Dias de Abandono é mais uma obra da misteriosa autora Elena Ferrante, e foi trazido ao Brasil pela Editora Globo, sob o selo Biblioteca Azul em 2016.

SOBRE O LIVRO

Em um pequeno apartamento em Turim, vive a família de Olga, composta por seu marido Mário, seus dois filhos e seu cachorro. O casal vive uma vida de parceria há quinze anos, e para Olga, tudo continuava na mais perfeita ordem. No entanto, em uma tarde, tirando a mesa do almoço, Mario diz que a quer deixar.

Com a decisão do marido, Olga se vê não sozinha, mas abandonada com as crianças e o cão que ela nunca quis, tinha sido ideia de Mário. É sob esse cenário que passaremos a acompanhar os dias vazios e enfadonhos da protagonista, em meio a devaneios, esquecimentos e tristezas fazendo com que ela mergulhe em um amplo vazio através do espiral de pensamentos obsessivos que a acompanham.

Para suprir a falta do marido e o abismo perturbador em que ela se encontra, Olga tenta preencher seus dias com tarefas cotidianas que já não consegue mais realizar, até que ela resolve flertar com um vizinho de meia idade a quem Mario sempre odiou e a quem ela sempre teve indiferença. Talvez, isso a faça se redescobrir.


MINHA OPINIÃO

A ideia do abandono muitas vezes é estranha quando pensada em um aspecto pessoal, afinal, ninguém espera que isso aconteça a si. Criar uma personagem com ideias tão próximas a uma realidade cotidiana faz com que a o leitor se aproxime de sua história, posso sugerir até que se veja em seu lugar.

É claro que em um mundo onde a perspectiva do empoderamento feminino e a independência das mulheres torna-se cada vez uma realidade mais presente, pode ser um ponto crítico sob a visão de algumas pessoas uma personagem “dependente” do marido. No entanto, é sempre necessário considerar que quer queiramos ou não, é sempre difícil nos desvencilhar de hábitos, companhias costumeiras e passarmos a ter obrigações todas para nós, quando antes éramos acostumados a dividi-las.

Olga é o reflexo de um subconsciente perturbado, e ao mesmo tempo isso é em parte culpa não só do abandono de seu marido, mas de si mesma. O fato de nos acomodarmos pode ser perigoso para uma mente sã, essa é a ideia central, ao meu ver. Mais do que a questão do divórcio em si, acredito que o ponto discutido seja as dificuldades da vida como um todo.

Criar filhos que as vezes são hostis, um cachorro a quem ser responsável, e além do mais nos relacionarmos externamente pode ser uma tarefa difícil muitas vezes e que assusta e sobrecarrega as pessoas. Outra ideia tratada de forma sutil é o porque sentimos o que sentimos. A forma casual com que todos os sentimentos surgem e se alastram. O poder que eles tem sobre nós e sobre nosso bem estar.

A obra não pertence aos gêneros com os quais estou acostumada a ler, no entanto, acho simplesmente maravilhoso quando saio da minha zona de conforto e acabo me interessante realmente pela escrita do autor, pela narrativa, e mais do que isso, quando me importo com cada um dos personagens até o final. A escrita de Ferrante é envolvente e fluida de forma que somos “arrastados” pelo vendaval de ideias que ela cria. Os capítulos são bem curtinhos, o que da a ideia de que são apenas devaneios, da personagem ou talvez do próprio leitor.

Talvez o desfecho não tenha sido o que esperei, mas é importante pensar que foi o melhor para o enredo e para a ideia transmitida. E é preciso dizer que vale a pena se arriscar, dar um novo fim a própria história.

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DIAS DE ABANDONO

Autor: Elena Ferrante

Editora: Biblioteca Azul

Ano de publicação: 2016

Depois de quinze anos de casamento, Olga é abandonada por Mario. Presa ao cotidiano estilhaçado com dois filhos, um cachorro e nenhum emprego, ela se recusa a assumir o papel de “pobre mulher abandonada”. Essa opção a projeta num turbilhão de obsessões, angústias e ímpetos violentos, capazes de afastar Olga do fato de que as derrotas precisam ser assumidas para que a vida possa enfim seguir adiante.
Assinado pela enigmática autora cuja verdadeira identidade é mantida em segredo, “Dias de Abandono” colocou Elena Ferrante definitivamente no panteão dos maiores autores da literatura segundo público e crítica.

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