Corte de Névoa e Fúria é da autora Sarah J. Maas e dá continuidade a história que começou em Corte de Espinhos e Rosas. O lançamento é da Galera Record em 2016.

Sobre o Livro

*Esta resenha contém spoiler do livro anterior.

Feyre Archeron morreu sob a montanha, mas garras de Amarantha e foi revivida através do poder dos grão-feéricos. Agora uma imortal e com o fim da ameaça da vilã, mas com um novo inimigo em Hybern, Feyre precisa descobrir o seu papel no mundo. Ao lado de Tamlin, que agora recuperou seus poderes, sua vontade é ajudar a reconstruir o mundo devastado por Amarantha e ajudar na luta que virá, porém seu par não quer que ela se envolva.

Tanto ela quando Tamlin estão ainda muito abalados com o que aconteceu, porém para Feyre é tudo amplificado. Ela tem um novo corpo, novas habilidades e sequer tem conhecimento sobre tudo o que pode fazer, mas está fraca, quebrada, acordando todas as noites de pesadelos que voltam a sob a montanha, que lhe tiram o sono e também expulsam de seu corpo muito do que ela come.

Tentando protegê-la a sua maneira, Tamlin impede que ela saia e ajude, privando-a de sua liberdade. Isso a deixa ainda mais abalada e, com o casamento se aproximando, Feyre parece se sufocar em sua imortalidade. Porém, ela também tem um papel a cumprir com Rhys, o grão-senhor da Corte Nortuna, devido ao trato que fez com ele, de passar uma semana por mês ao seu lado. E Rhys, apesar de demorar um pouco, virá cobrar esse acordo.

“Você pode ser um peão, ser a recompensa de alguém e passar o resto da vida imortal se curvando e buscando aprovação e fingindo ser menos que ele, que qualquer um de nós. Se quiser escolher esse caminho, então, tudo bem. É uma pena, mas a escolha é sua.”

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Porém o que espera Feyre na Corte Noturna não é exatamente o que ela imaginava, e um mundo novo lhe é revelado. Agora, mais do que nunca, ela precisa decidir como vai viver sua vida. Casada com Tamlin, sendo uma prisioneira de sua proteção e apenas cumprindo seu papel de aparições ao lado do grão-senhor, ou buscará sua identidade, com a ajuda de novos aliados, pronta para lutar a guerra que se aproxima? Feyre Quebradora da Maldição é um símbolo da liberdade em Prythian, mas será que ela vai encontrar a sua própria forma de ser livre?


Minha opinião

Minha relação com o primeiro livro dessa série, Corte de Espinhos e Rosas foi bem conflitante. Apesar de eu gostar do mundo e do plot da história a Feyre me deixou extremamente irritada com a forma como conduz as coisas. Depois de conhecer Celaena em Trono de Vidro, eu esperava uma personagem forte e decidida e Feyre até se mostra assim em alguns momentos, mas sempre pelos motivos errados.

Com isso, fui ler Corte de Névoa e Fúria com um pouco de receio, pois tinha medo de encontrar mais do mesmo aqui em uma versão muito mais ampla, já que esse livro tem quase 700 páginas e, portanto, mais tempo para Feyre fazer coisas de Feyre. Porém, qual não foi a minha surpresa, quando vi a personagem se transformando e esse livro se tornando uma das melhores leituras do ano.

“E ele teve a ousadia, depois que seus poderes retornaram, de me jogar em uma jaula. A ousadia de dizer que eu não era mais útil; eu deveria ficar enclausurada para a paz de espírito dele. Tamlin me dera tudo de que eu precisava para me tornar quem era, me sentir segura e, quando conseguiu o que quis, quando conseguiu o poder de volta… parou de tentar.”

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As mudanças não são instantâneas e começamos o livro em um momento de extremo conflito. É possível ver o efeito que tudo o que aconteceu tem sobre a personagem e sobre Tamlin, a evidencia de que a relação ali estabelecida está debilitada é clara, mas também há a torcida por um casal que se formou no primeiro livro e que muitos gostariam que desse certo.

A fórmula que a autora usou pra construir Tamlin é muito interessante. Essa série, caso você não saiba, foi inspirada em A Bela e a Fera, e no primeiro livro esse elemento é bem exposto, pois o personagem usa uma máscara e precisa ser libertado de uma maldição. Porém, quando ele agora deveria ser o príncipe belo, poderoso e apaixonado, temos somado a isso um instinto protetor extremo, que ao invés de dar o espaço que Feyre precisa pra se curar, a soterra em um mar de enclausuramento e solidão. Com isso, grande parte do encantamento sobre o personagem se desfaz e o leitor passa a torcer muito mais por Feyre do que por um romance que tem tudo para apenas prejudicar a jovem. Ele é um grão-feérico, ele é o senhor da Corte Primaveril, ele tem anos para recuperar, feéricos a cuidar, e Feyre. Mas não uma Feyre para amar, apesar de o sentimento dele ser palpável, mas uma Feyre para proteger, para isolar, para guardar pra si e isso nunca resulta em algo positivo.

