Atenção!

Temas sensíveis: abuso de drogas e transtornos mentais

Como Se Não Houvesse Amanhã é um livro único da autora Carian Cole. É publicado pela Editora AllBook em 2021.

Sobre o Livro

Com apenas 21 anos, Piper é uma mulher com um emprego estável e uma vida confortável morando no porão da casa de seus pais – por mais que esse não seja sua visão de futuro. Sua vida muda drasticamente quando conhece Evan, que gosta de ser chamado de “Blue”, um músico de rua.

Blue, com seus cabelos longos, tatuagens, toca por alguns trocados no mesmo parque em que Piper passa seu horário de almoço. Ao trocarem algumas palavras, ela se vê intensamente envolvida por seu talento e voz sexy. Porém, descobre que ele não é apenas um músico, mas sim, um morador de rua que divide a companhia com seu cachorro fofo, Arcon.

Minha Opinião

Acho que nenhuma sinopse consegue definir como esse livro funciona. É um caos do início ao fim, a apesar de eu já ter lido “Torn” da autora, fui com a ilusão de saber o que me esperava, mas esse livro vai muito além.

Blue não tem casa, celular ou como dar a Piper a segurança que ela tanto anseia, mas mesmo assim, ela decide levar esse relacionamento sem garantias adiante. É importante deixar claro que Piper deu consentimento para o tipo de vida que teria a partir daquele dia. Achei muito problemático, pois Blue é um homem sem amarras, intenso e livre, e ela tinha conhecimento disso, mas mesmo assim persiste entre as idas e vindas.

A dependência que Piper tem vai ganhando intensidade, e dá dó vê-la assim devido a sua inocência, mas o crescimento dela é inegável conforme o livro avança. Não é uma trajetória fácil, jamais. Porém, é uma fé e busca incessante por um futuro que somente ela vê. Apenas a vontade de ficarem juntos não será o suficiente, pois nem sempre o amor vence as batalhas que o cercam. Blue é um personagem com histórico de drogas, então o vício deixa seus pensamentos mais calmos, em contraponto, deixa Piper sem saber o que fazer ou como desvencilhar de um amor que a magoa. e uma personalidade muito complexa que vai sendo explorada aos poucos.

O que me manteve entretida a leitura inteira era saber o que Blue tinha. Com seu comportamento errático, introspectivo, esquisito, calado, e em outros momentos muito vibrante, falante, e sendo atencioso de um jeito muito egoísta, me fez ver que algo estava muito errado, e eu precisava descobrir o que era. A personalidade dele é muito complexa, mas vai fazendo sentido ao ser explorada aos poucos juntos com a narrativa dos acontecimentos, que são de fazer explodir a mente.

“Pela primeira vez, não sou entediante, segura e previsível. Eu entrei por vontade própria nas profundezas do desconhecido, que vem sob o disfarce de braços tatuados e uma bela voz.”

Quando ele vai embora, Piper é deixada com um coração partido, a companhia de Arcon e uma lembrança que jamais poderá reverter. A bela passagem de tempo premeia um reencontro em forma de CD com músicas baseadas no tempo em que viveram e ambos parecem se atrair com uma força tão imensa como antes, mas há bagagens para serem analisadas.

Ditra, Josh e Reece não são apenas ótimos personagens secundários, mas também fundamentais para que Piper siga firme no seu dia a dia. Quando não recebe o apoio familiar que tanto precisa, eles se tornam os melhores amigos que uma pessoa poderia ter.

” – Ás vezes, me perco na minha própria cabeça. A música, as palavras, às vezes assumem o controle. Ás vezes, não consigo dormir por dias e não como.”

Quando descobrimos com o quê estamos lidando quando se trata do Blue, passar pano é uma estratégia muito fácil, mas para mim foi longe disso. É claro que eles têm uma relação tóxica, conturbada e cheia de altos e baixos. No entanto, digo mais, é preciso um pouco de empatia. Lidar com uma doença que muda o cérebro e a forma de agir deve ser uma das situações mais difíceis da vida. Então, como deveria ser amar alguém assim? Eu admirei muito a Piper pela força extraordinária que ela cria durante o livro, a forma como cuida de seus pares, mas também aprende a cuidar de si mesma.

A narrativa da Carian Cole cativa, é direta, além de conseguir deixar muitos detalhes e pistas para o leitor. No entanto, ela me conquistou (de novo!) com a forma responsável ao falar sobre saúde mental, uso de drogas, a falta de apoio familiar, a indústria da música e a importância do tratamento psicológico. O relacionamento de Piper e Blue é muito problemático, mas não é romantizado. É uma história de amor injusta, real, profunda e dolorosa, onde temos alguns personagens falando que o caminho que Piper escolheu será cheio de percalços.

“Como se não houvesse amanhã” não me fez chorar, mas me trouxe outros sintomas físicos parecidos, a angústia sendo a principal. Eu fiquei muito envolvida com esses personagens e a forma como a história foi contada. Carian Cole é uma autora maravilhosa que espero que ganhe alguma notoriedade no Brasil, pois seus livros são sempre intensos e com sentimentos conflituosos, bem meu estilo favorito.

COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ

Autor: Carian Cole

Tradução: Carolina Caires Coelho

Editora: Editora AllBook

Ano de publicação: 2021

Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece. O meu foi um músico de rua que entrou com tudo na minha alma. Ele foi meu primeiro em tudo. E mesmo depois de catorze anos, ainda não o esqueci. Ele quebrou todas as minhas regras. E o meu coração. Eu assisti sua ascensão, torcendo de longe. Fui uma garota apaixonada, não uma fã. Ele explodiu como um meteoro, deixando um rastro de destruição para trás. Mas o amor vence sempre, não é? Tem de vencer. Porque aqui estou eu, devastada, arruinada, precisando acreditar que isso seja verdade. Desejo poder voltar no tempo. Voltar ao parque. Voltar na época em que ele cantava só para mim. Antes de ficar famoso. Antes de partir o meu coração. Pensei que o conhecia bem. Mas me enganei. Ele me prometeu todos os amanhãs. E aqui estou eu… Esperando. Torcendo.

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