O Exorcista tem como autor Willian Peter Blatty, escritor e roteirista estadunidense. O livro foi lançado 1971 pela editora Harper & Row Publishers. No Brasil ele foi publicado pela primeira vez em 1972 pela editora Nova Fronteira.

o exorcista

SOBRE O LIVRO

O livro começa com três núcleos. O primeiro nos dá um vislumbre do padre jesuíta Merrin que se encontra no oriente médio fazendo escavações arqueológicas. O segundo gira em torno de uma família que reside em Georgetown, Washington DC, formada por Chris e Regan Macneill. Chris é uma artista consagrada de cinema e Regan é a sua filha. Regan é uma criança gentil e amorosa, que, apesar de não conviver com seu pai, já divorciado, não apresenta sinais de comportamento agressivo ou de revolta para com a mãe. Por fim, o terceiro nos dá um breve vislumbre do ex-pugilista, padre Damien Karras. Damien é psicólogo e vive um episódio de crise de fé no momento em que vê sua mãe ser consumida pela doença.

Após um breve trecho onde se descoberta o acampamento de pesquisa arqueológica sob supervisão do padre Merrin, passamos a conhecer a rotina de Regan e Chris. As duas possuem uma relação tranquila e amorosa, são abertamente declaradas ateias e, apesar de conviverem com membros da igreja, não possuem afinidade com quaisquer religião. Demonstrando através de um ceticismo feroz o desagrado quanto a crença religiosa.

Tudo muda quando começam a acontecer profanações na cidade, onde imagens sacras são profanadas com as inserções de falos e também de sangue e excrementos. Ao mesmo tempo, alguns fenômenos paranormais começam acontecer na casa de Chris e Regan. São ouvidos ruídos no sótão, roupas que somem de onde estavam guardadas e breves relatos de móveis se mexendo, atribuídos pela mãe ao fato da filha querer chamar atenção devido ao recente divórcio.

A vida de Chris, antes típica de uma estrela de cinema, se modifica ao a mesma notar a mudança drástica no comportamento da antes amável filha. Regan torna-se violenta, agressiva, e onde antes havia uma personalidade frágil e inocente, passa-se a notar uma personalidade forte e maliciosa. Xingamentos, palavrões, comportamentos esquivos e agressivos passam a ser comuns. Chris, preocupada com a filha, prontamente a leva aos melhores médicos do país que, sem sucesso, buscam uma explicação à mudança.

Após inúmeras idas e vindas à especialistas sem resultado, no momento de um acesso particularmente agressivo de Regan, Chris aos prantos chama a sua casa dois médicos para que a ajudassem a lidar com o novo ataque da filha. Os médicos atônitos observam um acesso em que Regan se move violentamente como se fosse jogada por mãos invisíveis para cima e para baixo, para depois proferir as agora comuns insinuações sexuais obscenas e explícitas aos médicos.

Desesperada, Chris decide pedir ajuda ao padre Damien Karras, que é o primeiro membro do clero a ver a situação de Regan. Cético, o padre Karras faz vários exames em Regan para se certificar se o que a garota sofria não era uma simples, porém devastadora, doença esquizóide. Após vários eventos em que Regan, agora tomando cavalares doses de sedativo, continua a demonstrar um comportamento que põe em risco sua integridade física e dos outros. Karras se convence que o ritual de exorcismo é necessário, mesmo que pela justificativa que: se o doente acredita, por meio da autosugestão, que está possuído por em espírito demoníaco, o ritual de exorcismo funcionaria como uma terapia de choque que se adaptaria a crença do paciente, e assim o curaria.

O calvário e a tensão na vida de Chris se sucedem sem piedade, enquanto o padre Karras busca justificativas científicas e teológicas para justificar o exorcismo em uma batalha silenciosa com a sua descrença para com a fé. Ao justificar, cientificamente e captar as justificativas necessárias, enfim é dada a aprovação para que o ritual de exorcismo seja executado. Mas, por outro lado não é permitido que o padre Karras o execute. Visto que para que o ritual seja executado com sucesso seria necessário um homem com experiência e que não tivesse “fé questionável”.

O homem escolhido sob vastas indicações, é o arqueólogo padre Merrin.

