A Montanha Mágica (no original, em alemão, Der Zauberberg) foi publicado por Thomas Mann em 1924, e republicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras no ano de 2016.

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SOBRE O LIVRO

Somos convidados a acompanhar nosso protagonista Hans Castorp, um jovem que tendo perdido os pais muito cedo e logo depois o avô ao qual sempre fora apegado, se viu órfão e dono de uma pequena fortuna como herança. Em uma viagem para o topo de uma montanha na Suíça até o “Berghof”, um sanatório para tuberculosos, Hans parte na intenção de fazer uma breve visita de três semanas a seu primo Joachim Ziemssen.

Desde sua subida até a chegada ao topo da montanha Catorp sentiu seu rosto queimar, e como a aclimatação ali em cima seria difícil, deveria ser apenas um resfriado. Sendo assim, ele não se preocupa com maiores detalhes e passa a fazer parte da população do Berghof como visitante. Tudo ali era novo e tinha em seu significado uma essência particular.

“Respondeu que passaria três semanas ali, ao passo que mencionou também seu exame e acrescentou que, graças a Deus, gozava da mais perfeita saúde.
– Será? – perguntou o dr. Krokowski – nesse caso o senhor é um fenômeno digno de ser estudado. Eu, pelo menos, ainda não encontrei um homem sequer em perfeita saúde.”

É nesse cenário de tranquilidade e repouso que vamos acompanhar o dia a dia de nosso herói e seus companheiros de internato. Até que em uma manhã ele acorda bem disposto e resolve dar um passeio mais extenso, sozinho. No entanto, este passeio não lhe faz bem.E é esse o gatilho para que ele se convença a fazer uma consulta com o Dr. Behrens, afinal, ele já estava ali e caso contrário teria procurado seu médico na planície só por garantia. Nessa consulta é que começamos a verdadeira história do paciente Hans Castorp, vez que sua estadia ali terá de se prolongar, já que agora ele é “um deles”.


MINHA OPINIÃO

É fácil dizer que o livro é para se tornar um favorito. Tudo acerca dele desperta interesse no leitor, até mesmo o plot simples e a falta de detalhes aos quais só serão descobertos no decorrer da leitura. Procurei ao máximo tirar dele informações não só sobre a história em si, mas sobre todos os assuntos discutidos pelos personagens. Apesar da particularidade de cada um dos pacientes, relações são desenvolvidas mesmo que superficialmente, e nelas discussões são criadas.

“Por que não julgar? Julgue, sim! É para esse fim que natureza lhe deu dois olhos e o discernimento.”

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Um exemplo de uma das relações mais interessantes do livro é a do protagonista com Setembrinni, um literato/filósofo que adora expressar suas opiniões a respeito de tudo que acontece no Berghof, inclusive sobre os companheiros. No entanto, os temas sobre os quais mais tratam são a vida, a morte e o Tempo.

Desde o início do livro recebemos uma informação sobre o Tempo, que ali em cima, não é contado em horas, ou mesmo em dias, mas sim em meses! E isso se torna real para o leitor, somos capazes de ler horas a fio e não saber quanto tempo se passou. Esse é sem dúvida um dos aspectos mais interessantes, pois somos envolvidos pela trama de uma forma única.

Quanto à morte, esse é sem dúvida o tópico que mais incomodou o protagonista. Para ele era inaceitável que alguém viesse a falecer e fosse retirado longe dos olhos dos outros, ou ainda que estes nem sequer tomassem conhecimento sobre ela. Em dado momento, ele começa a escrever cartas a uma paciente à beira da morte, como por exemplo: “fique bem rápido”, ou ainda indagando aos outros: “você viu quem morreu?”. Talvez esse seja o ponto onde mais nos deparemos com a personalidade do próprio Hans Castorp, um jovem medíocre, não no sentido ruim da palavra, mas comum, ao qual mudanças não são tão bem aceitas.

Outra relação interessante é a do protagonista com uma interna, Clawdia Chauchat, uma pessoa de educação duvidosa que incomoda ao nosso personagem e sobre a qual todos especulam “estado civil”, e no entanto, por quem ele estabelecerá uma certa “relação” em pensamento e posteriormente em pequeno diálogos.  Para Hans Castorp ela remete a um conhecido garotinho na infância ao qual da entender que foi uma breve paixão.

“A análise é boa como instrumento do esclarecimento e da civilização; é boa, quando abala convicções estúpidas, dissipa preconceitos naturais e solapa a autoridade; é boa, em outros termos, enquanto liberta, refina, humaniza e prepara os escravos para a liberdade. É má, muito má mesmo, quando estorva a ação, quando prejudica as raízes da vida e se mostra incapaz de lhe dar forma.”

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O humor peculiar de cada personagem é colocado como forma de amenizar não só a situação a qual enfrentam, mas até mesmo a presença da guerra e pós-guerra. Essa foi a realidade do autor enquanto realizava a escrita do livro, tendo sido iniciado antes da Primeira Guerra Mundial. Houve uma pausa onde o autor se dedicou a outras obras, retomando então, durante a guerra e terminando depois dela um dos romances mais influentes da literatura mundial do século XX. Ele usa esse cenário então como plano de fundo e influenciando a vida dos personagens por seus eventos.

Por fim, cada pensamento pode ser trazido ao nosso próprio mundo, cada aspecto pode ser presente em nossa personalidade e cada discussão pode ser um ensinamento. Algo que deve ser levado em conta é o fato de que sempre será necessária uma releitura, nunca estaremos satisfeitos. É uma obra indispensável e a qual eu indico a todos! <3

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A MONTANHA MÁGICA

Autor: Thomas Mann

Editora: Companhia das Letras

Ano de publicação: 2016

Em A montanha mágica, Thomas Mann renova a tradição, distintamente alemã, do Bildungsroman, o romance de formação. O jovem e ingênuo engenheiro Hans Castorp vê-se desviado de uma previsível carreira na construção naval ao internar-se em um sanatório para tuberculosos nos Alpes suíços. Durante a inesperada estadia, Hans relaciona-se com uma miríade de personagens enfermos que encarnam os conflitos espirituais e ideológicos que antecedem a Primeira Guerra Mundial. Lidando com uma variedade de temas – estados doentios e corpóreos, a arte, o amor, a natureza do tempo e da morte, o embate entre democracia e totalitarismo-, este romance alcançou êxito imediato, destacando-se como a obra-prima do celebrado escritor alemão.

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