que se eu me visse descobrindo o que ela descobriu, certamente estariam no topo da minha lista. Enquanto a autora é prolixa pra explicar algumas coisas, pula a lógica em outras, apresentando alguns capítulos depois a personagem ciente e dominando coisas que não vimos acontecer ou ganhar explicação nas páginas. Isso cria um “gap” logístico entre a história e o leitor, onde eu me vi várias vezes voltando pra ver se eu tinha “perdido” algo.

Tendo tudo isso em vista, não posso afirmar se a escrita da autora é mais travada ou se foram todos esses aspectos que dificultaram a minha travessia através das páginas. De todo o resto, a edição da Darkside está lindíssima, como sempre e acaba por ser um fator motivacional de leitura do livro.

Acho que Chronos pode funcionar para leitores iniciantes de ficção científica e pra quem curte livros young adult, mas talvez não surta o mesmo efeito em um leitor mais experiente, que busque histórias que apresentem essa temática um pouco mais de solidez.

CHRONOS – VIAJANTES DO TEMPO

Autor: Rysa Walker

Editora: Darkside

Ano de publicação: 2017

Kate Pierce-Keller tem sua vida mudada, quando sua avó surge com revelações e um objeto que podem colocar sua existência em risco. Os eventos da premiada Trilogia Chronos se iniciam quando Kate descobre que sua avó é uma historiadora viajante do tempo — nascida alguns séculos à frente, mas presa ao presente por conta de um acidente — e possui um artefato, um medalhão azul reluzente, que permite realizar saltos temporais para qualquer época e local. Tudo parece um absurdo no início, mas uma leve interferência na linha temporal faz com que os pais de Kate sumam do mapa e ela seja a próxima da lista. Arriscando sua vida, ela aceita a missão de tentar voltar no tempo para evitar um homicídio que é a chave de tudo e colocar as coisas no seu devido lugar. Mas se ela for bem sucedida, a interferência também terá um custo pessoal. Neste primeiro volume, o leitor é transportado para a Exposição Universal de 1893, em Chicago, quando a Roda Gigante foi apresentada pela primeira vez e o serial killer H. H. Holmes dirigia um hotel construído especialmente para receber os visitantes da feira (e sumir com seus corpos). Em meio a tantos fatos históricos e curiosos, Kate precisa agir pontualmente para não estragar nada, e ainda impedir a ascensão de um culto religioso bastante poderoso que ameaça afetar o universo como o conhecemos.

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