E é, a partir disso que vemos a personagem começar a mudar. Ela ama ele, mas ela também entende que a aprisionar não é a forma certa de protegê-la ou de simplesmente amá-la. Quando isso supera o “não quero confrontar, não quero irritá-lo, não vou incomodá-lo”, a Feyre que conhecíamos antes desaparece e todos os poréns que me fizeram torcer o nariz várias vezes no primeiro livro são modificados, pois a protagonista compreende, pela primeira vez, que a sua luta deve ser por algo muito maior do que o amor de uma só pessoa.

“E percebi o quanto tinha sido maltratada antes se os meus padrões tinham se tornado tão baixos. Se a liberdade que eu tinha recebido parecia um privilégio e não um direito inerente.”

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Além de toda a questão das fraquezas de Feyre serem superadas, a história em si alcança outro nível. No primeiro livro tivemos segredos ocultos, mas em Corte de Névoa e Fúria, a autora aperfeiçoa isso de forma genial. A cada conjunto de páginas fazemos uma descoberta sobre o mundo, a história ou algum personagem e, quando o final vem, é impossível que você tenha completamente previsto as duas revelações que compõem as 100 páginas finais. E é tão legal quando isso acontece, quando um livro é capaz de deixar o leitor sem chão.

Rhys é o grande astro do livro, como eu imaginei que seria. O vinculo que ele criou com a Feyre no primeiro livro foi apenas uma desculpa para sua presença aqui e conhecemos facetas completamente novas desse personagem. O grão-senhor da Corte Noturna é um dos mais poderosos feéricos que já viveram e sua fama o persegue. As histórias sobre crueldades e torturas nessa corte já são mitos espalhados por toda Prythian, e será muito divertido descobrir as verdades e mentiras a respeito de tudo isso.

Certamente, como Tamlin jamais conseguiu durante o primeiro livro, Rhys ganhou minha atenção e entrou para o haul de personagens favoritos. A personalidade dele é exposta aos poucos, assim como sua história. Mas, acima de qualquer coisa, ele é um grão-feérico correto, ardiloso, sarcástico e cheio de carisma, e sabe usar todos esses elementos como ninguém. Também conheceremos mais sobre a sua Corte, sobre como as coisas funcionam em seu território e iremos visitar outros lugares e Cortes, ampliando nosso conhecimento sobre os locais desse mundo. Novos personagens serão inseridos e eles logo se tornarão nossos queridinhos, porque são cheios de carisma e personalidade.

Corte de Névoa e Fúria é um livro que vai além da sua história principal e trabalha temas como relacionamento abusivo, servidão, e até depressão, tudo de forma sutil, imerso na história, para que a absorção venha como parte inerente do processo de leitura. A visão mais “sexy” que foi me passada do livro não lhe procede completamente, apesar de termos sim algumas cenas no estilo aqui, porém nem isso e nem o romance são os temas centrais do livro e, se fosse assim, tenho certeza que teria uma opinião diferente sobre o mesmo.

Esse é o 7º livro da autora que leio e acredito ser o mais bem escrito. Há tensão tensão e mistério, mas a trama também conta com vários momentos divertidos, um humor sarcástico, sacadinhas e alguns plot twists pra fazer o leitor pirar. Me arrisco a dizer que esse é o melhor livro da autora e meu favorito, mesmo essa ainda não sendo a série que eu mais gosto e que, para superar Trono de Vidro, ainda vai ter um longo caminho pela frente. Mas, é impossível negar que houve uma evolução enorme entre o primeiro e o segundo volume e é um prazer pegar um segundo livro – que normalmente é problemático – e encontrar uma história surpreendente e concisa. Minhas palminhas para a autora.

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CORTE DE NÉVOA E FÚRIA

Autor: Sarah J. Maas

Editora: Galera Record

Ano de publicação: 2016

Nessa continuação, a jovem humana que morreu nas garras de Amarantha, Feyre, assume seu lugar como Quebradora da Maldição e dona dos poderes de sete Grão-Feéricos. Seu coração, no entanto, permanece humano. Incapaz de esquecer o que sofreu para libertar o povo de Tamlin e o pacto firmado com Rhys, senhor da Corte Noturna. Mas, mesmo assim, ela se esforça para reconstruir o lar que criou na Corte Primaveril. Então por que é ao lado de Rhys que se sente mais plena? Peça-chave num jogo que desconhece, Feyre deve aprender rapidamente do que é capaz. Pois um antigo mal, muito pior que Amarantha, se agita no horizonte e ameaça o mundo de humanos e feéricos.

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