“À medida que Merrin prosseguia com a frase seguinte, Karras ouviu uma exclamação surda de Sharon atrás de si. Virando-se às pressas, viu-a contemplando a cama, estupefata. Atônito, voltou-se de novo. Ficou pasmo. A frente da cama estava levantando-se do chão.
Olhou, incrédulo. Dez centímetros,. Quinze. Trinta. E aí as pernas de trás também começaram a subir.
– Gott in Himmel! – murmurou Karl, apavorado.
Mas Karras não escutou nem viu quando ele se persignou, enquanto a parte posterior da cama se elevava ao mesmo nível da anterior. Não é possível! pensou, sem tirar os olhos, petrificado.
A cama oscilou mais uns trinta centímetros para cima e depois ficou pairando ali, balouçando e adernando suavemente como se tivesse flutuando num lago estagnado.
– Padre Karras?
Regan ondulando. Sibilando.
– Padre Karras?
Karras virou-se. O exorcista fitava-o serenamente. Indicou com a cabeça o exemplar do Ritual que Karras tinha nas mãos.
– A resposta, por favor, Damien.”

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MINHA OPINIÃO

O livro é muito bem escrito, visto que no momento em que você começa a ler, não consegue se desligar da trama até que veja ela resolvida. São utilizadas várias mini-tramas, que ao contrário do que se imagina, ajudam a tornar o enredo do livro ainda mais interessante. Apesar de no início não parecerem ter ligação, a partir da interação de personagens como o detetive William Kinderman, vemos descortinar relações íntimas entre os eventos de profanação, as escavações do padre Merrin e as alterações comportamentais de Regan.

Outro aspecto interessante é que o livro não é abordado pelo viés estritamente religioso, o que poderia vir a torna-lo um livro para poucos. A abordagem do livro é quase exclusivamente científica, com vastas explicações sobre patologias mentais e neurológicas, e por fim, análises psicológicas modernas sobre as perturbações de Regan. É muito interessante o viés da psicologia, por afirmar ainda mais a falta de fé descrença presente, tanto no padre Karras quanto no leitor, que aquilo é somente fantasia. De maneira sutil o escritor nos leva a questionar se os métodos científicos conquistados pela humanidade podem justificar eventos como os presenciados na casa de Chris e Regan, ou se há realmente algo que nos foge a compreensão.

Tirando o fato de que é um dos meus livros preferidos de todos os tempos, ele é um clássico da literatura de terror e dá medo sim. Nos sentimos envolver pelo calvário de Regan e nos surpreendemos com cada mudança violenta da Regan. O livro foi adaptado ao cinema pelo diretor Willian Friedkin no ano de 1973, e mesmo depois de tanto tempo, ainda é um dos filmes que considero mais assustadores. Um enredo atemporal, que mexe com as nossas convicções e nos convida a vivenciar algumas incertezas que, por conveniência, preferimos não visitar.

É também um dos filmes de terror mais rentáveis de todos os tempos, tendo faturado U$ 441.306.145,00 em todo o mundo.


BASEADO EM FATOS REAIS?

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Acredita-se que o livro tenha sido inspirado em um evento acontecido em 1949, onde um garoto de 14 anos chamado Robbie Mannheim passa a sofrer com uma suposta possessão. Filho único de um casal que professava a crença luterana, Robbie passava a maior parte do tempo em companhia de adultos. Sua companhia preferida era a tia Harriet, com a qual aprendeu a brincar com o tabuleiro “Ouija”. Através do tabuleiro os dois tentavam contatar parentes falecidos e essa virou a brincadeira preferida do garoto.

Após a morte inesperada da sua tia, Robbie se tornou obcecado pela tabuleiro, tentando através do mesmo contatar a tia recém falecida. Nesse momento os fenômenos paranormais passaram a acontecer. Começando com ruídos estranhos na casa e passando posteriormente para móveis que se moviam sozinhos, a família passou a testemunhar diversos graus de atividade Poltergeist.

Ao notar a mudança de comportamento do garoto, juntamente de comportamentos agressivos e inexplicáveis como móveis que flutuavam e a criança falar línguas que desconhecia, a família passou a buscar explicações científicas para a patologia. Ao não haver resposta positiva aos medicamentos e incerteza nos resultados dos exames, a família decide buscar auxílio da igreja anglicana. O exorcismo executado durou cerca de 2 meses e exigiu uma força tarefa de diversos padres. Padres esses que muitas vezes saíam feridos do contato com o garoto possivelmente possuído.

O evento de 1949, assim como muitos outros, é recebido com descrença pela contemporaneidade. Visto que diversas justificativas são dadas como a fonte dos transtornos do jovem ser em decorrência de enfermidades como Síndrome de Tourette, esquizofrenia, Automatismo, histeria coletiva e até abuso sexual… Até hoje a história, apesar de documentada em diversos jornais e documentários, permanece sem explicação.

O EXORCISTA

Autor: William Peter Blatty

Editora: Nova Fronteira

Ano de publicação: 1972

Nos Estados Unidos da América, algo muito estranho acontece. Atingida por uma doença que os melhores especialistas não conseguem descobrir, uma criança caminha para a morte, semeando a destruição à sua volta, ao mesmo tempo que se vai apagando numa agonia atroz.

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