Às vezes eu fico meio perdida sobre como conduzir esses textos de inspirações do mês. Talvez eu devesse dar dicas do que me move, levando em consideração o tema, mas em alguns momentos é simplesmente difícil. Eu passo longe de ser a pessoa mais otimista do mundo e nem sempre a gente está no clima também. Então hoje, para falar sobre cores e amores, vamos falar sobre a realidade.

Sabe quando você olha pra todos os lados e parece que há apenas problemas se acumulando, um sobre o outro? É assim que eu me sinto quando olho pro mundo e, mais importante, o país onde vivemos. Eu não sou uma pessoa política e não acho que você precise ser para entender que estamos presenciando tempos complicados e imprevisíveis. E, seja você preocupado ou não com esse cenário, tem dias em que, seja qual for a situação, é difícil se manter positivo.

E é ai que a vida parece nos exigir que encontremos a fé e a força para seguir em frente em coisas pequenas, em detalhes brilhantes e coloridos que vão saltar aos nosso olhos em meio ao cinza de uma realidade triste e brutal.

E você não precisa achar que é necessário ser algo importante ou substancial. Pode ser uma flor na rua em meio ao verde, o sorriso de uma criança que se abre ao cruzar o olhar com você, olhar para cima e ver um céu lindo e azul sobre a sua cabeça, a generosidade de alguém que abre uma porta, a educação de um estranho que dá bom dia, aquele livro que aquece o seu coração com uma história emocionante ou um desfecho surpreendente, encontrar algo que estava perdido e você nem lembrava mais que possuía, comer algo que você gosta muito, uma palavra de carinho, um encontro inesperado. O segredo está em conseguir ver quando essas coisas se apresentam.

Há algum tempo eu encontrei uma caixa de lápis de cor que eu tinha desde a faculdade. Objetos que estavam guardados para não serem “gastos”, pra uma conservação sem sentido. Hoje eles habitam uma das tantas canecas que eu tenho espalhadas pela casa para decoração e me proporcionam alegria. São usados, colorem. Isso vale pra tantas outras coisas que me peguei perguntando porque eu estava guardando tantos “amores” em caixas ou gavetas e me privando de usá-los, sabendo que no dia a dia, a sua simples presença iria amenizar um pouco do efeito sombrio que, por vezes, os nosso arredores proporcionam.

Pus as almofadas no sofá. Todos os dias eu chego em casa e os gatos colocaram todas no chão. Se antes eu fechava a cara, hoje tento fazer uma brincadeira com eles e dizer que está tudo bem. Se antes eu não queimava as velas para se manterem intactas, hoje apenas vejo a beleza do ritual. Às que intactas estão, não há mais uma promessa duradoura.

No fim do dia, no meio do caos, depois de uma semana estressante, tentar ver no mundo coisas bonitas tem um pouco a ver com desapego, com abrir mão de uma visão individualista e julgadora. Com fechar e abrir novamente os olhos para enxergar sob uma nova perspectiva. Abrir a mente também.

Então, no momento tumultuado atual, que tal exercitarmos tentar ver um pouco mais de cor e ser um pouco mais amáveis com o próximo e com nós mesmos? Que tal tentar buscar na lambida que seu cão ou gato dá um gesto de amor, no porteiro que abre a porta uma cortesia, no motorista que para pra você atravessar uma gentileza e ficar feliz e grato por cada um desses pequenos gestos? Mesmo que eles sejam o “certo”, mesmo que isso seja o “mínimo”.

Se não, chega um ponto que tudo o que a gente ama e tudo o que tem vida ao nosso redor começa a minguar e a morrer porque nós nos tornamos algo cinza e triste.

Lembrando que estão participando junto comigo dessa blogagem coletiva os blogs Nuvem Literária, Livros & Fuxicos, Minha Vida Literária, Segredos Entre Amigas, Equalize da Leitura e Pronome Interrogativo. Não deixem de conferir as postagens delas também :)

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